Apreciações gerais e tipologia da violência. Por Meraldo Zisman
[ Violência – VII / X]
Apreciações gerais e tipologia da violência
MERALDO ZISMAN
Juridicamente a palavra violência de origem latina “violentia” significa constrangimento físico ou moral; uso da força; coação. Agressividade do ponto de vista psicológico é a disposição para o desencadeamento de condutas hostis, destrutivas, fixada e alimentada pelo acúmulo de experiências frustradoras, segundo o dicionário Aurélio. Agressão é um ato em que um indivíduo prejudica ou lesa outro(s) de sua própria espécie intencionalmente.
O comportamento agressivo em humanos pode ser definido em condições gerais como um comportamento social hostil, como o de infligir dano ou causar prejuízo a uma pessoa ou grupo.
A diferença é que a agressividade faz parte do reino animal enquanto a violência é exclusiva do ser humano — pressupõe a razão.
Assim, toda violência é agressão, porém nem toda agressão é violência. Não devemos esquecer que da capacidade de ataque e defesa de qualquer ser vivo irá depender a sobrevivência dele e consequentemente da espécie a que pertença.
Muito embora a violência venha ser sempre a mesma, existem diversas formas e modelos através dos quais ela se manifesta.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece uma tipologia de três grandes grupos segundo quem comete o ato violento:
* Violência contra si mesmo (auto provocada ou auto infligida);
* Violência interpessoal (doméstica e comunitária);
* Violência coletiva (grupos políticos, organizações terroristas, milícias).
TIPO1
Violência Autoprovocada/Auto Infligida.
Ocorre quando a atitude violenta é auto provocada ou auto infligida, abarcando ideias suicidas, autoagressões, tentativa de suicídio ou suicídio (“o ato intencional de matar a si mesmo”).
Tipo 2
Violência Interpessoal
(Violência doméstica/intrafamiliar)
É a que ocorre entre parceiros íntimos e entre os membros da família, principalmente no ambiente da casa, mas não unicamente. É toda ação ou omissão que prejudique o bem-estar, a integridade física ou psicológica, a liberdade e o direito ao pleno desenvolvimento de outra pessoa da família. Pode ser cometida dentro ou fora de casa por algum membro da família, incluindo pessoas que passam a assumir função parental, ainda que sem laços de consanguinidade e que tenha relação de poder. A violência doméstica/intra familiar não se refere apenas ao espaço físico onde a violência ocorre, mas também, às relações em que se constrói e efetua. Este tipo de violência também inclui outros membros do grupo, sem função parental, que convivam no espaço doméstico. Incluem-se aí empregados(as), pessoas que convivem esporadicamente e agregados.
Tipo 3
Violência Coletiva
(Violência extrafamiliar/comunitária):
A violência extra familiar ou comunitária é definida como aquela que ocorre no ambiente social em geral, entre conhecidos ou desconhecidos. É praticada por meio de agressão às pessoas, por atentado à sua integridade, sua vida ou a seus bens e constitui objeto de prevenção e repressão por parte das forças de segurança pública e do sistema de justiça (polícias, Ministério Público e poder Judiciário).
Discussão
Quando cursava o meu curso primário, minha professora ensinava ser o Brasil um país essencialmente agrícola. Isto não é mais verdade pois a maioria das pessoas abandonaram as atividades rurais — não tanto pelo progresso técnico-científico — e migraram para as cidades, para sobreviver.
O resultado dessa migração foi sobrecarregar as cidades, mal preparadas para receber tamanho número de viandantes.
Será importante destacar a influência das três principais raças formadoras do povo brasileiro e seus antagonismos latentes, diante nessa/dessa situação.
Compreensiva será a postura desses migrantes que, para manter o seu equilíbrio emocional fora dos seus costumes ancestrais, tenha sido certo isolamento psicossocial. A penúria material e as diferenças deram com resultado a Cultura da Pobreza (carência social), bem como a exclusão social e a incapacidade de participar da Sociedade urbana. O canal então ficou mais profundo tornando-se mais dificultoso a mixagem desses recém-chegados com a população urbana, aumentando ainda mais o cadinho das lutas sociais.
Diversidades psicossociais necessitam de muito tempo para serem vencidas. Em resumo, essas diferenças resultaram no crisol da violência urbana.
Não devemos esquecer que violências se misturam com grande volatilidade e hoje se alastraram para a área rural, cuja população tornou-se presa fácil do crime organizado, trafico de drogas, roubos, furtos, roubos, assaltos, etc.
Nesse panorama, não deveríamos perpetuar os mesmos erros do passado, às portas da quarta revolução industrial.
Gostaria de dizer a minha professorinha que ensinava ser o país predominante agrícola que o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística, utilizando novas metodologias, diz que 84,4% dos brasileiros moram na cidade. Diante de tal quadro é compreensivo que apenas 2% de toda a população não se dizem temerosos com a violência no nosso país. Conferir:
https://noticias.r7.com/brasil/saude-e-violencia-sao-as-principais-preocupacoes-dos-brasileiros-24072018 (consultado em 12/04/2019)
ACOMPANHE A SÉRIE “VIOLÊNCIA”, DO AUTOR; SERÃO DEZ ARTIGOS. VEJA OS QUE JÁ SAÍRAM:
artigo I – Medicina e Política. Por Meraldo Zisman
artigo II – A Epidemiologia algorítmica na prevenção da violência. Por Meraldo Zisman
artigo III – Células espelhos. Por Meraldo Zisman
artigo IV – Violência Interpessoal. Por Meraldo Zisman
artigo V – O Medo Ancestral. Por Meraldo Zisman
artigo VI –Violência e Drogas. Por Meraldo Zisman
ESTUPENDA, Dr. Meraldo!
“Diversidades psicossociais necessitam de muito tempo para serem vencidas. Em resumo, essas diferenças resultaram no crisol da violência urbana.”