Brasil foi o pior do mundo na gestão da pandemia*
BRASIL: “País respondeu por 10% dos óbitos de vítimas de coronavírus no planeta.”
Por Paulo Renato Coelho Netto
Pesquisa desenvolvida pelo Institute Lowy, em Sidney, Austrália, que analisou a resposta à crise em 98 países, colocou o Brasil em último lugar da lista, com mais de 220 mil mortes confirmadas, além de provável subnotificação de casos. Desde o início da pandemia, de acordo com levantamento, o país minimizou os perigos e ignorou abertamente as recomendações da Organização Mundial da Saúde. O estudo foi publicado no dia 27 de janeiro de 2021.
Para avaliar o desempenho relativo das nações em diferentes pontos da pandemia, o Institute Lowy rastreou seis medidas da covid-19 para as quais havia dados disponíveis. As médias móveis de catorze dias de novos números diários foram calculadas para os seguintes indicadores: casos confirmados; mortes confirmadas; casos confirmados por milhão de pessoas; mortes confirmadas por milhão de pessoas e casos confirmados como proporção de testes.
O período examinado abrange as 36 semanas que se seguiram ao 100º caso confirmado de covid-19 de cada país, usando dados disponíveis até 9 de janeiro de 2021.
Uma média desses indicadores foi calculada para países individuais em cada período e normalizada para produzir uma pontuação de zero (pior desempenho) a 100 (melhor desempenho). Coletivamente, esses indicadores apontam para quão bem ou mal os países administraram a pandemia nas 36 semanas que se seguiram ao 100º caso confirmado de covid-19.
A avaliação da gestão da pandemia pelo governo brasileiro como a pior do mundo teve nota de 4.3. Ficamos abaixo de países como México (6.5), Colômbia (7.7), Bolívia (18,9), Irã (15.9), Índia (24.3), Iraque (25.4) República Dominicana (23.8), Guatemala (22.6), Chile (22.0), Ucrânia (20.7) e os Estados Unidos (17.3), entre outros.
A Nova Zelândia aparece em primeiro lugar do ranking, com 94.4, seguida do Vietnã (90.8), Taiwan (86.4), Tailândia (84.2), Chipre (83.3) e Ruanda (80.8).
Até 27 de janeiro de 2021, o mundo havia registrado mais de 100 milhões de casos de covid-19, ultrapassando 2,2 milhões de mortes. O Brasil, sozinho, respondia por 10% dos óbitos de vítimas de coronavírus no planeta. O segundo em número de mortes, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.
De acordo com a pesquisa, embora o surto tenha começado na China, os países da Ásia-Pacífico, em média, foram os mais bem-sucedidos em conter a pandemia. Em contraste, a rápida disseminação da covid-19, ao longo das principais artérias da globalização, dominou rapidamente a Europa e, depois, os Estados Unidos.
No entanto, segundo o Institute Lowy, a Europa também registrou a maior melhoria, ao longo do tempo, que qualquer região − com a maioria dos países em um ponto excedendo o desempenho médio dos países da Ásia-Pacífico −, antes de sucumbir a uma segunda onda, mais severa, da pandemia, nos meses finais de 2020.
Bloqueios em todo o continente europeu, altamente integrado, suprimiram com sucesso a primeira onda, mas mais fronteiras abertas deixaram os países vulneráveis a novos surtos em países vizinhos.
Enquanto isso, a propagação da pandemia apenas se acelerou em grande parte das Américas (Norte e Sul), tornando-o o continente mais afetado globalmente. Muitos países no Oriente Médio e na África conseguiram deter o progresso inicial da pandemia com medidas preventivas robustas. A situação regional acabou piorando, antes de se estabilizar novamente no segundo semestre de 2020.
As ferramentas para conter a disseminação da covid-19 (pedidos para ficar em casa, bloqueios e fechamento de fronteiras) são comuns na maioria dos países. Mas a forma como os governos convenceram ou obrigaram seus cidadãos a aderir a essas medidas geralmente refletia a natureza de seus sistemas políticos.
Apesar das diferenças iniciais, conforme aponta o Institute Lowy, o desempenho de todos os tipos de regime no manejo do coronavírus convergiu com o tempo. Em média, os países com modelos autoritários não tiveram nenhuma vantagem prolongada na supressão do vírus. De fato, apesar de um início difícil e de algumas exceções notáveis, incluindo os Estados Unidos e o Reino Unido, as democracias tiveram um sucesso maior do que outras formas de governo no tratamento da pandemia durante o período examinado. Em contraste, muitos regimes híbridos, como a Ucrânia e a Bolívia, pareceram menos capazes de enfrentar o desafio.
*Do livro "2020 O Ano Que Não Existiu – A pandemia de verde e amarelo"
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Paulo Renato Coelho Netto – é jornalista, pós-graduado em Marketing. Tem reportagens publicadas nas Revistas Piauí, Época e Veja digital; nos sites UOL/Piauí/Folha de S.Paulo, O GLOBO, CLAUDIA/Abril, Observatório da Imprensa e VICE Brasil. Foi repórter nos jornais Gazeta Mercantil e Diário do Grande ABC. É autor de sete livros, entre os quais biografias e “2020 O Ano Que Não Existiu – A Pandemia de verde e amarelo”. Vive em Campo Grande.