Gol, alívio e apreensão. Blog Mário Marinho
O Brasileiro é um povo de fé, porém muito sofrido. Os motivos de sofrimento são os mais variados e conhecidos o bastante para dispensar citar seu grande elenco aqui neste espaço.
Entre as poucas alegrias que ainda temos, está – ou esteve – o futebol.
O Brasileirinho quando nasce, já ganha uma bola de futebol de presente. Os primeiros passos se confundem com os primeiros chutes.
E, dentro do futebol, há uma paixão imensa pela Seleção Brasileira.
Se bem que, ultimamente, tem aparecido uma turma, não tão grande, mas, numerosa, que ama odiar a Seleção.
Quem assistiu a vitória de ontem sobre o Chile, 2 a 1, suspirou aliviado com o gol de Luiz Henrique, aos 44 minutos do segundo tempo que garantiu a vitória.
Mas, após o suspiro veio a apreensão: é este mesmo o futebol da Seleção? É esta a nossa Seleção que vai para a Copa 2026?
Pois é, amigo, é esta mesma.
E eu entendo e me coloco ao lado desse torcedor aflito.
Com essa vitória conseguida na bacia das almas contra o medíocre time chileno, qual a nossa chance na Copa?
Nenhuma. Zero.
Pergunto: já não temos sofrimento demais? Precisava mais esse?
O futebol apresentado ontem pela nossa seleção foi fraquíssimo, beirou ao ridículo.
Começou com aquele gol logo no primeiro minuto de jogo.
Uma obra monumental que uniu três artistas.
Um lateral esquerdo que abre espaço como a convidar o adversário para fazer o cruzamento.
Feito o cruzamento, a bola atravessa quase toda a área e vai cair no pé, na verdade na cabeça, do adversário que está livre da marcação do lateral esquerdo.
O atacante, Vargas, cabeceou vagarosamente e o terceiro artista, o goleiro, foi ainda mais lento e levou o gol que, não chega a ser frango, mas era defensável. Goleiro de Seleção não pode levar um gol desses.
Aliás, nos muitos jogos em que defendi o Clube Atlético Riachuelo na brava várzea de Belo Horizonte, nunca tomei um gol desses. Também nunca fui convocado para a Seleção.
Mas, falando sério.
Uma seleção que tem o Lucas Paquetá como cérebro não vai muito longe.
Ele é um mau jogador?
Não, não é. Ele é um bom jogador. Mas, de bom jogador, o mundo do futebol está cheio.
Se ele fosse aluno do ginásio, seria um aluno para nota 6,5 – ou seja, acima da média.
Mas não seria um aluno excelente, excepcional, como deve ser um jogador da Seleção Brasileira.
Aliás, esta seleção está cheia de jogador bom e bonzinho.
Ah!, mas o Rodrygo…
Que tem o Rodrygo? O que ele fez ontem? O que ele tem feito de mais em todos os jogos que participou?
Ah! o Vinicius Jr. é craque.
Sim, craque lá na Espanha. Na Europa. E aqui? Repito a mesma pergunta que fiz acima a respeito do Rodrygo.
Faça um retrospecto da atuação dele na Seleção Brasileira.
Então não devem ser convocados?
O pior é que não temos outros.
Estamos enfrentando um longo período de entressafra.
Depois que a turma do pentacampeonato parou, qual o grande jogador que surgiu no futebol brasileiro?
Só um.
Neymar.
Que nasceu com o dom do futebol e o interesse voltado para outras coisitas.
Se o Neymar se recuperar da contusão atual e se convencer que a última chance que ele tem na vida de ser o melhor do mundo é levar a Seleção a ganhar a Copa do Mundo, nós teremos um craque em campo.
Teremos um jogador que desequilibra, que mete medo no adversário.
Na atual Seleção, qual jogador exige do adversário atenção especial?
Nenhum.
A Seleção é um time que joga para trás.
Eu não fiz as contas, mas, para mim, o jogador que mais tocou na bola foi o nosso goleiro, o Éderson.
Isso prova a falta de habilidade dos nossos defensores e também do meio-campo.
Toquinho pra lá, toquinho pra cá. Bola pro goleiro.
Um passe em profundidade, ou mesmo um lançamento de cinco, seis metros? Como diria um diretor do saudoso Jornal da Tarde, nem fodendo.
Enfim, amigo, não se desespere, mas, vamos nos preparar para sofrimentos futuros.
Lembre-se que se o Papa é argentino, Deus é Brasileiro.
Quem sabe, ele resolve passar um pouco de inspiração para essa moçada, transforme o sério e conservador técnico Dorival Jr. num sério e ousado técnico?
E até cure e dê motivação ao craque quase aposentado Neymar?
Para Deus nada é impossível!
Acompanhe as imagens de Brasil x Chile
https://youtu.be/YM4S3vDhYRE?si=OyUSQlW6YEFC0kwy
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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)
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Belo texto, bela análise. Abraço, Marinho.
MMARINHO. Vc foi preciso no comentário. Um bando de cagoēs! E o técnico assiste passivamente todo esse jogo inofensivo? Com o que temos por aqui, por baixo, formamos umas dez seleções iguais ou melhores que essa. Não precisamos chamar ninguém de fora!