As surpresas da semana, por Maria Helena RR de Sousa
AS SURPRESAS DA SEMANA
POR MARIA HELENA RR DE SOUSA
Suas primeiras palavras como chanceler foram impactantes. Ele se comprometia a trilhar, na chefia do Itamaraty, “uma política efetiva, em função do interesse nacional, de um Brasil atuante, um Brasil feliz, um Brasil próspero”. Modesto, não acham?
PUBLICADO ORIGINALMENTE NO BLOG DO NOBLAT, VEJA ONLINE, 16 DE NOVEMBRO DE 2018
Foi uma semana surpreendente. Pelo menos para mim.
Confesso que estava curiosa com a aparência do ex-presidente Lula depois de sete meses de prisão. Pois não é que ele está muito bem? Corado, meio gordinho, com a voz firme e forte, só o cabelo mais branco, o que é natural na sua idade. E com a mesma garra de sempre…
A segunda surpresa veio com o nome do novo chanceler. Foi uma surpresa e tanto! Ao lado do presidente-eleito no momento em que esse anunciou seu nome, chamou minha atenção sua postura entre o solene e o grave, digna de um quadro a óleo para a galeria de chanceleres do Itamaraty. Claro que não é igual, mas que parece muito com o Barão do Rio Branco quando ainda Juca Paranhos, parece.
Suas primeiras palavras como chanceler foram impactantes. Ele se comprometia a trilhar, na chefia do Itamaraty, “uma política efetiva, em função do interesse nacional, de um Brasil atuante, um Brasil feliz, um Brasil próspero”. Modesto, não acham?
Atuante e próspero, pode até ser. Temos como chegar lá. Mas feliz? Isso já não é prometer muito? Será que ele levou em conta que para ser feliz o Homem precisa de Saúde, ou pelo menos médicos que possam ajudá-lo a recuperar ou manter sua saúde; um Teto para viver com sua família em segurança, com água na torneira e esgoto sanitário nas ruas onde vive; Creches para receber seus filhos para que o casal possa trabalhar tranquilo; Escolas onde suas crianças possam aprender a ler para furar o bloqueio da ignorância e atingir a luz; Empregos, pois sem empregos, cadê o dinheiro para viver?; Justiça para todos, sem preconceitos, sem distinção alguma.
… Tive que ler várias vezes. Custei a compreender e muito menos a acreditar no que lia. Mas como está em seu blog e não houve desmentido, aí vai a douta opinião do chanceler Ernesto Araujo sobre livrarias…
A mim me parece uma tarefa mastodôntica. Quem sabe Ernesto Araujo, um vitorioso, consegue? Afinal, ele conseguiu o impensável: embaixador sem embaixada, jovem ainda, recém-promovido a ministro de primeira classe, agradou ao presidente eleito e seus filhos, sem exceção. É ou não é uma grande vitória?
A outra grande surpresa ligada ao novo chanceler encontrei em seu blog Metapolítica 17. Copio aqui:
“You are your brain, diz o título de um desses livros mecanicistas que se publicam obrigatoriamente às dezenas todos os anos e que as pessoas compram porque os vêem na livraria. (Às vezes acho bom que as livrarias estejam acabando, porque as livrarias ultimamente selecionam e, ao selecionar, endossam o que há de pior na mínima denominação comum do materialismo. Sem livrarias, as pessoas vão chegar aos livros por outros caminhos, e deixarão de ler besteira só porque o livro aparece em destaque numa estante. O cânone materialista implícito que as livrarias aplicam dará lugar à plena liberdade e à livre concorrência das ideias.)
Tive que ler várias vezes. Custei a compreender e muito menos a acreditar no que lia. Mas como está em seu blog e não houve desmentido, aí vai a douta opinião do chanceler Ernesto Araujo sobre livrarias.
A terceira e mais aflitiva surpresa veio com a decisão de Cuba, com plenos motivos, de retirar do Brasil os seus médicos. É surpresa assustadora, para ser digerida aos poucos: como ficaremos sem eles?
Acho que isso nem Deus sabe…
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Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa
Professora e tradutora. Vive no Rio de Janeiro. Escreve semanalmente para o Blog do Noblat desde agosto de 2005. Colabora para diversos sites e blogs com seus artigos sobre todos os temas e conhecimentos de Arte, Cultura e História. Ainda por cima é filha do grande Adoniran Barbosa.