Episódios vergonhosos. Blog Mário Marinho
O futebol, por vezes, promove eventos lamentáveis. Aliás, não o futebol em si, mas aqueles que gravitam em seu entorno.
Episódio 1
Aconteceu na terça-feira, na exibição (?) da Seleção Brasileira em Lisboa, contra os esforçados jogadores de Senegal por 4 a 2.
A Seleção de Senegal é fraca? Não, não é.
É a seleção que tem o craque Sadio Mane (autor de dois gols) e o clássico zagueiro Koulibaly (além de Diallo que marcou um dos gols. Um belo gol).
Em condições normais de temperatura e pressão, a Seleção de Senegal seria um adversário valoroso, lutador, mas, batível.
No futebol é normal perder.
Sim, é normal.
Mas, existem derrotas e derrotas. Perder por 1 a 0 é uma coisa. Perder por 4 a 2 ou 7 a 1 é outra coisa bem diferente.
Há oito meses, sabia-se que Tite não continuaria na seleção, independente do resultado alcançado lá no Catar. Dito e repetido pelo Tite, aquela seria a sua última Copa.
De lá para cá, a CBF começou um namoro à distância com Carlo Ancelotti, o vencedor técnico do Real Madri.
Só que Ancelotti tem contrato com o Real Madri até junho do ano que vem. E, pelo que se sabe dele, ele não tem nenhuma sogra adoentada que precise de seus cuidados, como aquele outro europeu que dirigiu o Corinthians.
A próxima Copa do Mundo será em 2026.
Com dois anos de antecedência, Ancelotti terá tempo para preparar a seleção e colocá-la em condições de disputar o hexa.
Mas para chegar à Copa do Mundo é preciso passar pelas Eliminatórias.
Ah! o Brasil se classifica fácil, há de dizer o brasileiro otimista por natureza.
Eu diria: classificava.
Hoje os tempos são outros.
Jogando o futebol que mostrou contra Senegal essa equipe não se classifica.
Vou mais longe: se estivesse disputando o atual Campeonato Brasileiro, essa seleção nem se classificaria para a Libertadores.
Daí, esperar tanto tempo é um risco muito grande.
Episódio 2
Aconteceu na terça-feira à noite, quando da chegada da delegação do Corinthians à Vila Belmiro para o jogo da quarta-feira, contra o Santos.
O ônibus foi cercado por torcedores, na verdade vândalos, que protestavam contra o mau rendimento do time dirigido por Vanderlei Luxemburgo.
A confusão foi tanta que Luxemburgo deu a ordem para voltar a São Paulo.
Na noite de quarta-feira, o Timão entrou em campo e venceu o Santos por 2 a 0.
O torcedor tem todo o direito de protestar.
Mas impedir que os jogadores desçam do ônibus e entrem no estádio não é protesto: é um ato de extrema e equivocada violência.
Episódio 3
A torcida do Santos está, com razão, totalmente insatisfeita com o seu time que não vence há 10 jogos.
Volto a dizer: protestar tudo bem.
Mas o que a torcida fez jogando rojões, bombas e sinalizadores para dentro do gramado, chega a ser quase um crime porque pessoas poderiam sair feridas.
Além dos fogos, jogaram também pedras que não se sabe de onde foram tiradas.
A tevê mostrou também imagens de torcedores derrubando as grades do alambrado.
O Santos certamente será punido com, pelo menos, um jogo em seu estádio sem torcedores.
Ou seja: perdeu o jogo (juiz Leonardo Pedro Vuaden sabiamente encerrou o jogo aos 41 minutos do segundo tempo) perderá renda e ainda terá que arcar com os prejuízos que os vândalos causaram.
Cabe uma pergunta: esses torcedores não são revistados antes do jogo?
Episódio 4
Espaço reservado para o Estádio Governador Magalhães Pinto, o tradicional e belo Mineirão.
Eu estava lá em 5 de setembro de 1965, data da inauguração.
E admirava, extasiado, a beleza do Estádio e a excelência do seu gramado.
O Mineirão passou por pesada reforma para receber a Copa de 2014.
Ficou mais moderno, mais aconchegante.
O estádio é estatal, pertence ao Governo do Estado.
Mas sua administração está entregue à Arena Minas cuja especialidade são shows.
E o futebol, razão de ser do Mineirão, que se dane.
Isso é um crime de lesa cidadania pois o Mineirão foi construído com dinheiro do povo.
Até quando Zema?
Veja os gols da rodada:
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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)
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