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A decadência da leitura nas salas de espera médicas. Por Meraldo Zisman

A ausência de livros e revistas nas salas de espera é algo a ser lamentado. A leitura desempenha um papel importante em nossas vidas, proporcionando não apenas entretenimento, mas também conhecimento e introspecção.

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No passado, as salas de espera médicas eram locais onde os pacientes podiam se distrair com um bom livro. Revistas, jornais e até mesmo livros estavam disponíveis, oferecendo um refúgio temporário para a mente enquanto aguardavam uma consulta. Infelizmente, esse cenário está mudando. Hoje, os pacientes preferem olhar para as telas de seus smartphones, substituindo a leitura por uma infinidade de distrações digitais.

A ausência de livros e revistas nas salas de espera é algo a ser lamentado. A leitura desempenha um papel importante em nossas vidas, proporcionando não apenas entretenimento, mas também conhecimento e introspecção. Um bom livro ou um artigo interessante pode transformar a espera em uma experiência enriquecedora, oferecendo uma pausa mental que muitas vezes é necessária em momentos de ansiedade.

Dispositivos móveis, com sua conveniência e acesso a uma vasta gama de conteúdos, tornaram-se os companheiros preferidos de muitos pacientes. Eles oferecem uma maneira rápida de passar o tempo, mas essa facilidade tem um custo. A superficialidade das interações digitais muitas vezes substitui a profundidade e a reflexão que a leitura proporciona. O hábito de folhear uma revista ou se imergir nas páginas de um livro está se perdendo, e com ele, a oportunidade de desacelerar e apreciar o momento presente. Além disso, a leitura tem benefícios terapêuticos comprovados. Pode reduzir o estresse, melhorar a concentração e até proporcionar uma sensação de escapismo, algo especialmente valioso em uma sala de espera médica. Substituir esses momentos de leitura por uma navegação constante em redes sociais ou notícias pode aumentar a ansiedade e o estresse, em vez de aliviá-los.

Como médico, é desanimador ver a preferência dos pacientes por dispositivos móveis em detrimento de livros e revistas. A sala de espera, que poderia ser um lugar de tranquilidade e reflexão, muitas vezes se transforma em um espaço de distração incessante. O ruído digital invade o ambiente, substituindo a serenidade que a leitura pode oferecer.

A perda da interação humana que os materiais impressos podem fomentar também é lamentada. Revistas e jornais frequentemente geram conversas entre os pacientes, criando um senso de comunidade e compartilhamento. A leitura coletiva de um artigo interessante ou a discussão de uma notícia pode transformar uma sala de espera em um espaço de troca e conexão humana. A transição para o digital é inevitável, mas é essencial que não abandonemos completamente os benefícios da leitura. Talvez seja possível encontrar um equilíbrio, oferecendo tanto opções digitais quanto impressas, para atender a uma variedade de preferências. Manter alguns livros e revistas disponíveis pode ser um pequeno gesto, mas pode fazer uma grande diferença para aqueles que ainda encontram conforto na palavra escrita.

Em resumo, a escolha cada vez mais comum dos pacientes por dispositivos móveis nas salas de espera é uma tendência preocupante. A leitura, com todos os seus benefícios, está sendo substituída por uma distração digital que raramente proporciona o mesmo nível de enriquecimento. É um desenvolvimento a ser lamentado, pois perdemos mais do que apenas um passatempo — perdemos uma oportunidade de crescimento pessoal e conexão humana.

Como profissionais de saúde, devemos refletir sobre como podemos preservar e promover a leitura, mesmo em um mundo digital.

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Meraldo Zisman – Médico, psicoterapeuta. É um dos primeiros neonatologistas brasileiros. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha). Vive no Recife (PE). Imortal, pela Academia Recifense de Letras, da Cadeira de número 20, cujo patrono é o escritor Alvaro Ferraz.
Relançou “Nordeste Pigmeu”. Pela Amazon: paradoxum.org/nordestepigmeu

2 thoughts on “A decadência da leitura nas salas de espera médicas. Por Meraldo Zisman

  1. Gostei imensamente da abordagem e tenho uma história que casa bem com o tema. Um senhor estava para uma consulta com seu urologista, em Porto Alegre. Eis que havia um livro com uns cavalos na capa, em um centro. Como ele gostava muito de cavalos, pegou o livro e começou a ler. Quando foi chamado para o consultório, levou o livro, por estar gostando muito da leitura, e pediu ao médico emprestado. O livro era O Colecionador de Cavalos, um romance meu. Ele me encontrou no Facebook e me contou essa história. É, de fato, muito importante a existência de livros expostos à leitura nos consultórios.

  2. Realmente, é lamentável que isso já é uma realidade, e se observarem bem, nem mais as tvs, quando ainda existem, são mais utilizadas. As esperas nessas salas têm sido mais um precioso tempo livre (coisa rara) dedicado às redes sociais, na sua maior parte, uma vez que, na eminência de serem chamados para suas consultas, reside a “desculpa” de não mais se aterem a uma leitura, mesmo que digital, de maior informação e reflexão. “Tempos modernos”!

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