Viva o Brazil! Por José Horta Manzano
Já vi gente irritada por ter visto a palavra Brazil grafada com Z em textos escritos em inglês. Há quem reclame e quase se ofenda com isso. Se pudessem, exigiriam que o nome de nosso país fosse sempre escrito com S.
Sem ranzinzice nem histeria, vamos ao fundo da questão.
Foi no século 19 que as colônias espanholas e portuguesas da América alcançaram independência. Foi uma atrás da outra. Naquela altura, o resto do mundo teve de lidar com o nome de países novos: Argentina, México, Peru, Nicarágua e muitos outros.
Entre eles, estava o nosso. Só que tem uma coisa. Nossa grafia daquele tempo não era normatizada (engessada) como hoje. Eram poucos os que sabiam escrever, e cada um deles grafava como lhe parecia adequado.
Mas o nome do país era unanimidade: todos grafavam com Z (Brazil).
Nosso primeiro nome oficial por extenso foi Imperio do Brazil; em seguida, tivemos os Estados Unidos do Brazil. O mundo viu, anotou, copiou e escreve até hoje Brazil com Z.
Nos dois séculos que decorreram desde a independência, nós mexemos na ortografia oficial inúmeras vezes. Faz já algumas décadas que ficou combinado que o nome do país deve se escrever com S.
Mas como fazer para avisar ao resto do mundo que nossa ortografia mudou?
Pensando bem… será que vale a pena explicar que limpeza é com Z, mas despesa é com S?
Não é moleza… (Com Z)
Observação interessante
Em qualquer texto em inglês, o nome da capital, Brasília, aparece sempre com S. Por que será?
A razão é simples: Brasília, que então tinha o apelido de Novacap, foi apresentada ao mundo em 1961 grafada com S. Cada língua adaptou o original a sua escrita própria. Muitas ficaram com o S mesmo; entre elas, o inglês.
Falta ainda ensinar aos ingleses que nossas regras mandam acentuar o i do meio. Ou quem sabe será melhor esperar até a próxima reforma ortográfica? Assim, evita-se ficar incomodando o tempo todo.
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JOSÉ HORTA MANZANO – Escritor, analista e cronista. Mantém o blog Brasil de Longe. Analisa as coisas de nosso país em diversos ângulos, dependendo da inspiração do momento; pode tratar de política, línguas, história, música, geografia, atualidade e notícias do dia a dia. Colabora no caderno Opinião, do Correio Braziliense. Vive na Suíça, e há 45 anos mora no continente europeu. A comparação entre os fatos de lá e os daqui é uma de suas especialidades.