A perda de Antonio Cícero. Por Arnaldo Niskier
… o carioca Cicero cresceu em ambiente intelectual, morou nos Estados Unidos com a família e descobriu a poesia ainda na infância, com a leitura do poema I-Juca Pirama, de Gonçalves Dias…
Certamente, vamos sentir a falta do nosso poeta, filósofo e escritor Antonio Cicero. Estávamos acostumados com a sua presença silenciosa, no entanto marcante, não apenas no chá das quintas-feiras, mas também nas sessões plenárias da ABL. De poucos discursos, nunca deixou de estar entre nós, usufruindo da vida acadêmica. Foi fundamental na vida profissional da sua irmã – a cantora Marina Lima – pois produziu muitas músicas de excelente qualidade, com letras de magnífica inspiração, como “O Último romântico”, “À francesa” e “Fullgás”. Até por isso será sempre lembrado. Tem mais de 300 músicas registradas.
Ciente da sua doença incurável, tomou a deliberação extrema de abreviar o fim da vida, aos 79 anos. Uma atitude, sem dúvida, corajosa.
Filho do economista Evaldo Correia Lima, um dos fundadores do Instituto Superior de Estudos Brasileiros, o carioca Cicero cresceu em ambiente intelectual, morou nos Estados Unidos com a família e descobriu a poesia ainda na infância, com a leitura do poema I-Juca Pirama, de Gonçalves Dias.
Formou-se em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Fez pós-graduação na Georgetown University, nos Estados Unidos, em 1976. Lá, estudou grego e latim, o que lhe permitiu ler, no original, clássicos como Homero, Píndaro, Horácio e Ovídio. Tempos depois, deu aulas de Filosofia e Lógica em universidades do Rio.
Dividido entre a filosofia e a poesia, o poeta embarcou na música popular quando sua irmã Marina, dez anos mais moça, musicou seu poema “Alma calada”, gravado por Maria Bethânia, em 1976.Desse momento em diante, passou a escrever, além de poemas para serem lidos, letras para serem cantadas.
Autor dos livros com ensaios filosóficos “O mundo desde o fim” (1995), “Finalidades sem Fim”(2005) e “Poesia e filosofia” (2012) e dos volumes de poemas “Guardar” (1996). “A cidade e os livros” (2002), “Livro de sombras: pintura, cinema, poesia” (2010) e “Porventura” (2012), Antonio Cicero foi o sétimo ocupante da cadeira nº 27 da ABL, eleito em agosto de 2017, na sucessão de Eduardo Portella.
Lembraremos sempre de sua figura doce e respeitável.
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Arnaldo Niskier – Imortal. Sétimo ocupante da Cadeira nº 18 da Academia Brasileira de Letras. Professor, escritor, filósofo, historiador e pedagogo. Licenciado em Matemática e Pedagogia pela UERJ. Professor aposentado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Foi presidente da Academia Brasileira de Letras e secretário estadual de Ciência e Tecnologia e de Educação e Cultura do Rio de Janeiro. Presidente Emérito do CIEE/RJ. Honoris Causa da Universidade Santa Úrsula.