Existem = bruxas - os cautelosos vão definir quem chega lá

Os cautelosos vão definir quem chega lá. Por Angelo Castelo Branco

“No creo em brujas, pero que las hay, las hay” 

(*) Não creio em bruxas, mas que elas existem, existem. Dito popular de origem galega

existem - bruxas Os cautelosos vão definir quem chega lá. Por Angelo Castelo Branco

Em plena campanha eleitoral que vivemos é natural que ocorram surtos de radicalismos, de militância política arrogante e de confrontos intelectuais. São, em princípio, reações de natureza pessoal que se incorporam ao coletivo graças a narrativas construídas organicamente de lado a lado pelos grupos interessados em conquistar ou permanecer no poder. Faz parte da democracia.

Sob esse clima emocional republicano há que se reconhecer que as pesquisas de opinião aparecem no topo de um cardápio de discordâncias e de ceticismos ao sabor das convicções de cada lado. Há quem não acredite nas pesquisas, mas que elas existem, existem. Bem ou mal aplicadas, elas podem inclusive influenciar no juízo de cada eleitor.

Estamos nesse momento assistindo a um espetáculo de confronto ideológico cujas consequências irão oferecer valiosos subsídios para se entender melhor quem somos e para onde vamos.

O debate envolve correntes que pregam de um lado a valorização do gestor público eficiente enquanto o outro lado enaltece a cultura assistencial populista como solução mais convincente perante o eleitorado. Entre um modelo e outro repousa a dúvida que nos persegue desde os anos 60 e permanece travando o ingresso do Brasil na modernidade e no acesso à transparência das relações do estado com o indivíduo.

O meandro do sistema administrativo público segue inacessível ao cidadão apesar dos portais da transparência. A máquina mantém fidelidade canina aos titulares da república beneficiados que eles são pelas prerrogativas de nomear, demitir, prender e soltar. Os fatos são transparentes e estão nos jornais.

No meio dessa estrada que se bifurca a todo instante somos levados a nos valer de indicadores de nosso futuro. A recente pesquisa do IPESPE nos permite dizer que as eleições presidenciais do próximo ano transitam ainda no campo nebuloso de indefinições. Lula aparece com 30%, Bolsonaro com 23% e os cautelosos com 34%. Ou seja, nenhum dos polos ideológicos pode se considerar seguro e nem mesmo cantar vitória antes do tempo sequer nos seus mais recônditos ambientes de apoiadores.

Os números que traduzem a voz do povo vão além. O fator Sergio Moro que praticamente não pontua nas atuais consultas às ruas, é a alternativa que apresenta a menor rejeição comparativamente aos demais candidatos. Se ele vier a formalizar a sua disposição em novembro próximo, como se anuncia nos bastidores, o jogo presidencial toma um novo impulso e os 34% de cautelosos podem enfim ter um candidato para chamar de seu.

… Ou o Brasil segue se rendendo aos encantos de populismos inócuos ou abraça teses que contemplem a eficiência e ofereçam respostas rápidas para que finalmente tenhamos uma nação preconizada pelas gerações que já partiram sem provar o mel da civilização livre e desenvolvida. É uma questão de opção democrática…

Não é à toa que lulistas e bolsonaristas disparam mísseis contra o juiz da Lava Jato. Eles sabem que se a mídia abrir espaços para a candidatura de Sergio Moro e se ele se lançar de corpo e alma sob a proteção de uma coligação de partidos com tempo na TV, poderá inviabilizar protagonistas da atual bipolarização eleitoral.

Os indicadores e suas probabilidades preocupam os núcleos duros do PT e do presidente candidato à reeleição. O ex-presidente Lula não entraria numa disputa sob o risco de vir a perder quer para a direita, quer para o juiz que o condenou. Aldo Rebelo e Fernando Haddad são as opções mais prováveis para o plano B do PT.

Lula é um nome de referencia para os movimentos internacionais de esquerda e a sua imagem e prestígio derreteriam se ele viesse a perder para Bolsonaro ou Sergio Moro. A radiografia do momento brasileiro revela que os 34% que optaram pelo silencio podem decidir o futuro de Lula quando vierem a se manifestar nas próximas pesquisas. As questões basilares podem levar a duas alternativas.

Ou o Brasil segue se rendendo aos encantos de populismos inócuos ou abraça teses que contemplem a eficiência e ofereçam respostas rápidas para que finalmente tenhamos uma nação preconizada pelas gerações que já partiram sem provar o mel da civilização livre e desenvolvida. É uma questão de opção democrática.

Até agora os governos pretéritos e seus inflamados discursos não foram capazes de livrar o país da pobreza crônica, das incertezas institucionais e da insegurança jurídica.

Boa semana para todos.

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Angelo Castelo Branco, jornalistaAngelo Castelo Branco –  Jornalista. Recifense,  advogado formado pela Universidade Católica de Pernambuco. Com passagens pelo Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Diário de Pernambuco, Folha de S. Paulo e Gazeta Mercantil, como editor, repórter e colunista de Política.

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