Prisão domiciliar (2). Blog do Mário Marinho
PRISÃO DOMICILIAR – 2
BLOG DO MÁRIO MARINHO
Na última publicação, dediquei esse espaço para falar como eu e a Vera (que eu chamo de Sofia) estamos nos virando com essa quarentena.
Falei da rotina diária, de nossas leituras, dos exercícios físicos, coisas bem do cotidiano.
Deixei para falar hoje sobre um aspecto muito importante: a solidariedade, o amor, o companheirismo.
No quesito companheirismo, acho que meu relacionamento com a Sofia não mudou muito nestes 50 anos.
Somos ainda mais que amigos, nos respeitamos, respeitamos o espaço de cada um e sabemos aplicar freios necessários quando a situação ameaça a ficar ruim. Antes que o caldo entorne de vez, aplica-se o freio de segurança.
A quarentena nos coloca, diariamente, à prova. Uma prova de resistência.
Aí acontecem demonstrações de solidariedades tocantes.
Vanderlei, o Síndico aqui do condomínio, liga para dizer que se precisar de alguma compra, alguma coisa externa, é só falar com um dos funcionários: eles estão prontos para ajudar.
O gremista Douglas telefona: “Marião, estou indo ao supermercado. Você quer alguma coisa?”
O Whatsapp da Sofia está sempre carregado de mensagens das amigas do grupo. Informações, simples bate-papo, algum post engraçado, imagens bonitas.
Iniciativas simples, mas que demonstram a preocupação dos amigos.
Algumas mensagens singelas e significativas como a do Flávio Adauto por esses dias: “Estou passando só para saber como vocês estão”.
Diariamente, as irmãs mandam notícias de Belo Horizonte. Bom, lá em BH tem também o meu irmão, o Márcio, mas ele ainda não está habituado com essa novidade chamada telefone celular.
E aí tem os filhos. São dois – um casal.
A Verênia foi a que chegou primeiro e desde que ela tinha seus dois anos de idade eu a apelidei de Cuca, e assim a chamo até hoje.
Ela é mãe da minha netinha, a Larissa. Netinha de 1,80 de altura e 20 anos de idade.
A Cuca é casada com o Armando que, em minha opinião, só tem um defeito: é palmeirense e acredita piamente que o Palmeiras tem Mundial!
O Cássio tem um filho, meu netinho Vinicius. Netinho de 17 anos (que estão sendo completados hoje. Parabéns, garoto!) e, acho, que cerca de 1,75 de altura e de paixão corintiana.
As meninas tendem a ser mais sensíveis que os meninos. E mais mandonas.
A Cuca e Larissa se preocupam, visitam, dão ordens e depois voltam para saber se eu e a Sofia estamos cumprindo as ordens direitinho.
Em cumpro todas as ordens (mentirinha), a Sofia nem tanto (mentirinha).
Ainda ontem as duas estiveram aqui em casa.
A Larissa, sempre de alto astral, veio passar tinta nos cabelos da vó. Eu acho que é tingir, mas elas falam que é passar tinta. Vai ver que tem alguma diferença técnica.
A Cuca veio ao escritório para saber se está tudo bem.
Contas pagas? Tudo certinho, respondo eu mantendo a distância regulamentar exigida pela Organização Mundial da Saúde pois, afinal, somos, eu e a Sofia, GR – Grupo de Risco.
Cabelos devidamente pintados (ou tintados) e elas se vão. Não passa meia hora e a campainha toca: é a sorridente Larissa com um bolo e uma fruta.
– Pega aqui, Vó. Minha mãe tá me esperando lá embaixo.
A Cuca está compulsoriamente de férias. A profissão dela está hoje marginalizada, já que ela trabalha na organização de eventos festivos, eventos devidamente proibidos por Lei Federal.
A Larissa está em home office.
O Cássio também está trabalhando em casa.
Tem a companhia do Vinicius que, sem aula, só tem uma reclamação dessa quarentena: não tem jogo do Corinthians.
Cassio tem a companhia também da Tânia, namorada que mora em Ribeirão Preto. A Tânia veio passar o fim de semana com o Cássio, aqui em São Paulo, e na segunda, antes de voltar para a empresa, em Ribeirão, recebeu a notícia: está em férias.
Aliás, no sábado, recebi a visita dos dois que vieram trazer compras da semana.
Vinicius estava na casa da mãe em São Sebastião.
Voltou e veio nos fazer uma visita. Agradecemos com abraços e beijos em libra e avisamos: fica em casa, nada de visitas.
A Cuca, além das ordens normais, é também assessora para todos outros fins.
Agora, por exemplo, está cuidando da parte financeira. Missão espinhosa.
As duas famílias moram razoavelmente perto da nossa casa.
O Cássio mora no mesmo bairro: Jaguaré.
A Cuca mora em Osasco, aqui pertinho.
Em tempos normais, já ficamos até duas semanas sem nos ver.
Normal, cada um tem sua vida, suas obrigações.
Mas, agora, parece que o tempo pesa mais. Pesa o bastante para provocar saudade.
Sabemos que eles estão por perto. Nos sentimos seguros.
Agora, por exemplo, a Cuca acaba de me falar sobre um filé mignon ao molho branco e queijos que eu gosto de fazer.
Ela me cobra. Pai quando é que vai sair o filé?
Infelizmente, filha, temos que esperar a liberação do Organização Mundial da Saúde.
Andrà
Tutto Bene
Na semana que passou, recebi o vídeo abaixo como sendo uma gravação da banda U2.
Assisti a mais de uma vez esse vídeo espetacular antes de compartilhá-lo.
A mensagem é linda, tocante, emocionante e vem nesse exato momento em que estamos todos precisando de abraços e apertos de mão, mesmo que sejam virtuais.
Recebi, de pronto, comunicação do meu sobrinho Bruno Peixoto, que mora em Portugal, me alertando que não era o U2.
Pouco depois, recebi comunicação da Fernanda Zucarro, casada com o Chico Santa Rita, velho amigo dos bons tempos do Jornal da Tarde. Os dois moram em Portugal.
Fernanda me informou: o cantor é o Cristóvam e o diretor do vídeo é o Pedro Varela, ambos portugueses.
Fui atrás do assunto.
A música tem letra espetacular e também história.
Cristóvam é português e vive em Portugal. Pedro Varela, o diretor, é também português e mora na Ilha Terceira, nos Açores.
Veja o que ele diz quando recebeu a música enviada por Cristóvam:
– Há uma semana quando o meu muito talentoso amigo Cristóvam me envia o primeiro verso eu sabia que vinha aí algo muito especial… Isolado na Ilha Terceira, nos Açores, e para o mundo, ficará esta música poderosa a que acompanham imagens que nos são muito familiares por estes dias. Isto é para os que estão em casa e sobretudo e em especial para os que estão lá fora… a proteger-nos
E veja o que diz o cantor e compositor Cristóvam:
– Nestes tempos estranhos, em que todos nos encontramos um pouco assombrados pela ansiedade, procuramos dentro de nós a melhor forma de a combater. Escrevi e gravei esta canção no meu pequeno estúdio como a minha forma de o fazer.
Segundo Cristóvam, sua intenção foi mandar, sim, um grito de esperança às pessoas. “Não é suposto ser nada mais do que a minha pequena tentativa de mandar um grito de esperança, aqui do meio do mar, para todos aqueles que neste momento mais precisam. Fiquem bem. Separados lutamos, juntos resistimos. Um abraço a todos”, disse.
O título da música está e italiano. Andrà Tutto Bene significa: Vai Ficar Tudo Bem.
É o que esperamos.
Agora, assista ao vídeo.
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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
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