presidencialismo - semi

Disputa pelo poder “semi destruiu” o presidencialismo. Por Angelo Castelo Branco

…o Supremo Tribunal Federal do Brasil terá ocupado um vácuo resultante da incompetência e radicalização de um Congresso Nacional que, de tão obstinado em obstruir o governo, terminou provocando a semi destruição do sistema presidencialista…

Presidencialismo - semi

Tal como acontece nas guerras que provocam inevitáveis alterações geopolíticas capazes de mudar os rumos da história, as crises internas podem ocasionar rupturas e mudanças em regimes de uma nação.

Quando o deputado Jair Bolsonaro conseguiu a inesperada proeza de personificar o sentimento anti petista que varria as ruas do Brasil impelido pelas revelações bombásticas da Lava Jato, ficava claro algo muito óbvio: a enorme estrutura de poder político  envolvida no conflito que abalou o Brasil jamais permitiria que alguém da oposição pudesse redesenhar facilmente as relações entre o estado e a população.

Bolsonaro ou qualquer outro ator político que ganhasse a eleição contra o status quo jamais transitaria num cenário pacífico. A bomba a explodir ganhou mais megatons por conta do estilo estridente de Bolsonaro e por causa da pandemia que roubou a cena e frustrou o plano de investimentos previsto pelo sucessor do ciclo petista. São detalhes que a radicalização dos dias atuais não permite, e de fato até impede, uma discussão em moldes civilizados.

A estratégia de judicialização de todas as decisões que deviam ser tomadas pelo Congresso Nacional, mas que foram parar no STF, não apenas travou o mecanismo administrativo do país como, e principalmente, alterou substancialmente a essência do sistema presidencialista instaurado pela constituição de 1988.

Na verdade enquanto a oposição obstinada a decretar o impeachment do inquilino do Palácio do Planalto massificava narrativas preconizando riscos e ameaças ao modelo democrático, a presidência da República perdia espaços, enfraquecia e se tornava cada vez mais refém do Poder Judiciário.

Fica notório que a disputa pelo poder a qualquer custo vem impondo uma alteração no modelo político brasileiro. E esse sentimento ganhou mais substância e clareza graças à declaração do ministro Dias Toffoll numa conferência em Lisboa.

O ex presidente da Suprema Corte disse que o Brasil vive hoje um regime de semi presidencialismo em que o poder Judiciário opera como mediador.

Ou seja, um membro da Alta Corte concebida pela clássica fórmula democrática da tripartição de poderes e que tem a obrigação de defender a constituição em vigor,  reconhece a ruptura do modelo presidencialista perante uma audiência internacional.

Tudo leva a crer que, por ter assumido um tão consistente protagonismo nas decisões de caráter político, o Supremo Tribunal Federal do Brasil terá ocupado um vácuo resultante da incompetência e radicalização de um Congresso Nacional que, de tão obstinado em obstruir o governo, terminou provocando a semi destruição do sistema presidencialista.

Excelências, apresentem  suas ponderações.

_______________________________________________________

Angelo Castelo Branco, jornalistaAngelo Castelo Branco –  Jornalista. Recifense,  advogado formado pela Universidade Católica de Pernambuco. Com passagens pelo Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Diário de Pernambuco, Folha de S. Paulo e Gazeta Mercantil, como editor, repórter e colunista de Política.

__________________________________________________________

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Assine a nossa newsletter