Emoção até o fim. Blog Mário Marinho
Para coroar um Campeonato Brasileiro disputado ponto a ponto, com indefinições o tempo todo, o Brasileirão só será definido em sua última rodada.
Como já defendia Dom Afonso VI de Castela e Leão, em tempos de antanho, o Brasileirão é o campeonato nacional com maior dificuldade para se chegar ao título neste vasto mundo do futebol.
Diferentemente do que acontece com outros campeonatos mais ricos e ou mais badalados, o Brasileirão começa com pelo menos dez times com possibilidades reais de chegar ao título.
Nesses outros países, a disputa real está sempre entre três, no máximo quatro times.
Entre nós, os dez primeiros colocados disputam o título desde sua primeira rodada.
Depois dos jogos da noite de quarta-feira, sobraram Botafogo e Palmeiras na disputa pelo título.
Mas ainda há disputa por vaga na Libertadores, na Sul-Americana e times ainda lutando para escapar do rebaixamento.
Neste domingo – todos os jogos começarão às 16 horas -, as atenções estarão voltadas para Botafogo e São Paulo, no Rio, e Palmeiras e Fluminense, em São Paulo.
A lógica desta longa caminhada ofereceu ao Botafogo, melhor time da competição, a vantagem de jogar pelo empate.
O Palmeiras, que chegou a liderar o Brasileirão, precisa vencer o Fluminense, mas só isso não basta: torce para derrota do time de Garrincha e Nilton Santos.
Claro que o Fogão, com o time elétrico e ofensivo que tem, não jogará pelo empate.
E deverá vencer o jogo.
Não, amigo, não vencerá porque tem mutreta ou perseguição contra o Palmeiras. Vencerá porque é melhor que o Tricolor paulista que jogará sem grande motivação, já que seu objetivo de entrar na Libertadores já está alcançado.
Então, o Palmeiras já pode jogar a toalha?
Não, nada disso.
Dom Afonso de Castela e Leão sempre defendeu que o futebol tem lógica. Mas, ele disse também que, às vezes, a lógica está de folga ou, brincalhona como é, costuma não comparecer.
Assim, o Verdão tem que entrar em campo para ganhar. Aliás, o que sabe fazer muito bem.
Mostrou isso nesta quarta-feira, ao enfrentar o Cruzeiro no Mineirão com o silêncio sepulcral dos portões fechados ao torcedor.
Sepulcral e nada inteligente.
O Verdão dominou todo o primeiro tempo e só não chegou a marcar muitos gols graças à atuação do goleiro Cássio, que lembrou os grandes jogos em que garantiu bons resultados para o Corinthians.
O jogo foi até quase ao seu final empatado, 1 a 1, resultado que dava o título antecipado ao Botafogo que vencia o Inter, em Porto Alegre.
Até que aos 44 minutos de jogo, houve uma falta contra o Cruzeiro nas imediações da grande área.
Estêvão (foto acima), menino de 17 anos que fez seu primeiro jogo profissional há exatamente um ano, defendendo o Cruzeiro, se colocou para a cobrança.
Do outro lado da barreira, o grandalhão Cássio que disputava até aquele momento a indicação de Craque do Jogo exatamente com o garoto Estêvão.
Com a habilidade que Deus lhe deu, e seu abençoado pé esquerdo, ele bateu na bola para encobrir a barreira e chegar do outro lado sem possibilidade de defesa para o competente Cássio.
Foi o gol da vitória do Verdão.
Foi o gol que decretou o fim da festa antecipada que faziam torcedores do Fogão em Porto Alegre e em todo o Brasil.
E, assim, como dizia Dom Afonso de Castela e Leão, o Campeonato só acaba quando termina.
O incrível
Corinthians
Lá pelo meio do Brasileirão, os corintianos sofriam a cada jogo, quase sempre derrota, sentindo de perto, cada vez mais, a ameaça da Zona de Rebaixamento.
Mas, eis que chegou o holandês Menphis dePay e as coisas começaram a mudar.
De repente o time começou a jogar bem.
Garro passou a se mostrar competente e criativo como devem ser aqueles que carregam a Camisa 10.
Yuri Alberto, sempre raçudo, mas que perdia muitas chances, passou, não só a acertar a meta adversária, como também a participar mais do jogo em si. Hoje, com 14 gols, é o artilheiro do Corinthians e um dos artilheiros do Brasileirão, o outro é Alerrandro, do Vitória, ambos com 14 gols.
O Timão soma sete partidas seguidas sem perder. É uma façanha e tanto.
Saiu da Zona de Rebaixamento para se classificar para a Libertadores do ano que vem.
Além disso, sua torcida ganhou um novo ídolo, Menphis.
E todo torcedor precisa de um ídolo para chamar de seu.
Veja os gols da quarta-feira:
https://youtu.be/dZnJngNQhsU?si=kOqr-zg6XZ4ZydA0
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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)
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