Olha a boiada do Centrão aí, gente! Por Edmilson Siqueira

[ARTIGO PUBLICADO ORIGINALMENTE NO BLOG DA ROSE –
https://blogdarose.band.uol.com.br/ – GRUPO BANDEIRANTES
– Edição de 17 de fevereiro de 2023]

Enquanto o Brasil discute a taxa Selic, o teto de gastos, a nova âncora fiscal e as metas da inflação, nossos prezados deputados, com a indispensável ajuda do governo Lula, continuam seus périplos no sentido de garantir o que estava garantido no governo passado e, quem sabe, abocanhar mais alguns nacos do poder que, na nossa incipiente democracia, significam mais cargos e mais dinheiro público passando pelas mãos deles.

Claro que as desculpas de sempre vão voltar a circular para justificar a farra com o dinheiro público, mas, convenhamos, não vão convencer mais ninguém. A maior desculpa é que no sistema brasileiro, um presidente não consegue governar se não tiver o apoio de uma folgada maioria no Congresso. Pode até ser, mas se chamarmos as coisas pelos nomes, esse apoio significa venda de votos, ou corrupção mesmo. O deputado negocia em nome dos partidos – não importando se eles apoiaram ou não o candidato na eleição, já que ideologia, no Brasil, não se confunde com os negócios para os quais foram eleitos – o que vai levar do “sistema”, oferecendo em troca o voto do partido a favor, sempre, do governo.

Com essa “visão”, o governo Lula criou um frankstein ministerial, onde há ex-tucanos aproveitadores, esquerdistas radicais que pregam o fim do capitalismo, mas adoram uma mordomiazinha e um holerite gordo no fim do mês, ex-bolsonaristas que viraram a casaca assim que saiu o resultado oficial da eleição e até ex-aliados de milicianos e de traficantes, mas que juram que nunca falaram com eles embora todas as fotos e testemunhas provem ao contrário. A divisão obedeceu aos rigorosos critérios do “quem dá mais?” e do “é dando que se recebe”, frases tão caras (nos dois sentidos) na vida política brasileira.

Com isso, foi preciso chegar a 37 ministérios, sem contar as estatais, tão desejadas quanto, justamente num tempo em que o governo anuncia, com todos os decibéis possíveis, que aumentou 18 reais no salário mínimo. E quem tem um déficit, por enquanto, de cerca de 300 bilhões de reais no Orçamento deste ano.

Pois como o exemplo para tudo vem de cima, o Brasil vai continuar sendo uma república de bananas onde vão valer sempre o Q.I (quem indica) e a esperteza, transformando cada vez mais a honestidade em raríssimo artigo político.

A notícia do dia que vem confirmar essa farra toda, partiu do governo Lula, que avisou que não vai indicar ninguém para a presidência da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco, a famosa Codevasf, que a Câmara transformou na mina de ouro, tal como o PT havia feito com a Petrobras. E também para o DNOCS, um departamento sempre muito cobiçado pelos políticos pelo poder que dá no combate à seca e pelo volume de verbas que por ela passa. As indicações ficarão para o presidente da Câmara, chefe do Centrão.

A Codevasf é uma estatal, daquelas que o PT diz pertencer ao patrimônio do povo brasileiro, numa balela que nem o mais fanático petista ainda acredita. Na verdade, as estatais, com raríssimas exceções, servem mais à corrupção do que qualquer outra coisa.

Portanto, veremos nos dois próximos anos, aquelas verbas do antigo orçamento secreto fluírem dos cofres público para a Codevasf e para o DNOCS, onde, depois de rigorosa licitação, cairão nas mãos das mesmas empresas que realizarão obras com material de terceira categoria – mas com notas fiscais “atestando” que são de primeira – e que se dispõem a devolver boa parte do preço que cobraram pela obra para os senhores deputados, prefeitos, governadores ou quem mais participar do butim.

É o Brasil do PT que, no quesito corrupção, vai ser igual ao Brasil do Lula 1 e 2, do Bolsonaro e da Dilma: Lula 3 acaba de abrir a porteira para passar a faminta boiada do Centrão.

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