HEBE CAMARGO - PAVOR DE CHICLETE

Hebe Camargo e o pavor de chiclete. Por Paulo Renato Coelho Netto

… É reconfortante encontrar em outras pessoas pensamentos iguais aos meus que me faziam calar para não soar estranho. A Hebe Camargo fez isso por mim ao declarar que tinha pavor de quem mascasse chiclete perto dela….

CHICLETE HEBE CAMARGO

É reconfortante encontrar em outras pessoas pensamentos iguais aos meus que me faziam calar para não soar estranho.

A Hebe Camargo fez isso por mim ao declarar que tinha pavor de quem mascasse chiclete perto dela. Usou esta palavra: pavor. Pedia para jogar fora ou sair de perto.

Asco, no meu caso. Ao ponto de mudar de fila se o caixa do supermercado estiver ruminando.

Igualmente quando precisava ir a bancos. Se existissem apenas dois atendentes e um estivesse mascando chiclete, mesmo que fosse a minha vez, deixava o que viesse depois de mim passar para ir ao caixa do não ruminante.

Quem trabalha com atendimento e masca chiclete deveria ser demitido por justa causa por falta de respeito ao cliente.

Até o nome, goma de mascar, não soa bem.

O consumidor de chiclete acredita que tudo que estiver ao seu redor é a lixeira perfeita para o que restou daquela borracha. A parte inferior da cadeira, calçadas, pisos de elevador, garagem, escadas, braço de poltronas no cinema, pátio de escolas, plataformas de embarque, enfim, onde a imaginação chegar, haverá uma goma mascada pronta para grudar no calçado de alguém.chiclete mascado

Há alguns anos, o Metrô de São Paulo fez uma campanha educativa pedindo para que usuários jogassem o chiclete no lixo após o consumo.

Recolheram com espátulas as gomas encontradas no chão das plataformas e áreas internas apenas durante um mês.

A pilha enorme foi colocada na Estação da Sé para que vissem o resultado de embrulhar o estômago de avestruz.

Se surtiu efeito como o esperado, não sei.

Pequenos gestos podem mudar o mundo. O fumante faz o mesmo. O planeta é o seu cinzeiro.

Há poucos dias, o ex-jogador Zico declarou que dificilmente voltaremos a torcer pela Seleção Brasileira de Futebol como fazíamos de forma apaixonada. Acabou.

Para ele, a seleção não se conecta mais com o povo como em outras épocas.

Sua tese é a de que a maioria dos jogadores da seleção atual não joga mais no Brasil, o que colabora para a falta de identidade dos torcedores.

Penso o mesmo, com uma pequena diferença. A seleção acabou no dia que certos jogadores resolveram levar cabeleireiros para campeonatos mundiais.

Tudo bem, cada um na sua.

Não consigo imaginar o Garrincha levando um cabeleireiro para a Copa do Mundo, com todo respeito pela profissão tão digna quanto a dos jogadores.

Também não consigo pensar no Pelé levando alguém para cuidar do cabelo na Copa do Mundo, ou Félix, ou Carlos Alberto, ou Brito, ou Piazza, ou Everaldo, ou Clodoaldo, ou Gérson, ou Jairzinho ou Tostão, ou Rivelino.

Eles levavam raça e talento que faziam da camisa amarela a mais temida dos mundiais.

Atualmente, a Seleção Brasileira de Futebol vive do passado e luta para se classificar para os mundiais. Pelo menos, para quem ainda assiste, temos algo bom para nos lembrar que não cause aversão como chicletes e terraplanistas.

CHICLETES

___________________________________________________

Instagram: @paulorenatocoelhonetto

________________________________

paulo rena

Paulo Renato Coelho Netto –  é jornalista, pós-graduado em Marketing. Tem reportagens publicadas nas Revistas Piauí, Época e Veja digital; nos sites UOL/Piauí/Folha de S.Paulo, O GLOBO, CLAUDIA/Abril, Observatório da Imprensa e VICE Brasil. Foi repórter nos jornais Gazeta Mercantil e Diário do Grande ABC. É autor de sete livros, entre os quais biografias e “2020 O Ano Que Não Existiu – A Pandemia de verde e amarelo”. Vive em Campo Grande.

 

capa - livro Paulo Renato

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Assine a nossa newsletter