Precisava, Leila? Blog Mário Marinho
Para quem gosta de chavão, o futebol é uma caixinha de surpresas.
Eu não gosto muito e prefiro uma outra caixinha, a colmeia onde as abelhas operárias constroem o casulo que vai proteger sua Rainha.
Qualquer ameaça, mesmo as não concretizadas, provoca um imenso reboliço e leva as operárias a saírem em bloco, um verdadeiro enxame contra a possível interferência externa.
De resto, as abelhas são tranquilas, calmas.
Assim é o mundo do futebol. Melhor não mexer com quem está quieto.
A irrequieta presidente do Palmeiras, Leila Pereira, não observou esse mandamento sagrado.
Há poucos dias, o Palmeiras foi eliminado da Libertadores pelo Boca Jr.
Foi para os ares a possibilidade de se tornar tetracampeão da Libertadores. Esfumaçou-se a esperança de disputar o tão sonhado título mundial, ao final do ano.
E se ganhasse, colocaria ponto final numa brincadeira que rende piadas todos os dias: o Palmeiras não tem mundial.
Dona Leila resolveu participar de uma coletiva e deitou falação.
Acusou, sem nomear, a oposição, de instigar os torcedores contra ela.
E foi mais fundo: disse que o Palmeiras, em 2014, estava caindo quando ela levou a Crefisa como patrocinadora. Daí, para frente, foi só alegria.
Eu não conheço pessoalmente a dona Leila, mas ela me passa a imagem de uma pessoa extremamente arrogante.
Conversando com outras pessoas, notei que elas também têm o mesmo diagnóstico da bilionária Leila.
No dia seguinte da entrevista, recebi no meu WhatsApp um vídeo com comentários do sério repórter Wanderley Nogueira.
Calmo, tranquilo, Wanderley fez duras críticas à entrevista. E terminou assim:
– Não sei se a Leila Pereira é uma pessoa prepotente, mas esta é a imagem que ela me passa: pessoa prepotente.
Estou em boa companhia.
Mas, o que deve estar preocupando a dona Leila não é minha opinião, nem a do Wanderley.
Dona Leila agitou a colmeia.
O primeiro foi o ex-presidente Paulo Nobre.
Ele presidiu o Palmeiras de 22 de janeiro de 2013 a 15 de dezembro de 2016.
Há um consenso, mesmo entre aqueles que têm alguma rusga contra o bem-sucedido advogado e piloto de rally por hobbie. Foi na gestão de Paulo Nobre que o Palmeiras começou a caminhada para a posição que ocupa hoje.
Nobre investiu dinheiro do próprio bolso para sanar as finanças palmeirenses. Sim, ele recebeu tudo de volta, como é absolutamente normal, só que a conta-gotas, tendo participação em todo produto vendido no Parque Antártica, até que a dívida fosse liquidada.
Hoje, Paulo Nobre se diz aposentado do Palmeiras e, para tanto, renunciou até ao título de Conselheiro Vitalício.
Paulo Nobre ficou muito bravo com dona Leila:
– Ela está achando que o Palmeiras foi fundado em 2014. Errou por cem anos: foi em 1914. Nós temos uma tradição construída ao longo desses anos. Ela precisa respeitar o Palmeiras.
Outro ex-presidente, Luiz Gonzaga Belluzzo, também foi duro:
– Ela age como fosse uma celebridade sempre em foco. Mas ela tem que saber que o cargo de presidente do Palmeiras não torna ninguém celebridade. É apenas o principal cargo do Clube. Nada de celebridade.
Outro a criticar foi o ex-diretor financeiro palmeirense, Francisco Busico.
– Pra começar, a Leila não entende nada de futebol. E pior: não entende nada de Palmeiras. A tal entrevista mostrou que ela é uma pessoa totalmente sem noção.
Mas, e o futuro?
Busico não vê com bons olhos:
– Não existe uma oposição no Palmeiras, um movimento sério e respeitado. Mas, sem dúvida alguma, tem muito dinheiro. Na eleição dela, ela montou um comitê de campanha em frente ao Parque Antártica. Um comitê de fazer inveja aos grandes partidos políticos.
Busico é sereno, calmo, mas taxativo:
– Eu não voto nela para cargo nenhum no Palmeiras.
Então, dona Leila, precisava?
Amanhã tem
Seleção Brasileira
A segunda partida desta Data Fifa será amanhã, no estádio Centenário, contra o sempre forte e temido Uruguai.
Mais temido agora depois da pálida apresentação no empate, 1 a 1, com a Venezuela, na Arena Pantanal.
O desencanto do brasileiro com a Seleção está em um de seus momentos mais agudos. É comum ouvir no dia seguinte ao jogo, inúmeras interpelações do tipo “A Seleção jogou ontem?”, “Contra quem?”, “Tá valendo alguma coisa?” – ou seja, total desinteresse e desinformação.
O técnico Fernando Diniz certamente não esperava que a Seleção que lhe foi entregue se transformasse em verdadeiro mico.
A começar pelo Neymar.
De um modo geral o brasileiro ama odiar o Neymar.
E ele não anda fazendo nada para evitar esse ódio, esse desapontamento. Seu desempenho (?) no jogo contra a Venezuela só fez aumentar essa bronca.
Nada, entretanto, que justifique o balde de pipocas que levou à saída do gramado. Isso é falta de respeito.
Mas, enfim, amanhã será outro dia – ou pode ser.
A Seleção ter algumas modificações. Na lateral direita, no lugar do lesionado Danilo, entra o jovem Yan Couto.
Com apenas 21 anos de idade, o lateral revelado pelo Coritiba, negociado com o Manchester City, e hoje está emprestado ao espanhol Girona.
No jogo contra a Venezuela, fez sua estreia na Seleção Brasileira parecendo que há anos ele era o titular da posição.
No comando do ataque, o centroavante Richarlison dará lugar a Gabriel de Jesus que, em suas últimas convocações, não mostrou o futebol cujo brilho o levou à Europa. Richarlison está em jejum de gols na Seleção, pecado mortal em se tratando de centroavante.
Eu, como sempre, continuo torcendo para a Seleção.
Quem sabe, acerta?
Meninas
Brilham na Libertadores
A Libertadores da América de futebol feminino está sendo disputada na Colômbia.
A competição está, no momento, nas semifinais.
Entre as quatro classificadas, três são do Brasil: Corinthians, Palmeiras e Internacional. O quarto timer é o América, da aprazível cidade de Cali, na Colômbia.
Amanhã, às 21,30 horas, o Palmeiras pega o América; às 23 horas, o Corinthians pega o Internacional.
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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)
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