Ciclotimia política de um grande evento de caráter popular. Por Cesar Maia

CICLOTIMIA POLÍTICA DE UM GRANDE EVENTO DE CARÁTER POPULAR! OLIMPÍADA-2016: UM CASO!

Por Cesar Maia

A terceira fase ocorre após o evento. Imediatamente, o governo procura alargar virtualmente o evento com fatos e declarações. A oposição retoma a crítica feita anterior ao evento.

1. Um grande evento de impacto popular como os casos da Copa do Mundo e da Olimpíada tem sempre 3 fases. E em cada uma delas -governo e oposição- oscilam, ganham e perdem.

2. Na primeira -anterior ao evento- a oposição destaca os pontos negatives ou polêmicos. Questiona se os recursos aplicados no evento, que tem caráter lúdico e atende muito mais as pessoas de maior renda, não seriam melhor aplicados em direção aos mais pobres. Questiona se houve superfaturamento nos gastos. Questiona se houve privilegio na seleção de fornecedores, etc.

3. Na segunda fase, durante o evento (e supondo um impacto positivo), como foram os casos da Copa do Mundo e da Olimpíada, o governo exponencia sua comunicação, sua publicidade e a sinergia com os meios de comunicação que absorvem a audiência ampliada com patrocínios.

4. A terceira fase ocorre após o evento. Imediatamente, o governo procura alargar virtualmente o evento com fatos e declarações. A oposição retoma a crítica feita anterior ao evento. Quanto mais o tempo passa, mais forte é a comunicação da oposição. Quanto mais curto o tempo, mais favorável ao governo.

5. Mesmo a eventualidade de fatos e desvios graves levantados, as comprovações não ocorrerão em curto prazo, em função do tempo necessário às investigações e auditorias.

6. No caso da Olimpíada 2016, com eleições quase coladas ao grande evento, a vantagem do governo é aparentemente maior. Por que aparentemente? Paradoxalmente, quando maior o impacto e a excitação popular durante o evento, maior será o risco, porque o momento seguinte será depressivo. Nas palavras de Carlos Drummond de Andrade: “E agora José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora José?”

7. Essa sensação ocorrendo, o desafio da comunicação do governo será enorme. Lembre-se que esses eventos envolvem diretamente talvez 20% dos eleitores e entre estes os que gostam de esporte -por exemplo- mas não do governo. E há os que se sentiram prejudicados pelo trânsito, pela suspensão de serviços públicos, etc. A audiência das novelas praticamente não mudou, um sinal que a colagem do evento foi maior nos setores de maior renda.

8. Neste ano 2016 de Olimpíada e eleições, ter um termômetro colado no humor da opinião pública pós-evento é fundamental para todos, numa espécie de tracking (pesquisa diária). Fundamental para o governo e fundamental para a oposição.

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Cesar Maia, do DEM/RJ, ex-prefeito do Rio de Janeiro.
blogdocesarmaia@gmail.com

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