O clima estabelecido no país, no qual as divergências de pensamento tornam as pessoas inimigas, tem embotado a capacidade de entender o que se diz. Ontem (30), o ministro Marco Aurélio de Mello (STF) deu uma entrevista em que usou o tempo todo o que um cunhado chamava de “partícula de raspão”, ou seja, “se”. Entre outras coisas, disse: “Se não houver fato jurídico, o processo transparece como golpe”. O texto completo pode ser lido na pág. A4 d’O Estado de S. Paulo (31). Em nenhum momento ele disse que há ou não há fato jurídico. É lamentável que tudo seja lido e entendido com vezo.
Lembrete: os responsáveis pela quartelada de 1964 insistem que ela ocorreu no dia 31 de março, mas é mentira, foi no dia 1º de abril, o dia dela. E, a menos que tenha escapado, não vi menção à data em nenhum jornal.
Por falar em mentira, um “grupo” tão grande como o dos políticos é o que percebo voltemeia quando jogadores de futebol falam “o grupo”.
É dos textos mais sensatos que li a respeito do momento que vivemos, “O sorriso do caranguejo”, pág. 2 d’O Estado de S. Paulo (31).
(CACALO KFOURI)
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No Estadão
Mais de 30% do FI-FGTS estão em empresas da Lava Jato
Obs.: – Dinheiro do trabalhador. Foi assim que começou a quebra do INSS.
Reprovação de Dilma é de 82%, diz Ibope
Pelo quarto trimestre consecutivo, indicadores de popularidade da petista ficam no menor nível da série; governo é ruim ou péssimo para 70%
Obs.: – Tudo coxinha influenciado pela mídia golpista!
Gol tem prejuízo de R$ 4,3 bilhões em 2015, quatro vezes maior que em 2014
Obs.: – Cuidado, a continuar assim o nome terá de mudar para Trave.
Lava Jato diz que troca de governo não muda nada
“Aqui temos um ponto positivo que os governos investigados do PT têm a seu favor. Boa parte da independência atual do Ministério Público, da capacidade técnica da Polícia Federal decorre de uma não intervenção do poder político, fato que tem que ser reconhecido.Os governos anteriores realmente mantinham o controle das instituições, mas esperamos que isso esteja superado”, disse em um recado a governantes em um cenário pós-Dilma.
Obs.: – E, agora, José? O procurador será acusado nas redes (antis)sociais de petralha?
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No Estadão
Homem faz juíza refém e ameaça queimá-la
Um homem fez uma juíza refém e ameaçou atear fogo no(XXX)(ao) corpo
Na Folha
Homem invade fórum e faz juíza refém
(…), o homem aparentava ter distúrbios psiquiátricos e tentou atear fogo na(XXX)(à) juíza
No iG
Homem ameaça atear fogo em(XXX)(a)(*) juíza ao mantê-la refém em fórum de São Paulo
Na Band.com
Um homem invadiu um fórum no Butantã com a intenção de ameaçar uma juíza, tentando atear fogo nela(XXX)(a ela)(*) e no (XXX)(ao)(*) local.
(*) Eta lasqueira, todos erraram! Por que não usam o bom e simples pôr fogo? Evitaria o erro cometido por 90% dos que usam atear. Se, aos menos, não tivessem preguiça de abrir um dicionário...
atear [De a-2 + teia2 + -ar2.] Verbo transitivo direto. 1. Soprar, avivar, fazer lavrar (o fogo). 2. Excitar, provocar, fomentar (a discórdia, a guerra, as paixões, etc.). 3. Estimular; avivar.
Verbo transitivo direto e indireto. 4. Lançar, pôr, atacar, tocar (fogo): O suicida ateou fogo às vestes.
O suspeito(???) teria ateado fogo em(XXX)(a)uma área do local.
De acordo com a Polícia Militar, o agressor invadiu o local correndo, com diversas mochilas e foi perseguido por seguranças.
O agressor manteve ainda outros funcionários reféns e obrigou a juíza a gravar um vídeo dizendo que ele era inocente.
A PM conseguiu pegar o isqueiro que estava com o rapaz, que foi socorrido(XXX)(levado) para um hospital da região
Obs.: – Socorrido para???
(…). O agressor dava tapas e apertava o pescoço da juíza. “Eu acho que ele não a matou porque não teve oportunidade”, afirmou a testemunha. De acordo com a testemunha, o suspeito(???) chegou a dizer que morreria, Os policiais encontraram (coqueteis molotov)(coquetéis-molotovs)
(…), o Fórum do Butantã foi esvaziado e as atividades desta quarta-feira foram cancelas(canceladas)
(???) Suspeito? “Suspeito” – tenho certeza! – que quem escreveu o texto não sabe o que é suspeito. Ao longo do texto o Fulano é chamado de agressor, há declaração da PM, de testemunhas e é suspeito??? Se esse texto fosse prova do Enem o autor teria tirado zero.
Ação foi articulada por ministro da Justiça
Até o momento, segundo o ministro, o País já (XXX)(*) recebeu cerca de 2,2 mil refugiados sírios e possui (XXX(tem) um visto específico para entrada do grupo.
(*) Até o momento já? Olha só o que está no Aurélio sobre “já”:
[Do lat. jam.] Advérbio. 1. Neste momento; agora: Já chegam os convivas, já principia a festa;
“Anoiteceu. O passarinho já não canta.” (Carlos Lacerda, A Casa do Meu Avô, p. 13). 2. Sem demora, sem detença; agora mesmo; logo, imediatamente:
“Aqui vos trago provisões: tomai-as, / As vossas forças restaurai perdidas, / E a caminho, e já!” (Gonçalves Dias, Obras Poéticas, II, p. 27.) 3. Nesse tempo; então.
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No G1
Caso Beatriz: Chaves desaparecidas podem ter sido usadas no dia do crime
(…), possivelmente utilizadas pelos suspeitos para abrir portões como rota de entrada e fuga no dia crime, foram robadas(XXX)(roubadas)(*) do colégio 10 dias antes do homicídio.
Antes de desaparecer, as chaves teriam passado por um segurança e dois assistentes diciplinares(XXX)(disciplinares)(*).
(*) Além das chaves, levaram um “u” e um “s”…
Segundo informações da polícia, o colégio possui (XXXXX)(TEM) uma área de 20 mil metros quadrados
Para chegar a(à) conclusão de que
A tese de que o crime foi premeditado e de que os suspeitos (???) conheciam o local do crime
(???) Que suspeitos se ninguém ainda foi preso?
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Na Folha
Órgão apoia médica que negou consulta a petista
Pediatra do RS parou de atender bebê de filiada ao partido por ‘acontecimentos’ do país
O presidente do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Sul, Paulo de Argollo, defendeu uma pediatra que parou de atender um bebê, que tratava havia cerca de um ano, porque a mãe é petista. O código de ética da categoria, diz ele,prevê que o profissional deixe de prestar serviços que contrariem “os ditames de sua consciência”.
Obs.: – Pelo que se pode perceber, não existe palavra mais desmoralizada no país que ética. É no Congresso, é na cabeça de uma médica e, pior, na do presidente de um sindicato da categoria. Quem fez a reportagem, infelizmente, não alcançou o tamanho do despautério, o presidente do Conselho Federal de Medicina deveria ter sido entrevistado.