Reconhecimento universal de um e volta feliz de outra? Por Josué Machado
RECONHECIMENTO UNIVERSAL DE UM
E VOLTA FELIZ DE OUTRA?
Por Josué Machado
Temer desistiu de impedir protestos contra ele na área das Olimpíadas, e agora fica a dúvida sobre se Dilma, se voltar, voltará nos braços do povo…
A polícia não mais poderá expulsar pessoas que protestem contra o governo nas áreas de disputa das Olimpíadas. Foi o que decidiu o juiz federal João Augusto Carneiro Araújo na segunda-feira, 8 de agosto, a pedido do Ministério Público. São proibidas apenas manifestações racistas ou xenófobas, acentuou o juiz. Caetano Veloso, por exemplo, exibiu um cartaz “Fora Temer” na noite da abertura dos jogos no Maracanã, mas não do palco.
Para o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, a polícia deveria continuar reprimindo protestos políticos contra o governo onde se disputam os jogos. Mas Temer, esperta ou sabiamente, impediu recurso dos subordinados contra a decisão do juiz de primeira instância, porque sabe que a Constituição autoriza tais manifestações, desde que pacíficas, em qualquer lugar do território nacional.
Se fossem proibidas, seria pior para o governo; permitidas, Michel Miguel Elias Temer Lulia poderá sentir certo orgulho (embora um tanto humilhado) de sua interina presidência, pois assim o mundo talvez reconheça na lente de aumento das Olimpíadas que a democracia brasileira respeita a diferença de opiniões. É o que ele espera orando ao bom Deus.
Serão manifestações impróprias, considerados o momento, o lugar e a ocasião? É possível.
… Talvez por isso, nas manifestações públicas desde o afastamento de Dilma, por enquanto provisório, não se viu um só cartaz, nem um pequenino, nem se ouviu um só “heroico brado retumbante” A FAVOR de Dilma, pela volta de Dilma…
Mesmo assim, a expulsão de pessoas com cartazes políticos contra Temer em áreas de disputas, como ocorreu nos dois primeiros dias, faria mais sentido e não causaria espanto só na Turquia de Erdogan, na Cuba dos irmãos Castro, na Venezuela de Maduro, na China de Xi Jinping, na Rússia de Putin, e em outros regimes sombrios em que impera certa legislação medieval, como o Irã dos aiatolás, a Arábia Saudita da família Al-Saud, o nebuloso Egito e assemelhados. Sem contar, claro, a Coreia do Norte do eriçado espantalho Kim Jong-un. (Ou dois, tanto faz.)
Alguém duvida?
NOS BRAÇOS DO POVO. TALVEZ.
A propósito do vaivém ou vai e vem dos protestos contra Temer nas Olimpíadas, sabemos todos que manifestações populares de natureza política ocorrem em geral CONTRA: contra pessoas que simbolizam algo, contra grupos, contra determinado estado de coisas — em geral estados de exceção.
Talvez por isso, nas manifestações públicas desde o afastamento de Dilma, por enquanto provisório, não se viu um só cartaz, nem um pequenino, nem se ouviu um só “heroico brado retumbante” A FAVOR de Dilma, pela volta de Dilma. Nenhum solitário “Volta Dilma!” ou “Fica Dilma!”. Nem unzinho. Nem mesmo nas reuniões do PT. Apenas o “Fora Temer!”.
Diante disso, a curiosidade: será que, se Dilma escapar nos próximos dias do impeachment no Senado dos celebrados, eméritos, eminentes, façanhudos, ilibados, ínclitos Renan, Jucá, Collor e Lobão — entre outros –, voltará para a glória do palácio planaltino, aclamada e nos braços do povo para continuar seu bom e competente governo?
Dúvida cruel.
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