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O que se espera na educação. Por Arnaldo Niskier

                      … Nas hostes bolsonaristas as perspectivas não são muito animadoras. O orçamento de 2023 prevê a redução de 1 bilhão de reais nas aplicações da educação fundamental. Isso na verdade é muito lamentável…

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                              Estamos diante de uma eleição presidencial e há uma natural curiosidade sobre o que vai acontecer na área da educação. Ficará tudo na mesma, vai piorar ou pode até melhorar? Naturalmente as esperanças são grandes.

                            Nas hostes bolsonaristas as perspectivas não são muito animadoras. O orçamento de 2023 prevê a redução de 1 bilhão de reais nas aplicações da educação fundamental. Isso na verdade é muito lamentável.

                         Os candidatos falam na prioridade educacional, mas será apenas o discurso de sempre? Em cada grupo de 10 jovens de 19 anos pelo menos 3 não conseguem terminar o ensino médio. Essa é a triste realidade nacional, agravada pelo fato de que o número sobe para 4 se estivermos tratando de negros e pobres.

… Outra preocupação é a educação antirracista, utilizando a história da África e dos povos indígenas nos currículos. Isso pode ser alcançado com um bom trabalho unindo o Conselho Nacional de Educação e os Conselhos Estaduais de Educação…

                       É claro que queremos ampliar o tempo integral nas escolas. A maioria dos candidatos defende a existência de pelo menos sete horas de aulas por dia, como costuma ocorrer nos países mais desenvolvidos. Para que isso ocorra é conveniente que haja melhor diálogo entre estados e municípios, o que ainda está longe de acontecer.

                     Com os investimentos federais sendo reduzidos desde 2015, só mesmo uma fortíssima reação para virar o jogo, o que é prometido pela maioria dos candidatos. Deve-se assinalar que há uma forte simpatia pela adoção da educação à distância em todo esse processo e o desejo de que o financiamento da área chegue a 10% do PIB, o que hoje parece impossível. Deseja-se também a valorização da educação técnica, o que é perfeitamente possível, desde que haja uma decisão política.

                     Outra preocupação é a educação antirracista, utilizando a história da África e dos povos indígenas nos currículos. Isso pode ser alcançado com um bom trabalho unindo o Conselho Nacional de Educação e os Conselhos Estaduais de Educação. Fala-se muito nisso, mas as ações não passam do terreno das conversas. É preciso que sejamos mais práticos, para além do que se costuma prometer em épocas pré-eleitorais. Se avançarmos   nesse campo teremos dado um grande e decisivo passo.

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Arnaldo Niskier | Academia Brasileira de LetrasArnaldo NiskierImortal. Sétimo ocupante da Cadeira nº 18 da Academia Brasileria de Letras. Professor, escritor, filósofo, historiador e pedagogo. Foi presidente da Academia Brasileira de Letras e secretário estadual de Ciência e Tecnologia e de Educação e Cultura do Rio de Janeiro. 

 

3 thoughts on “O que se espera na educação. Por Arnaldo Niskier

  1. Nada contra o enfoque antirracista desde que matérias básicas como Português e Matemática não sejam ainda mais negligenciados como hoje já são.
    Dou um exemplo: a filha de 10 anos da minha faxineira estuda em escola municipal daqui da cidade de São Paulo e só sabe escrever com letra de forma!
    Estou falando da capital do estado mais rico da federação!
    Desconhece o que seja letra cursiva. A mãe reclamou na reunião de Pais e Mestres e a resposta foi: é o que temos.
    Conclusão: comprou um caderno de caligrafia para a filha se exercitar.
    Esse politicamente correto é bom desde que não se negligencie o mínimo exigível para que o aluno saia apto de um Ensino Fundamental com BASE.
    E infelizmente isso anda cada vez mais difícil de acontecer.

  2. Concordo com Varlice Ramos e acabo de ler a trilogia “Escravidão” de Laurentino Gomes. 147 anos que os imigrantes italianos começaram a chegar ao Espírito Santo, estado que mais recebeu italianos em relação à população do estado no período da imigração. Ninguém recebeu terra sem pagar. Dois anos para resgatar os títulos públicos das glebas que receberam. Tenho cópia do documento do pagamento feito pelo meu bisavô e do pai de minha bisavó, obtidos no arquivo público estadual. Assim também as famílias do tio dele que imigraram para São Paulo. Há muito o que reescrever da História do Brasil do século XIX. A história da imigração italiana não pode ser objeto de narrativas fantasiosas, como a que os imigrantes foram presenteados com terras.

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