chovendo no molhado

Chovendo no molhado. Por Edmilson Siqueira

… Costa Neto não é político de meter a mão em cumbuca, de querer fazer chover no molhado, como está aparentemente fazendo com essa estranha ação, onde urnas são duvidosas numa eleição, mas não são questionadas numa eleição de 28 dias antes, quando exerceram as mesmíssimas funções de coletar votos dos eleitores brasileiros…  

 

[ARTIGO PUBLICADO ORIGINALMENTE NO BLOG DA ROSE -
 https://blogdarose.band.uol.com.br/ -  GRUPO BANDEIRANTES -
Edição de 23  de novembro de 2022]

 

chovendo no molhadoValdemar Costa Neto, presidente do PL, o maior partido que saiu das urnas em outubro, deve estar medindo milimetricamente cada passo, cada atitude, cada ação que realiza com essa auditoria questionando o segundo turno das eleições, que, pelo jeito, foi obrigado a patrocinar, talvez para pagar alguma dívida contraída junto a Jair Bolsonaro. Digo que deve ter sido obrigado a fazê-lo porque nada justifica seu comportamento.

Político acostumado a embates, inclusive – e, talvez, principalmente – os não republicanos, Costa Neto fez tudo certo para conseguir eleger a maior bancada da Câmara (99 deputados) e garantir também a maior bancada do Senado – elegeu oito senadores e ainda há cinco com mais quatro anos de mandato, totalizando treze senadores do seu PL. Ora, com esse poder todo nas mãos, o que ele menos deveria querer agora era peitar o resultado da eleição, acusar de possibilidade de fraude onde possibilidade de fraude dificilmente haverá. Ou seja, Costa Neto não é político de meter a mão em cumbuca, de querer fazer chover no molhado, como está aparentemente fazendo com essa estranha ação, onde urnas são duvidosas numa eleição, mas não são questionadas numa eleição de 28 dias antes, quando exerceram as mesmíssimas funções de coletar votos dos eleitores brasileiros.

Portanto, considero que ele só pode estar sendo obrigado a fazer o que está fazendo. Mesmo porque, com essa bancada, ele tem a chance de deitar e rolar no próximo governo, a começar pelas gordas verbas oriundas dos fundos partidário e eleitoral que lhe reservarão vários bilhões de reais ao longo dos próximos anos. E, mais importante ainda, o futuro governo petista terá de negociar – e muito – com ele e seus líderes para aprovar o que quer que seja nos plenários. E isso significa cargos, verbas e até, provavelmente, a indicação de um aliado para um ou mais ministérios, dos mais de trinta que Lula deve produzir para acomodar o máximo possível de “companheiros” de todas as “sociedades anônimas” que serão criadas até a posse no Legislativo, em fevereiro de 2023.

Com esse cacife todo, oriundo das urnas, Costa Neto deve estar rezando para que a ação não dê em nada e que a posse de Lula aconteça sem qualquer problema daqui a 38 dias.

De resto, a ação impetrada junto ao TSE obteve pronta resposta do seu presidente, o ministro Alexandre de Moraes: se não houver o questionamento do primeiro turno também, a ação não prospera, vai para o arquivo imediatamente.

A resposta pode ser a que Costa Neto espera para se livrar da encrenca, embora ela contenha munição para a turminha bolsonarista raiz continuar por aí feito zumbis à procura do próprio cérebro: vão dizer que o TSE – e ele, Alexandre de Moraes!!! – se recusa a admitir a fraude, que Bolsonaro foi eleito e sua eleição foi roubada etc. e tal.

Mas, para Costa Neto, o arquivamento soará como música. Vai dizer a Bolsonaro que tentou, mas não conseguiu, e que precisa cuidar do partido antes que algum aventureiro lance mão.

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Edmilson Siqueira é  jornalista há mais de 40 anos. Já passou por jornais, revistas emissoras de rádios e TV. Foi responsável pela coluna Xeque Mate do Correio Popular por 8 anos. Apesar de atuar em outras áreas do Jornalismo, a maior parte de sua carreira foi dedicada à política. Atualmente, na Rádio e TV Bandeirantes de Campinas. Colaborador semanal do Blog da Rose.

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*Artigo publicado originalmente no Blog da Rosehttps://blogdarose.band.uol.com.br/

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