malignidade -more de Henry Borel

A malignidade em estado puro. Por Maria Lucia Vitor Barbosa

As brutais agressões do doutor eram constantes, até que culminaram na última, quando o assassino se trancou no quarto com o menino e exerceu a malignidade em estado puro, matando o coitadinho a pancadas.

malignidade -more de Henry Borel

A morte é única certeza na qual não gostamos de pensar. Aparece de diversas maneiras, de repente ou estendida longamente por doença até o desfecho, que às vezes é sentido como alívio. No corpo ou na alma é sempre aniquilação. Entretanto, existe um tipo que desmonta a naturalidade do inevitável: a morte que podia ser evitada e aborta o que estava por vir, ceifando uma vida sem deixá-la desabrochar.

Uma dessas horrendas mortes veio agora à tona, causando profunda repugnância e mal-estar a quem tem um mínimo de sentimentos. Trata-se do bárbaro assassinato do menino Henry Borel, de apenas quatro anos, por um covarde, celerado, torturador e sádico de nome Jairo Souza Santos, vereador da capital fluminense que é chamado carinhosamente de Dr. Jairinho.

 Doutor? Médico, na verdade um monstro? Ele infligiu torturas físicas e psicológicas a um inocente que não tinha como se defender. Em vão aquela criança linda pediu socorro. A mãe sabia e não o socorreu nem a avó nem a tia, irmã do bestial assassino, nem a psicóloga nem a pediatra.  Apenas a babá alertou sobre as barbaridades cometidas pelo vereador contra Henry.  Foi coagida pelo doutor a não dizer a verdade, mas no segundo depoimento teve a coragem de denunciar as atrocidades que, aliás, foram reconstituídas de suas conversas no celular com a mãe, Monique Medeiros da Costa e Silva.

As brutais agressões do doutor eram constantes, até que culminaram na última, quando o assassino se trancou no quarto com o menino e exerceu a malignidade em estado puro, matando o coitadinho a pancadas.

O assassinato daquele menino tão lindo se deu em 8 de março, sendo que a sessão de tortura começara na véspera.  Se nem um adulto resistiria a tamanha brutalidade, impossível o corpo frágil de uma criança aguentar. Foram múltiplos os sinais de trauma, ou seja, o tal Jairo teve prazer em arrebentar o corpo da criança até a morte.

Para piorar, a mãe sabia de tudo. Nem animais são assim, pois o instinto das fêmeas é o de proteger as crias.  E esta senhora, no dia seguinte ao enterro do filho foi a um salão de beleza a fim de se embonecar. Também se interessou por cursos de inglês e culinária. No dia da prisão caprichou no vestido no melhor estilo dondoca.

O casal alegou ter encontrado Henry no chão do quarto com olhos revirados, pés e mãos gelados e com dificuldade de respirar. Inventaram que a pequena vítima apenas tinha caído da cama sobre tapete e se machucado. A criança chegou morta ao hospital e o vereador deu telefonemas para contatos importantes, como ao governador do Rio e outras autoridades na tentativa de se safar do assassinato. Também tentou evitar que o menino fosse levado ao IML, o que não conseguiu graças ao pai de Henry.

O delegado tem conduzido exemplarmente o escabroso caso. O casal vai ficar 30 dias presos. E depois? Nos Estados Unidos seriam condenados à pena de morte ou a prisão perpétua sem condicional. Mas somos o país da impunidade, das leis frouxas ou não cumpridas, do dá-se-um-jeito. E isso é revoltante quando se trata do pior e mais covarde dos crimes: o infanticídio.

Mesmo porque, uma criança não consegue se defender nem ser ouvida em seus pedidos de socorro. Apesar de tudo, o vereador continua vereador e faz parte, o que é um escárnio, do Conselho de Ética da Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Vamos ver o que acontece depois dos 30 dias. Notícias informam que o tal ser repugnante passeia tranquilo pela cadeia, certamente fazendo campanha para próximas eleições.

Agora começam a aparecer outras testemunhas, mulheres com as quais o vereador também viveu; E coisa asquerosa, o tarado também machucava os filhos delas. Ainda bem que esses inocentes sobrevieram.

Recorde-se ainda os Nardoni.  Madrasta e pai de Isabella, jogaram a menina linda de cinco anos do sexto andar de um prédio. Foram presos, mas onde estão agora? Quem sabe, no conforto do lar e usufruindo de uma doce vida.

Houve igualmente há tempos um menino, cujo pai e a madrasta, depois de inúmeras torturas e maus-tratos, desacordaram a criança e o enterraram. Surgiram suspeitas de que o mártir ainda estava vivo.

Li, é isso em período recuado, que duas mulheres que moravam juntas mataram, depois de muitas torturas, um menino, filho de uma delas. O crime da criança era ser do sexo masculino, pois a dupla era de feministas fanáticas e exacerbadas.

Quantas crianças já foram estupradas, torturadas e mortas no Brasil? Segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), em uma década o País teve 2 mil mortes de crianças até quatro anos e 80% das agressões se deram dentro de casa por pais e responsáveis.  Agora, sem aulas e ficando mais em casa deve estar havendo mais violência doméstica e infanticídios que não são denunciados.

Até quando vamos tolerar a malignidade em estado puro de assassinos que agridem e matam inocentes e ficam impunes? Como bem disse a presidente da SBP, Luciana Silva (O Estado de S. Paulo, 14 de abril de 2021): “O caso do menino Henry não pode ser ignorado e dever ser tratado com todo rigor que a lei exige.”

Sem dúvida, a barbárie cometida contra Henry é um alerta para que seja sempre denunciada com relação a outras crianças, inclusive, pela mídia. E o terrível sofrimento e a brutal morte de Henry não podem ficar impunes. Que se faça justiça. Com todo rigor da lei.

Já é tempo do Brasil se tornar civilizado.

________________________________________A Gazeta do Povo ouviu três cientistas políticos depois do debate

Maria Lucia Victor Barbosa – é socióloga, mãe e avó.

mlucia@sercomtel.com.br

1 thought on “A malignidade em estado puro. Por Maria Lucia Vitor Barbosa

  1. Dra., bom dia! Seu texto é um primor e diz tudo que sinto e penso. Sou pai de duas mulheres e avô de um neto, e não consigo me conformar com essa barbárie praticada contra essa criança. Cada vez que vejo as imagens desse menino, me comovo. E olhe que já vi muita coisa bem ruim por aí. O que me causa espanto e até horror, é, de um lado a capacidade do ser humano ser cruel e, de outro, a incapacidade da sociedade em reagir contra essa brutalidade. Ainda irá se arrastará durante algum tempo o julgamento desse criminoso, em especial pelos seus pares na assembleia legislativa do Rio de Janeiro. Imagino que esse monstro ainda continue recebendo salários pagos pelo povo. Ele tem bons “amigos! Espero que não seja mais um caso como os que já vimos, será cruel demais. Mais uma vez obrigado e que Deus nos proteja.

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