Vexame. A palavra certa. Blog Mário Marinho
Podem ser – e são – muito os motivos para explicar nosso péssimo futebol no pré-Olímpico, disputado na Venezuela.
Por exemplo:
A desorganização, verdadeira bagunça, da CBF.
A falta de craques.
Pouco tempo e treinamento para essa competição.
Técnico fraco.
Falta de garra, de gana, de vontade.
Certamente o amigo leitor tem mais alguns motivos para acrescentar a essa lista.
Mas, se quiser juntar tudo numa só palavra, ela é esta: Vexame.
Qualquer um desses motivos acima – ou todos eles – não justifica o Brasil ser eliminado do torneio Olímpico de futebol da França.
A CBF é uma bagunça faz tempo.
Mas num torneio disputado entre 10 países da América do Sul, o Brasil não conseguir uma das duas vagas é vergonhoso.
Eu assisti a todos os jogos do Brasil, comentando pela rádio Futebol ao Vivo, do meu amigo Jarbas Duarte e, em todos eles, fiquei pasmo com o péssimo futebol do Brasil.
E pela falta de raça.
O Brasil foi um time apático em todos os jogos. Os jogadores pareciam estar em campo para cumprir a sua obrigação. Uma obrigação muito chata e nada mais. Em momento algum pareceu um time Bicampeão Olímpico atrás do tricampeonato.
E eu, otimista, sempre mantendo a esperança de que o time melhoraria no jogo seguinte.
Mas, como melhorar, se o técnico tira do time, no segundo tempo, seu melhor e mais importante jogador, Hendrick?
Ok, ele não jogou bem em nenhuma das partidas. Mas, se era para tirar o jogador que estava jogando mal, ficaria apenas o goleiro.
E mais, foi dele o passe milimétrico, açucarado para o atacante Biro marcar o gol da vitória sobre a Venezuela.
No jogo de ontem, domingo, contra a nossa arquirrival inimiga, a Argentina, o técnico Ramon Menezes deixou no banco o atacante John Kennedy, aquele que marcou o gol da vitória que deu o título da Libertadores ao Fluminense.
Pode um absurdo desses?
O jogo contra a Venezuela estava 1 a 1. O Brasil precisava vencer.
Faltando cinco minutos para o jogo acabar, dois jogadores brasileiros esperavam, junto à linha do campo, uma paralisação para entrar em campo.
Vi dois jogadores e logo pensei: ele vai partir com tudo pra cima do adversário. Raciocínio lógico em qualquer cabeça medianamente pensante.
Mas, ledo engano.
Os dois jogadores que iam entrar eram dois volantes, dois jogadores de defesa!!!
Pois eram essas as substituições programadas pelo técnico Ramon Menezes.
Por sorte e competência, surgiu Hendrick para fazer aquele passe açucarado que o veloz Biro aproveitou para marcar o gol da vitória.
Ramón Menezes é o mesmo técnico que, no ano passado, dirigiu a Seleção Brasileira sub-20 no mundial disputado na Argentina.
E o que aconteceu?
Fomos eliminados pela seleção de Israel.
Volto a dizer, o futebol brasileiro está em crise técnica.
Depois da Copa do Mundo de 2002, não conquistamos mais nada.
E até perdemos uma Copa América para a Argentina, em pleno Maracanã.
Mas nossos garotos foram ouro nas Olimpíadas de 2016 e 2020.
Muitos jogadores, ainda em idade pré-olímpica, todos ele jogando fora do Brasil, ficaram fora dessa competição porque seus clubes não quiseram ceder os jogadores.
E como o pré-olímpico não é da Fifa, ela não interfere, como na Copa do Mundo, junto aos Clubes.
Mas mesmo assim o time brasileiro tinha totais condições de se classificar para a Olimpíada.
Até mesmo vencer a Argentina não era tarefa sobre-humana. O time da Argentina, classificado para a Olimpíada, não é melhor que o brasileiro. Apenas teve mais vontade.
Ao final da desclassificação, alguns jogadores foram entrevistados e recorreram aos lugares comuns, tipo “Não era isso que a gente queria, mas, agora, é levantar a cabeça. Vida que segue.”
Foi essa a toada.
Menos para o artilheiro John Kennedy, que só entrou no segundo tempo, que usou a palavra “Vergonha”.
“Eu estou envergonhado por isso que aconteceu. Talvez tenha faltado um pouco de vontade…”
Não, Kennedy, não faltou um pouco de vontade.
Faltou muita determinação, muita raça, dentro e fora de campo.
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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)
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Tive a sorte de ver Argentina e Uruguai. De cara, 2 x 0 para a Argentina. Final 3 x 3. Raça, o nome do jogo. Perguntinha: quem “escala” o técnico ?
A CBF anda uma bagunça há muito tempo , sem direção e bons exemplos dos dirigentes , o reflexo veio . Nossa seleção sempre foi temida , respeitada , hoje e totalmente apagada , inexpressiva , lamentavelmente ! ! !