A democracia e os 25%. Por Alexandre Henrique Santos
…No contexto atual, é dever de cada cidadã e cidadão brasileiro eleger a civilização e não a barbárie. Todo democrata, progressista, republicano tem a responsabilidade de salvar o Brasil do fascismo. Hoje essa escolha tem nome e sobrenome…
“A vida é feita de escolhas”
( Adágio Popular)
Tenho lido artigos, assistido lives, entrevistas e ouvido diversas análises sobre esse percentual do eleitorado – algo em torno de 25% – que ainda não conseguiu perceber o que realmente está em jogo na próxima eleição. Essa significativa fatia de brasileiros adultos e votantes, seja por ignorância, baixo Q.I. ou pura má fé, acredita que o pleito que se aproxima apenas elegerá Lula ou reelegerá Bolsonaro. Não, não será só isso. As urnas eletrônicas de outubro, sim elas, dirão se escolhemos a civilização ou fincaremos estacas no atoleiro da barbárie. A disputa será entre democracia e fascismo.
Para os que não gostam do barbudo nem do PT, mas tampouco admiram e concordam com a proliferação escancarada das milícias, gabinetes do ódio, milicos incompetentes, pastores corruptos, filhos desonestos, apologia das armas e uma ladeira abaixo sem fim, fica a esperança confiante de que o Brasil sobreviverá. Afinal, o país já foi conduzido por quatro mandatos sucessivos pelo Partido dos Trabalhadores – o último deles abortado por um golpe. Golpe, aliás, urdido pelas mesmas forças que elegeram Jair Messias e o sustentaram até há pouco. Minha certeza maior, porém, é que o Brasil não aguenta mais quatro anos com tamanho desgoverno. O capitão não é só um político menor e medíocre, como bem o definiu Celso de Mello, o ex-Decano do STF. Para os que estudamos história, acompanhamos os fatos e refletimos sobre eles, dizer que se trata do pior e mais corrupto mandatário da nossa história republicana é só um truísmo
Quero voltar aos 25%. Segundo minhas observações, a parte menor desse contingente de bolsonaristas-raiz reúne pessoas que acreditaram tão fiel e ferozmente nas mentiras e desvarios do capitão, que agora se sentem constrangidas ou envergonhadas de voltar atrás, de admitir publicamente que “acordaram” ou que, por assim dizer, viraram a casaca. Dentro desse nicho estão aqueles parentes e amigos orgulhosos; que não querem admitir que avaliaram mal o Capo, sua famiglia e a quadrilha que o acompanha. Esses já não querem falar de política, mas conhecem a incômoda sensação de terem sido ingênuos, bobinhos, massa de manobra, bolsominions usados para replicar fakenews nas redes sociais. (Ah, se arrependimento matasse!!!) Só o tempo, terapia e banhos de sal grosso poderão curar tais espíritos atormentados.
O problema real está no percentual que resta da seita. É onde mora o perigo. Esses sectários e sectárias acreditam mesmo que o mundo se divide entre “nós e eles”. Até pior: nós ou eles! Pois esses fundamentalistas identificam indícios do “perigo comunista” em qualquer postura tolerante e progressista. Consideram a liberdade criativa da arte e da cultura um delito de extrema gravidade. Acham que o respeito a diversidade é parte da estratégia do socialismo internacional para provocar o fim da família, a falência da moral e dos bons costumes, a vitória de Satanás contra Jesus.
Para os que pertencem a esse gueto, defender Paulo Freire e uma educação crítica é apoiar a invasão do Brasil pelos chineses, cubanos, russos ou sabe-se lá por quem. Para eles a defesa da ecologia, das minorias, das políticas indigenistas, de leis duras contra o assédio e o feminicídio, são práticas equivocadas, e mais que isso, verdadeiras táticas terroristas. Esses fascistas de primeira hora acreditam que diferenças pessoais, sociais, religiosas ou ideológicas, não podem conviver com o diálogo, a tolerância e a aceitação. Essa falange de extremistas, de órfãos do olavismo, parece só ter fé no berro, nas soluções através da violência, no argumento da bala e no recurso das mentiras. Aqui vale atenção. No futuro próximo, após as eleições, teremos de conviver com esse percentual dos 25%. E a tarefa mais necessária, desafiadora e urgente da sociedade civil será capacitar essas pessoas doentes para o convívio pacífico, democrático e republicano do Estado de Direito. Isso implica em celebrar a crítica, aceitar divergências e suportar o contraditório. Quem viver verá.
Bem, eu gostaria que nas próximas eleições de outubro o país tivesse para a Presidência da República a opção de uma terceira via madura, competente e confiável. Contudo, não dispomos dessa possibilidade. No contexto atual, é dever de cada cidadã e cidadão brasileiro eleger a civilização e não a barbárie. Todo democrata, progressista, republicano tem a responsabilidade de salvar o Brasil do fascismo. Hoje essa escolha tem nome e sobrenome: Luís Inácio Lula da Silva.
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*Alexandre Henrique Santos – Atua há mais de 30 anos na área do desenvolvimento humano em e para grandes corporações. É terapeuta e coach. Mora em Madri e realiza workshops presenciais e à distância. É meditante, vegano, ecologista. Publicou O Poder de uma Boa Conversa e Planejamento Pessoal, ambos editados pela Vozes..
Contato: alex@ndre.com.br
Quero parabenizar o autor deste conteúdo que traz uma situação tão séria, vivida pelos brasileiros.
Comungo da mesma linha de pensamento do autor, hoje não havendo uma terceira via como escolha para derrotar o fascismo, minha escolha também será Lula.
Agradecemos por ele! Abração