A Copa e as eleições do Brasil. Coluna Mário Marinho
A Copa e as eleições do Brasil
COLUNA MÁRIO MARINHO
A campanha eleitoral começou definitivamente com o debate da tevê Bandeirantes na semana passada.
Foi assunto recorrente no fim de semana, embora de debate mesmo pouco tenha acontecido.
Importante também porque os candidatos se mostraram fisicamente, se olharam, se respeitaram ou não, alguns aproveitaram para puxar saco uns dos outros.
Tudo absolutamente normal.
Alguém se destacou? Alguém conquistou o público? Alguém mudou voto de alguém?
Duvido.
Mas, mesmo assim, foi interessante.
Foi como a Copa do Mundo da Rússia.
Alguma seleção deslumbrou o mundo? Apareceu com alguma novidade capaz de mudar agendas futebolísticas? Algum esquema tático novo?
Não.
Mesmo assim, foi uma Copa interessante.
A França levou o festejado título para casa com um time que pode ser chamado de interessante.
Traçando um paralelo, diria que o Geraldo Alckmin foi a França. Claro, poderia ter sido melhor se não insistisse tanto em siglas e mais siglas que nada significam para o eleitor. Pelo contrário: serve para embaralhar. E mais, ele não consegue se desvencilhar do academicismo de professores dos anos 1950.
O Bolsonaro me pareceu com a Rússia.
A Rússia é sempre um mistério e sempre traz de volta para nossa cabeça os tempos da CCCP (em russo: Soyuz Sovetskikh Sotsialisticheskikh Respublik; em português: União das Repúblicas Socialistas Soviéticas).
Aquela seleção era temida. A começar por Lev Yashin, goleirão todo de negro que, por isso, ganhou o apelido de Aranha Negra.
A Seleção da Rússia na Copa não foi nada disso: foi um time alegre, leve, solto, nada de truculências.
O Bolsonaro que se viu no debate foi este: sentadinho no seu lugar, sorridente até abrindo mão de seu tempo.
Talvez tenha sido orientado por algum marqueteiro: quanto menos falar, menor será o desastre.
E tivemos a versão da extrema direita do Lulinha Paz e amor que foi eleito presidente da República no começo do século.
Fica provada uma teoria que eu defendo: Bolsonaro e Lula são as faces contrárias de uma mesma moeda.
Álvaro Dias pode ser encarado como a Colômbia.
A Colômbia ficou entre as cinco melhores seleções na Copa de 2010, no Brasil. Tinha James Rodrigues e dela esperava-se muito na Rússia.
Também esperava-se mais do senador. Mas ele já entrou em campo com o uniforme, ops, o terno errado. Fantasiou-se de Sérgio Moro.
Continuou errado ao ignorar solenemente a primeira pergunta, usando o tempo para se apresentar como se fosse um ilustre desconhecido, para se promover informando que abriu mão de duas megasenas ao longo de sua vida.
Marina pareceu a Costa Rica. Foi sorridente, procurou ser simpática, muito embora a voz esganiçada não ajude. Falou pouco, mas, pareceu estar preparando terreno para um novo reaparecimento daqui a quatro anos.
Ciro Gomes, assim como Bolsonaro, esbanjou sorrisos, elogios e chamou Bolsonaro o tempo todo de Jair, como fossem dois amigos de infância.
Tamanha felicidade remete à Seleção da Islândia que estava na Rússia com se estivesse no carnaval do Rio de Janeiro. Só alegria.
Mas, a alegria, a felicidade e a amabilidade de Ciro Gomes são tão confiáveis quanto uma nota de três reais.
O cabo Daciolo é a própria Seleção do Panamá. Alguém já tinha ouvido falar em Seleção Panamenha antes do Copa de 2018?
Acredito que não.
Boulos, que num sonho de uma noite de verão gritou shazam e se transformou em Lula, partiu logo pra porrada logo de cara. Foi como a Seleção do México que fez sua estreia vencendo a toda poderosa Alemanha, 1 a 0. Fez muito barulho mas ficou lá pelas rabeiras, como sempre.
O Brasil não esteve no debate. Nem na Copa do Mundo.
Veja os gols do Fantástico deste domingo.
https://youtu.be/diCup6tAR0Y
E os Tricolores da Terra da Garoa continuam gritando: segue o líder!
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– Mario Marinho – É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS
NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)
Boa coluna, Marilúcio. Gostei
Prezado Mário,
Gostei especialmente desta edição de Chumbo Gordo.
Grande abraço!