“Perdel mané”. Por José Horta Manzano
… a agressão ao centro do Poderes de nossa capital federal não teve pretexto. Foi barbárie em seu estado puro, organizada por mentes malignas e executada por mercenários broncos…
Muitos comparam a depredação de prédios públicos ocorrida ontem em Brasília com os acontecimentos de 6 de janeiro de 2021, quando arruaceiros, agindo sob a égide de Trump, invadiram e devastaram o Capitólio de Washington. Estão errados.
Os pontos comuns entre os dois quebra-quebras são dois. Em primeiro lugar, não foram atos fortuitos nem espontâneos, mas orquestrados e dirigidos. Em segundo lugar, foram ambos montados “em defesa” de um ex-presidente que, embora derrotado nas urnas, se debatia para voltar ao poder. As semelhanças terminam aqui.
O ataque ao Capitólio tinha um objetivo definido. A ideia era impedir que o Congresso, reunido naquele momento, certificasse a eleição do presidente Biden. Já a agressão ao centro do Poderes de nossa capital federal não teve pretexto. Foi barbárie em seu estado puro, organizada por mentes malignas e executada por mercenários broncos.
Ninguém me convencerá de que os integrantes daquela turba – que já chegaram com paus, marretas e bombas de tinta spray – eram cidadãos tranquilos que estavam passeando com a família na Praça dos Três Poderes quando, de repente, largaram mulher e filhos e correram pra arrebentar o palácio mais próximo. Não. São mercenários a soldo de gente poderosa, que tem interesse em ver o circo pegar fogo.
Aos investigadores, resta perguntar “Cui bono?” – a quem interessa o crime. Com tantas pistas e tantas testemunhas, não há de ser difícil descobrir.
Aos planejadores, resta o exemplo de como não se deve agir. É verdade que as autoridades que cuidam da Segurança Pública atravessam um momento delicado, em que os titulares antigos já se foram, e os novos ainda estão em fase de instalação. Que se instalem rapidamente e que se organizem.
Os ataques de ontem fornecem um caminhão de informações preciosas. Que sejam utilizadas para evitar que tais ataques se repitam.
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JOSÉ HORTA MANZANO – Escritor, analista e cronista. Mantém o blog Brasil de Longe. Analisa as coisas de nosso país em diversos ângulos, dependendo da inspiração do momento; pode tratar de política, línguas, história, música, geografia, atualidade e notícias do dia a dia. Colabora no caderno Opinião, do Correio Braziliense. Vive na Suíça, e há 45 anos mora no continente europeu. A comparação entre os fatos de lá e os daqui é uma de suas especialidades.
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