Enfim, tecnologia na Fifa. Coluna Mário Marinho
Enfim, tecnologia na Fifa
Finalmente a Fifa deu um passo, enorme passo, em direção à modernidade.
Em congresso realizado no último sábado, em Cardiff, na Escócia, o International Board (ou International Football Association Board) resolveu mexer nas regras do futebol. E, mais do que isso, admitir o uso de vídeo para ajudar nas decisões do juiz.
A primeira regra que sofreu alteração é a número oito que trata do início do jogo.
Antes da alteração, o chute inicial do jogo (ou de reinício após um gol) só podia ser dado para a frente. Agora, com a nova redação, pode ser dado em qualquer direção (essa regra entrará em vigor no dia 1º de junho).
A bem da verdade, vejo pouca importância nessa modificação.
Mas resolvi falar com quem entende mesmo do assunto. Assim, fui procurar o ex-árbitro Roberto Perassi, formado como árbitro pela Federação Paulista em 1984 e que atuou até o ano 2000. Hoje ele é membro da Comissão de Arbitragem da Federação e Instrutor de Arbitragem habilitado pela Fifa.
Perassi me diz que é necessário esperar que a modificação seja colocada em prática.
– É possível, acredita ele, que haja alguma eficácia tática, que dê possibilidade a alguma jogada ensaiada.
Outra modificação diz respeito ao atendimento, em campo, de um jogador lesionado. Atualmente, se necessitar de atendimento médico, deverá sair de campo e só voltará quando autorizado pelo juiz.
Com a modificação, se o jogador que provocou a falta receber cartão amarelo ou vermelho, o jogador lesionado será atendido em campo mesmo. Assim, quem fez a falta não vai ser beneficiado por ficar com um jogador a mais enquanto o atingido espera a ordem do juiz para voltar.
Também que precisa de algum tempo, segundo Perassi, é a questão da chamada “tríplice punição”.
– Ela ocorre, diz Perassi, quando um jogador comete falta dentro da área. O juiz apita o pênalti e dá cartão para o adversário, que pode ser amarelo ou vermelho. Alguns entendem que há aí uma punição tripla: o pênalti, o cartão e a expulsão do jogador. Modificar essa situação ainda vai levar algum tempo de estudos. Afinal, uma situação clara de gol exige essa punição.
O mais importante, porém, será o uso do vídeo como auxiliar do juiz.
– É um avanço, um grande avanço, comemora Roberto Perassi. Há alguns anos, causava urticária na Fifa a simples palavra tecnologia. Mas o futebol evoluiu muito e a Fifa procura, agora, entrar nesse mundo moderno.
Durante os próximos dois anos, a partir de 1º de junho, haverá um novo personagem à beira do gramado: o Assistente de Vídeo.
Esse assistente acompanhará o jogo num aparelho que lhe permita gravar as imagens e voltar lances.
O juiz poderá recorrer a ele sempre que tiver alguma dúvida quanto a um lance ou quanto a jogadores envolvidos ou se a bola entrou ou não.
– A Fifa nunca aceitou o uso de tecnologias, pois sempre quis deixar o árbitro como soberano em campo: toda decisão compete a ele. E o vídeo vai ser apenas um auxiliar. Se ele estiver em dúvida se o jogador foi derrubado entro ou fora da área, vai recorrer ao auxiliar de vídeo. No caso de uma confusão, se estiver em dúvida sobre o jogador ou jogadores a sem punidos, também recorrerá ao vídeo.
Isso vai impedir, por exemplo, o erro grosseiro cometido pelo juiz Flávio Rodrigues no dia 20 de setembro de 2015, jogo Corinthians e Santos, quando expulsou o zagueiro David Braz e na verdade quem deveria ter sido expulso foi o zagueiro Zeca que cometeu o pênalti.
Enfim, a Fifa avançou. E não está em impedimento.
O herói
e o talentoso
Lucas Lima
O talento do Lucas Lima e o faro de gol do Ricardo Oliveira levaram o Santos à vitória na Vila Belmiro sobre o Corinthians.
É verdade que o time dirigido por Tite estava remendado já que ele deixou de fora os principais titulares, poupando-os para o jogo desta quarta-feira pela libertadores.
No que, aliás, fez muito bem pois o Timão está bem colocado no Paulistão.
Lucas Lima é o melhor jogador do futebol brasileiro neste momento. A visão de jogo dele e a facilidade para a execução das jogadas são simplesmente fenomenais.
O primeiro gol do Santos, nasceu assim, de um olhar de relance: Lucas Lima recebeu de Renato e antes mesmo de tocar na bola deu aquela rápida olhadinha e viu seu companheiro entrando lá do outro lado do gramado, na ponta esquerda. O cruzamento foi preciso e contou com a ajuda do goleirão Cássio que espalmou a bola para dentro, bem na direção de Ricardo Oliveira que não perdoa.
O segundo gol saiu de jogada individual de Ricardo Oliveira. E quem apostou que ele iria jogar de má vontade por não ter sido negociado com o Futebol chinês, se deu mal.
Eis que ele disse depois do jogo:
-O Santos me paga para jogar Futebol. E é isso que eu faço e sei fazer.
Verdão
em paz
A vitória sobre o Capivariano era previsível e foi fácil.
Melhor: aconteceu no momento exato.
Depois da sofrida vitória contra o Rosário, nada como uma molezinha para dar moral ao time e à torcida para a pedreira que vai enfrentar pela frente na Libertadores.
O Palmeiras é um mistério que o técnico Marcelo Oliveira parece não ter desvendado ainda. Alterna bons e maus jogos ou boas e péssimas atuações dentro de um mesmo jogo, como foi contra o Rosário: um excelente primeiro tempo e um péssimo segundo tempo.
Talvez o problema seja a falta de Cleiton Xavier no meio campo. Neste domingo, ele completou 200 dias sem jogar.
São Paulo
Em turbulência
Parecia tudo bem no sábado.
O adversário era o São Bernardo, com a pior campanha do Grupo A, o Grupo do São Paulo: em 14 jogos, 7 derrotas, 3 empates e apenas 4 vitórias.
O chamado mamão com açúcar para embalar o Tricolor que joga na quinta-feira contra o River Plate em Buenos Aires.
Ganso comemorava o seu jogo número 200, recebeu homenagens e retribuiu da melhor maneira possível, com um golaço.
Ia tudo bem.
Só que o São Bernardo resolveu dar o ar da graça, virou o jogo e venceu por 3 a 1.
O que aconteceu? Eis o diagnóstico apresentado pelo goleiro Denis.
– O time do São Paulo tem que mudar a postura. Os jogadores precisam olhar nos olhos uns dos outros, precisam se ajudar.
Novo dito
Você certamente já ouviu aquele ditado que fala em lágrimas de crocodilo quando quer se referir a alguma atitude falsa, pois, agora, tem mais uma: lágrimas de jararaca.
___________
Mario Marinho – É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, nas rádios 9 de Julho, Atual e Capital. Foi duas vezes presidente da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo). Também é escritor. Tem publicados Velórios Inusitados e O Padre e a Partilha, além de participação em livros do setor esportivo
A COLUNA MÁRIO MARINHO É PUBLICADA TODAS AS SEGUNDAS E QUINTAS AQUI NO CHUMBO GORDO.
… e sempre que tiver alguma novidade