Nobel

O Nobel e as eleições. Por José Paulo Cavalcanti Filho

Alfred Nobel ficou milionário com um de seus 355 inventos, o balistite – precursor de outros explosivos militares sem fumaça, como a dinamite. E no último testamento que fez, para redimir seu nome (sempre associado à morte), instituiu o Prêmio Nobel (em sua língua, tônica no “e”). Em 5 categorias – Física, Literatura, Medicina, Paz e Química. Olho para as eleições da próxima semana e lamento que Nobel não tenha criado alguns outros prêmios, já digo quais e meus favoritos a eles.

NOBEL DE MATEMÁTICA. Quase foi criado. Não se dando, segundo se diz, para não ter que premiar o amante de uma das suas amantes, o matemático Gösta Mittag-Leffler. Este, sem favoritos. Ao menos em relação aos institutos de pesquisas, basta ver. Segundo DataFolha Lula 45, Bolsonaro 32; IPEC (ex IBOPE) Lula 46, Bolsonaro 31. Já para GERP Bolsonaro 39, Lula 38; FUTURA Bolsonaro 42, Lula 36. Eles apenas escolhem a metodologia que mais lhes convenha, passaram (desavergonhadamente) a fazer política ou endoideceram?, cada leitor escolha sua versão.

NOBEL DE ARREPENDIMENTO. Sérgio Moro tinha um futuro tranquilo. Continuaria juiz, na próxima vaga do Supremo seria nomeado ministro e viveria sem problemas, amado pelos brasileiros, até o fim dos seus dias. Em vez disso, preferiu ser ministro da Justiça e fazer parte de um mundo que não era o seu. Deu no que deu. Começou candidato a presidente da República, acabou a Senador no Paraná, com pouca chance de vitória. Um fim melancólico. Será que tem consciência disso?

NOBEL DE CONSTRANGIMENTO. Há coisas que não se devem dizer. Mas, uma vez ditas, não podem ser esquecidas. Geraldo Alckmin vivia chamando Lula de “ladrão”, de “chefe da quadrilha”, de querer “voltar à cena do crime”. Ainda mais, “É preciso evitar que a corrupção e a roubalheira voltem a comandar o país” (frases de vídeos que circulam na internet). E, na convenção em que foi ungido vice desse mesmo de quem sempre falou tão mal, apareceu gritando, rouco e enlouquecido, como marionete, ou Diana de pastoril, ou animador de palanque, ou fã de Roberto Carlos, “Lula!, Lula!!, Lula!!! Não morre de vergonha? Como explica isso aos filhos? De noite, será que consegue dormir sem tranquilizantes?

No seu mais famoso poema, Tabacaria, Fernando Pessoa (Álvaro de Campos) disse “Em todos os manicômios/ Há doidos malucos com tantas certezas”. O que nos remete a Herman Kahn, fundador do Hudson Institut, para quem “Alguns assuntos são só para loucos e entendidos”. Como não estou em nenhuma dessas duas categorias (ou penso que não estou, o que dá no mesmo), em relação à política, melhor parar por aqui e deixar as eleições para entendidos (e loucos).

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José Paulo Cavalcanti FilhoÉ advogado, escritor,  e um dos maiores conhecedores da obra de Fernando Pessoa. Integrou a Comissão da Verdade. Vive no Recife. Eleito para a Academia Brasileira de Letras, cadeira 39.

jp@jpc.com.br

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