prisioneiros

Desde a Guerra Fria, a ponte Glienicke, em Berlim, foi apelidada de “Ponte dos Espiões”. Era o local onde se faziam trocas de prisioneiros. Cada preso liberado saía caminhando de um lado, encontravam-se no meio da ponte e, sem uma palavra, continuavam a pé ao encontro dos seus.

Troca de prisioneiros. Por José Horta Manzano

…Trocas de prisioneiros eram relativamente frequentes na Guerra Fria. Volta e meia, espiões de um lado eram liberados em troca de espiões do outro lado. O fim da União Soviética significou boa diminuição desse fluxo. Mas, embora sem o cerimonial do passado, ele continua, bastando ver a múltipla troca atual…

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Desde a Guerra Fria, a ponte Glienicke, em Berlim, foi apelidada de “Ponte dos Espiões”. Era o local onde se faziam trocas de prisioneiros. Cada preso liberado saía caminhando de um lado, encontravam-se no meio da ponte e, sem uma palavra, continuavam a pé ao encontro dos seus.

A Agência Bloomberg acaba de informar que uma múltipla troca de prisioneiros está em curso neste momento. Estão envolvidos quatro países: Rússia, Estados Unidos, Alemanha e Bielo-Rússia. Não foi publicado o rol de todos os envolvidos, mas sabe-se que o jornalista americano Gershkovitch e seu compatriota Whelan, antigo militar, fazem parte dos que serão libertados para cumprir o trato.

O jornalista americano Evan Gershkovitch trabalhava na cidade de Ekaterinburg (Rússia) quando foi detido em março de 2023. Acusado de crime de espionagem, está preso até hoje. Mês passado, foi condenado a 16 anos de encarceramento em regime severo. Tudo indica que seu julgamento foi apressado para permitir a conclusão final do acordo de troca.

Outro envolvido é o jornalista e político russo-britânico Vladímir Kara-Murza, que cumpre pena de 25 anos de prisão na Sibéria por ter manifestado publicamente sua oposição à guerra na Ucrânia.

Pode-se supor que os EUA e a Alemanha estejam libertando cidadãos condenados por espionagem em favor da Rússia, ora entregues em troca dos ocidentais que estão deixando os gulags russos.

Trocas de prisioneiros eram relativamente frequentes na Guerra Fria. Volta e meia, espiões de um lado eram liberados em troca de espiões do outro lado. O fim da União Soviética significou boa diminuição desse fluxo. Mas, embora sem o cerimonial do passado, ele continua, bastando ver a múltipla troca atual.

Esse escambo de condenados até que poderia ser uma solução para o desenlace do atual drama político venezuelano. Só que não vai dar, pois Maduro & asseclas provavelmente não aceitariam ser trocados e terminar em cárceres no “Império”. De toda maneira, não estão presos, portanto não faz sentido falar em troca de condenados.

Se a pressão interna e externa aumentar ao ponto de se tornar insuportável, não há lugar para acordos na Venezuela. Só resta aos atuais mandatários a solução do exílio. No mundo atual, poucas opções se oferecem ao narcoditador. Terá de escolher entre Cuba e Nicarágua, se quiser ficar perto da pátria, no mesmo torpor equatorial.

Se não se importar de atravessar o oceano, sempre pode ir para a Rússia. Mas parece que o clima de lá nem sempre permite sair à rua de chapéu de boiadeiro e camisa vermelha.

Além do que, no dia em que Putin for apeado do poder, como é que fica? Melhor o Caribe acolhedor.

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JOSÉ HORTA MANZANO – Escritor, analista e cronista. Mantém o blog Brasil de Longe. Analisa as coisas de nosso país em diversos ângulos,  dependendo da inspiração do momento; pode tratar de política, línguas, história, música, geografia, atualidade e notícias do dia a dia. Colabora no caderno Opinião, do Correio Braziliense. Vive na Suíça, e há 45 anos mora no continente europeu. A comparação entre os fatos de lá e os daqui é uma de suas especialidades.

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