Pertinho. Por José Horta Manzano
Ninguém está tranquilo. Dependendo da decisão do desequilibrado que dirige o Kremlin, o conflito tanto pode se resumir à destruição da infeliz Ucrânia, como também pode por em perigo a vida no planeta…
Vista do Brasil, a Guerra de Putin parece distante. Continua valendo o que se acreditava durante o regime militar: o Brasil é uma “ilha de prosperidade” cercada por um tenebroso “mar de intranquilidade”.
A visão umbilical (de quem olha para o próprio umbigo) prosseguiu durante o período lulopetista. As consequências da guerra, se chegarem, virão como “uma marolinha”, garantiu um dia o Lula, então presidente da República, ao se referir à crise de 2008, aquela que estrangulou o mundo todo. Brasil incluído.
A alienação continua na era bolsonárica. Incapaz de se dar conta de que o mundo está mudando rapidamente, o capitão continua prestando vassalagem ao ditador russo. Está mais preocupado com a falta de fertilizantes, que pode afetar os negócios de seus amigos, do que com o futuro da humanidade que se delineia.
Os habitantes do continente americano estão, de fato, bem longe do conflito. Têm o direito de se sentir pouco envolvidos na crise. A Ucrânia, de fato, fica pra lá de onde Judas perdeu as botas. Já para os que vivem em território europeu, são outros quinhentos. Para dar uma ideia de grandeza, estão aqui algumas comparações.
Como se sabe, aviões e mísseis costumam viajar em linha reta.
Pois é bom saber que, em linha reta, Zurique (Suíça) está mais perto de Kyiv (capital da Ucrânia) do que São Paulo de Brasília. Zurique – Kyiv: 1.635 km; São Paulo – Brasília: 1.748 km.
Em linha reta, Berlim (Alemanha) fica a apenas 800 km de Lviv (Ucrânia). Dá menos que Belo Horizonte – Curitiba (820 km).
Até o país europeu mais distante da Ucrânia não está tão longe assim. Em linha reta, Lisboa (Portugal) está a 2.890 km de Lviv (Ucrânia). Isso dá menos que Belém – Florianópolis: 2.910 km.
Essa é a razão pela qual não se fala em outra coisa por aqui. A Guerra de Putin ocupa todo o espaço midiático, da manhã à noite. Ao abrir o olho de manhã, todo europeu agarra o celular (ou liga o rádio, para os mais tradicionais) pra saber a quantas anda a loucura do ditador russo. Ninguém está tranquilo.
Dependendo da decisão do desequilibrado que dirige o Kremlin, o conflito tanto pode se resumir à destruição da infeliz Ucrânia, como também pode por em perigo a vida no planeta.
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JOSÉ HORTA MANZANO – Escritor, analista e cronista. Mantém o blog Brasil de Longe. Analisa as coisas de nosso país em diversos ângulos, dependendo da inspiração do momento; pode tratar de política, línguas, história, música, geografia, atualidade e notícias do dia a dia. Colabora no caderno Opinião, do Correio Braziliense. Vive na Suíça, e há 45 anos mora no continente europeu. A comparação entre os fatos de lá e os daqui é uma de suas especialidades.
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Esperemos que nem destruição da infeliz Ucrânia, nem perigo à vida do planeta.
Quem sabe acordemos com a notícia de que Putin sofreu um ataque fulminante do coração e bateu com as dez…
It happens.
Ouvi hoje, da boca de profundos conhecedores do que se passa nos gelos da Rússia, que Putin já não estaria em Moscou. Está homiziado em lugar desconhecido. Vivo, há de estar. Mas, para o mundo civilizado, está politicamente morto. Sei que isso não ajuda a infeliz Ucrânia, mas é o que temos.
Olhe as distâncias a que você se refere. São Paulo a Brasília são menos de 900 km em linha reta e pouco mais de 1000 por via rodoviária. BH e Curitiba idem. Fonte Google Maps.
Desculpe corrigi-lo, mas de São Paulo a Brasília são menos de 900 km em linha reta e pouco mais de 1000 por via rodoviária. Fonte Google Maps.