O personagem. Blog do Mário Marinho
O PERSONAGEM
BLOG DO MÁRIO MARINHO
Eu gosto de Futebol. Gosto mais ainda do bom futebol.
Por profissão, muitas vezes sou obrigado a assistir jogos ruins, mas, que, de alguma forma traz interesse jornalístico.
Ossos do ofício.
Toda vez que vou assistir a um jogo, relembro meus tempos de Jornal da Tarde.
E, no estádio ou em frente à televisão, comporto-me como se estivesse cumprindo uma pauta do JT.
Nas coberturas de jogos importantes, clássicos ou não, eram escalados mais de um repórter. A ocasião determinava o número de profissionais.
Mas, em jogos entre times grandes, era sempre mais de um profissional.
Um deles tinha missão específica: fazer o personagem.
O personagem poderia estar dentro de campo ou não.
Poderia ser um acontecimento ou uma pessoa: homem, mulher, policia, criança, vendedor de sanduíche, flanelinha…
Mas, jogo de time grande, a não ser por um acontecimento excepcional, o personagem estava sempre dentro de campo.
Nesse domingo, postei-me frente à televisão para assistir Grêmio e Palmeiras. As chamadas da tevê ressaltavam o encontro de gigantes.
E os primeiros minutos, não negaram fogo: os dois times partiram para à luta e à procura do gol.
Vai ser um jogão, falei comigo mesmo.
A expectativa durou 10 minutos.
Daí para frente, o jogo caiu no irritante novo normal do nosso futebol: bola sendo passada para o lado ou para trás.
Os dois goleiros bocejavam, tamanho o tédio pelo qual passavam.
Fim do primeiro tempo, comecei a me preocupar: será que terei que escrever sobre esse jogo ruim? Cansar o meu leitor que, provavelmente, já se cansou assistindo a essa pelada?
Lembrei-me, então do Jornal da Tarde e me pautei para fazer um personagem.
Revi mentalmente o primeiro tempo e cheguei à conclusão que não havia nenhum personagem.
Saltou-me um detalhe: durante todo o primeiro tempo, pouco se falou no juiz.
Seria ele o meu personagem.
Continuei de olho no jovem árbitro: Rodrigo Dalonso Ferreira.
Já puxei a capivara dele: 37 anos, paulista de nascimento e formação na arbitragem, mas atuando pela Federação Catarinense de Futebol, estado onde mora.
O jogo continuou ruim e o juiz muito bom: discreto, preocupado em atender os jogadores que se contundiam (ou simulavam), gestos contidos e uma boa característica: sempre perto das jogadas.
Essa é uma característica importante: o juiz tem que ser como garçom. Ele deve estar sempre perto de sua mesa, mas longe o suficiente para não ficar ouvindo sua conversa.
Assim é sua senhoria: perto o bastante, mas longe o suficiente para não atrapalhar as jogadas.
O jogo vai seguindo em sua melancólica toada. Será que terei que fazer do juiz o meu personagem?
Mas, aos 25 minutos do segundo tempo, eis que Raphael Veiga marca o gol do Palmeiras.
O gol, não! Um senhor gol, um golaço!
Daquele que Osmar Santos e José Silvério, dois dos melhores narradores de futebol, tomavam fôlego e soltavam “e que goooooooooooooooooooooooooooolaço!!!!!”
Veja só:
O narrador deste áudio não esteve à altura do gol. Pareceu tão letárgico quanto o jogo.
Mas o gol é uma pintura.
A bola cruzada na medida certa e o Raphael Veiga pega do jeito que deveria pegar: na veia, na jugular.
Eis o meu personagem.
Torci para que o jogo acabasse nesse 1 a 0, assim meu personagem ficaria mais valorizado.
Mas, com vem fazendo ultimamente, o time do Vanderlei Luxemburgo acaba entregando.
E assim foi que aos 46 minutos o Grêmio, através de Ferreira, conseguiu o empate.
Em condições normais, empate fora de casa é sempre um bom resultado. Mas, aos 46 minutos, no chamado período dos descontos, não, não é?
Termina a rodada repleta de 1 a 0, mas vejo, com espanto que a média de gols desta rodada, segundo me informa o site Sr Gol é de 2,67 por jogo. Uma boa média.
Alguns jogos puxaram essa média.
O Corinthians venceu o Bahia por 3 a 2, cinco gols no jogo.
O Bragantino venceu o Ceará por 4 a 2, mais seis gols.
O Atlético Mineiro assumiu a liderança do Brasileirão com devidas pompas e circunstância: meteu 4 a 3 no Atlético Goianiense, lá em Goiás.
Assim, os números acabaram não sendo tão ruins.
Veja os gols da rodada.
** (Normalmente, mostro aqui em meu Blog, os gols do Fantástico, com o devido crédito. Porém, desde a semana passada, a procurar os gols do Fantástico no Youtube, aparece esta mensagem: Este vídeo apresenta conteúdo de Organizações Globo e foi bloqueado por esse proprietário com base nos direitos autorais.)
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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS
NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)
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….o Futebol do Luxa é das antigas. 1 x 0 tá na caixa.. Por outro lado, os adeptos do futebol vertical estão perdendo força. Um, o mestre, já dançou. O do tricolor balança. Só vai sobrar o agitadinho do Santos. Abs
Tão Gomes Pinto