antissemitismo

Antissemitismo. Por Meraldo Zisman

 ANTISSEMITISMO: O PRECONCEITO QUE PERDURA NO TEMPO

Antissemitismo

Preconceito é um julgamento prévio, injusto e fundamentado em estereótipos, gerando discriminação contra pessoas ou grupos. Dentre todas as formas de preconceito, o antissemitismo é a mais antiga e persistente. Apesar das mudanças ao longo das eras, o ódio aos judeus se reinventa, encontra novas justificativas e perpetua-se.

Atualmente, ele está presente nas narrativas relacionadas à guerra no Oriente Médio, reforçando estereótipos e perpetuando injustiças. Israel, frequentemente no centro dessas narrativas, é erroneamente descrito como uma “compensação” pelo Holocausto, genocídio que exterminou seis milhões de judeus sob o regime nazista. Essa visão ignora a profundidade histórica do vínculo judaico com a terra de Israel.

A fundação de Israel em 1948 não foi um “ato de pena” da humanidade, mas a concretização de um desejo ancestral, presente em textos bíblicos e nas orações judaicas por mais de dois milênios. Desde a destruição do Templo de Jerusalém, em 70 d.C., os judeus mantiveram uma ligação espiritual e cultural com sua terra, mesmo vivendo em diáspora. O movimento sionista, surgido no século XIX como resposta às crescentes perseguições, formalizou esse anseio histórico. Décadas antes do Holocausto, a Declaração de Balfour, em 1917, já reconhecia a necessidade de um lar nacional para os judeus. A partilha da Palestina, proposta pela ONU em 1947, foi uma decisão legitimada por convenções internacionais, e não um ato de reparação. Ignorar esses fatos históricos perpetua falsos discursos, alimentando o antissemitismo.

Nos conflitos no Oriente Médio, a cobertura midiática frequentemente retrata os judeus como vilões, desconsiderando contextos. O ataque do Hamas a civis israelenses em 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de homens, mulheres e crianças, é um exemplo. A resposta de Israel, por vezes desproporcionalmente destacada e descontextualizada, contrasta com a minimização das ações do Hamas.

Esse viés não é novo: na Idade Média, judeus foram acusados de envenenar poços; no século XX, culpados por crises econômicas; hoje, são responsabilizados pelo conflito em Gaza e pela instabilidade no Oriente Médio. Essa distorção histórica reforça a ideia de que os judeus seriam culpados por suas próprias tragédias, perpetuando preconceitos perigosos. A mídia, ao negligenciar a complexidade dos conflitos e ao aplicar padrões duplos, contribui para a desumanização do povo judeu e alimenta o ódio global, resultando em ataques às comunidades judaicas ao redor do mundo.

O antissemitismo, sob o pretexto de críticas a Israel, segue desumanizando os judeus, reduzindo-os a caricaturas e negando-lhes o direito à empatia e ao reconhecimento de sua história e resiliência. Não há lógica que sustente esse preconceito: ele se alimenta da ignorância, da irracionalidade e do ódio.

Combater o antissemitismo exige mais do que combater a desinformação. É preciso enfrentar narrativas que deslegitimam a história e os direitos do povo judeu. Israel não é um “erro da história”. É um símbolo da sobrevivência e da força de um povo que resistiu às maiores adversidades. A verdade histórica e a defesa da justiça devem prevalecer, para que o antissemitismo não continue a escrever capítulos sombrios em nossa história comum.

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Meraldo Zisman Médico, psicoterapeuta. É um dos maiores e pioneiros neonatologistas brasileiros. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha). Vive no Recife (PE). Imortal, pela Academia Recifense de Letras, da Cadeira de número 20, cujo patrono é o escritor Alvaro Ferraz.

Relançou – “Nordeste Pigmeu”. Pela Amazon: paradoxum.org/nordestepigmeu

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