Guerra, Paz e Verdade. Por Meraldo Zisman
A verdade é a primeira e principal vítima da guerra. Em contextos de conflito, as notícias falsas e a desinformação representam sérios problemas, impactando significativamente a sociedade. Além dos desafios enfrentados pelos jornalistas na cobertura de conflitos armados, a divulgação de informações falsas pode rapidamente ter consequências graves, como a polarização da sociedade e o risco de violência contra grupos minoritários ou estrangeiros.
Sendo assim, é crucial em que estejamos atentos às fontes de informação, verificando sempre a veracidade das notícias que divulgam, antes de aceitá-las. Em artigo anterior discuti a complexidade da verdade, comparando-a a um poliedro com diversas faces, o que dificulta que os observadores visualizem todas as faces ao mesmo tempo. A narrativa usa a metáfora de um cristal da verdade que, ao ser quebrado, gera fragmentos, sendo que cada um reivindica ser a verdade única e válida.
Disputas entre verdades podem levar a conflitos, guerras e desastres. Enfrentamos o mesmo dilema em situações como Israel x Hamas ou Palestina x Israel. Diante dessa confusão, é difícil determinar qual é a verdade. Portanto, permita-me sonhar com uma paz em um devaneio, como uma alucinação visual semelhante a um sonho ou o estado de espírito de uma pessoa que, em estado de vigília, se absorve em sonhos e fantasias.
Em um dia do futuro, um disco voador chega de uma galáxia distante ao Planeta da Paz (anteriormente Terra). Os astronautas Alfa e Beta, ao explorarem o local, ficam surpresos quando encontram uma sociedade onde as pessoas convivem de forma pacífica, sem conflitos armados ou poderosos. Os habitantes explicam que abandonaram a busca pela verdade única e passaram a viver em paz, deixando para trás uma era de conflitos. A história destaca a ironia de como a busca pela verdade só trouxe conflitos, enquanto a aceitação da diversidade e a renúncia à necessidade de dominar os outros resultaram em paz. A ideia é que a verdade pode ser subjetiva e que a busca por sua compreensão completa pode levar a divisões e conflitos, ao contrário da possibilidade d e uma convivência pacífica, quando se aceita a diversidade e se renuncia ao poder.
Mas será que o Homo sapiens consegue abandonar sua luta por poder?
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Meraldo Zisman – Médico, psicoterapeuta. É um dos primeiros neonatologistas brasileiros. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha). Vive no Recife (PE). Imortal, pela Academia Recifense de Letras, da Cadeira de número 20, cujo patrono é o escritor Alvaro Ferraz.
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