Em que época você gostaria de viver? Por Meraldo Zisman

Em que época você gostaria de viver?

Meraldo Zisman

Se me fosse permitido escolher, seria um adolescente do aqui e agora. E muito feliz em viver em um país onde houvesse facilidades educacionais, sobretudo abertas às novidades do Mundo. Ao alcance de todos os jovens dentro da sua capacidade individual, como pessoas e cidadãos…

É muito comum encontrarmos pessoas desamparadas, como que esmagadas, ansiosas, algumas desiludidas e pior, sem esperança, achando que do jeito que as coisas vão indo o mundo vai se acabar.

Caso a pergunta viesse de um jovem ou de uma jovem rebateria, então, com ênfase: este período histórico tem uma espécie de fervência no ar.

Ocorrem na História períodos em que certas pessoas lançam ideias novas e sem que surjam ideias novas, nada muda. Dizem até que homens e mulheres razoáveis se adaptam ao mundo. Pessoas razoáveis adaptam o mundo a si mesmo. Jamais esquecer que não há progresso sem mudança.

E, tem mais, quem não consegue mudar a si mesmo, acaba não mudando coisa alguma. Digo assim parafraseando descaradamente o escocês  George Bernard Shaw,  prêmio Nobel de Literatura 1925.

Percebo no ar uma espécie de inquietação construtiva. Como foi a Londres na época de Shakespeare, Paris na “Belle Époque”. Para os que não sabem, explico ou repito:  expressão francesa que significa bela época, foi um período de cultura cosmopolita na história da Europa que começou no fim do século XIX, com o final da Guerra Franco-Prussiana, em 1871, e durou até a eclosão da Primeira Guerra Mundial, em 1914. Florença de Michel Ângelo do Renascimento  ou Atenas no tempo de Péricles nascido em  495/492 a.C. –  são outros lugares de novos pensares mas que nem em sã consciência desejaria morar naquele tempo. Nem anestesia havia…

Tudo o que os jovens podem fazer pelos velhos é escandalizá-los. E, assim,  mantê-los atualizados.

Quando penso no passado lembro-me dos direitos humanos, muito embora saiba que, de tão invocados, tornaram-se grandes esquecidos. Quando penso na juventude de hoje, imersa nesta quase terceira década do século XXI, na evolução integral dessa imensa riqueza de avanços científicos e tecnológicos que está nos levando a alvos jamais arrazoados, imagino o que essa juventude produzirá…

Se me fosse permitido escolher, seria um adolescente do aqui e agora. E muito feliz em viver em um país onde houvesse facilidades educacionais, sobretudo abertas às novidades do Mundo. Ao alcance de todos os jovens dentro da sua capacidade individual, como pessoas e cidadãos.

Não posso ignorar os problemas da superpopulação do globo, da violência, do terrorismo, das imigrações, da escassez de água, do aquecimento global, do gás carbônico atmosférico, das mudanças na constituição das famílias, dos mágicos  algoritmos, das inteligências artificiais e o que poderá vir a acontecer com a marcha da Quarta Revolução Social. Sem esquecer do perigo de uma guerra, desta vez biotecnológica, de resultados imprevisíveis.

Falei no início deste artigo da Grécia, o que é quase uma praxe, a de começar falando de um passado longínquo. Menciono agora os últimos 100 anos.

 Começo no ano de 1950 quando a humanidade estava apavorada com o número de megatons das bombas atômicas de hidrogênio Russas ou Americanas. Os filmes acentuavam os riscos e até me lembro de um deles, que foi o The Day After (o dia seguinte) de 1980, auge da Guerra Fria. Em meio à vida cotidiana são apresentados ao espectador os fatos que culminam na tão temida guerra nuclear.

 Mas tudo isso acabou. Vamos lá.

A Primeira Grande Guerra (1914) que deixou um número de mortos jamais visto, tantos que se tornaram incontáveis. Era a guerra das trincheiras.

O extermínio armênio em que o número total de pessoas mortas como resultado do genocídio é estimado entre 800 mil e 1,5 milhão. O dia 24 de abril de 1915 é convencionalmente considerado a data de início desse massacre, quando as autoridades otomanas caçaram, prenderam e executaram cerca de 250 intelectuais e líderes comunitários armênios em Constantinopla.

Não mencionei até agora a Segunda Guerra Mundial, quando aconteceram fatos jamais pensados por quaisquer parecenças da História e que está ainda servindo de temas para pensar, evitar e esquecer, jamais. Holocausto & Cia.

Tenho certeza de que a juventude de agora rejuvenescerá… o mundo, que fará as mudanças necessárias, quebrando tabus e círculos viciosos.
Esta Geração Transgeracional será capaz, por vez primeira, de abrir novas e largas estradas para a mais criativa era da Humanidade. O progresso é impossível sem mudança e eles vão saber como fazer.

Aqueles que não conseguem mudar seus pensamentos e paroquialismo (— visão limitada a um círculo puramente local, ignorando perspectivas, atividades ou interesses mais vastos e abrangentes) não conseguem mudar — Nada.

Tudo o que os jovens podem fazer pelos velhos é escandalizá-los. E, assim,  mantê-los atualizados.


Meraldo Zisman Médico, psicoterapeuta. É um dos primeiros neonatologistas brasileiros. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha). Vive no Recife (PE).

1 thought on “Em que época você gostaria de viver? Por Meraldo Zisman

  1. Caro Dr. Meraldo, tem minha grande admiração em suas crônicas. Certamente, eu escolheria a contemporaneidade, excluindo o analfabetismo, a invasão das mídias sociais deturpadas, e sem o mercantilismo da medicina.
    Mais um obrigada .

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