Circulam no Congresso histórias ilustrativas sobre a natureza mais profunda do presidente em exercício da Câmara, Waldir Maranhão.
Waldir Maranhão, vice-presidente da Câmara dos Deputados
Maranhão, comovente representante do baixo clero, com seus cabelos e bigodes pintados, foi lá colocado pelo nunca menos do que admirável Eduardo Cunha, que elevou o exercício político no Brasil aos mais elevados píncaros.
Algumas das histórias maranhosas:
VIAGEM INÚTIL
Dizem que Waldir, ainda veterinário no Maranhão, casou-se, e mandou sua mulher novinha em folha para Buenos em viagem de lua-de-mel.
O ex-presidente e ex-governador e ex-senador e ex-deputado e ex-senador e ex-senador e ex-deputado e acadêmico José Sarney, então governador do Maranhão, já conhecia Waldir, e muito se espantou com a viagem da mulher dele – sozinha.
— Mas como, Waldir, não foste com tua mulher para a lua-de-mel!?
E Waldir, todo pimpão:
— Para quê? Eu já conheço Buenos Aires!
MASCOTE DE SORTE
No palácio do governo do Maranhão, Sarney mostra a Valdir belas araras em grandes gaiolas, algumas delas até falantes: “Queromeu! Queromeu! Queromeu!”
Waldir então conta que tem em casa um macaco capaz de jogar damas.
Sarney se espanta:
–Impossível! Ser-lhe-ía possível não fora ele um símio!!!
Waldir então explica:
— É possível, sim. E digo mais: em dez partidas, sou capaz de ganhar dele umas três ou quatro!
CORTESIA RUSSA
O governador Sarney e Waldir vão assistir ao balé russo Bolshoi em visita de boa vontade a São Luís no século passado. Depois de alguns minutos de “O Lago dos Cisnes”, Sarney adormece e logo desperta assustado. Sussurra então para Waldir:
— Será que alguém percebeu meu cochilo?
Waldir o assusta ainda mais:
— Creio que sim, governador…
— Como? Por quê?
Waldir:
— Porque as bailarinas estão dançando nas pontas dos pés.
BUSCA INFRUTÍFERA
Ainda no Maranhão, Waldir chega perto do filho, que pede auxílio para a lição de matemática:
— Papi, me ajude. Não estou conseguindo encontrar o mínimo múltiplo comum.
— Ué, meu filho! Ainda não encontraram isso? Mas já estavam procurando desde meus tempos de escola!
QUEM PROCURA ACHA
A secretária encontra Maranhão engatinhando na antessala de seu gabinete e ele explica que produra a chave.
Ela então se ajoelha também e o ajuda a procurar. Depois de algum tempo de busca infrutífera, ela pergunta:
— Mas onde exatamente caiu a chave?
— Lá dentro – ele responde.
— Então por que o senhor procura aqui fora?!
— Porque aqui está mais claro do que lá dentro!
INSÔNIA
— Como vai sua insônia agora com esse negócio de presidência? – pergunta a Maranhão o amigo Carlos Emílio, sofrido insone.
— Não sei, Carlinhos. Eu durmo a noite inteira.
FRANÇA, EUROPA E SUÍÇA
Eduardo Cunha, que passeou com a a filha e a mulher de olhos esgazeados por Suíça, França, Europa, Suíça, Europa Suíça, Israel e Suíça, onde não tem dinheiro, pergunta a Maranhão, que visitou Paris a trabalho (Sim, a trabalho):
— E então, Waldir, você teve alguma dificuldade com seus conhecimentos de francês?
— Eu não, mas os franceses, sim.
SÓ NOVIDADES
Cansado das sessões da Câmara, Maranhão chega ao apartamento funcional, do qual não paga aluguel nem impostos nem energia nem água nem telefone nem condomínio nem manutenção, nem geladeiras, nem fogão, nem móveis, nem televisão, nem empregados, senta-se na poltrona, que não comprou, tira os sapatos e pede à mulher que lhe traga os jornais, que não comprou. Ela não os encontra, e ele se lembra:
— Ah, agora me lembro de que botei todos na geladeira de fora.
Josué Rodrigues Silva Machado, jornalista, autor de “Manual da Falta de Estilo”, Best Seller, SP, 1995; e “Língua sem Vergonha”, Civilização Brasileira, RJ, 2011, livros de avaliação crítica e análise bem-humorada de textos torturados de jornais, revistas, TV, rádio e publicidade.
