Senso e responsabilidade
“Parte da inflação é mundial e não há nada que o governo possa fazer”. Com a inflação ameaçando permanecer teimosamente acima de 6% ao final deste ano, depois de provavelmente romper o teto da meta em algum momento no segundo e terceiro trimestres de 2011, esta afirmação soa como uma confissão antecipada de derrota. Isto dito, é claro que a derrota ditada por condições externas não parece tão lamentável quanto a que resulta dos nossos próprios erros, como podem testemunhar os tantos técnicos de futebol cuja reputação depende da sua capacidade de atribuir a outros, normalmente à arbitragem, quando não ao estado do gramado e à dieta dos javalis, a responsabilidade por suas falhas.
Por outro lado, dado que a inflação de alimentos atingiu pouco mais de 10% nos últimos 12 meses, poderia parecer que o argumento faz sentido. Entretanto, quem refletir sobre o assunto por 23 segundos perceberá alguns problemas sérios. A começar porque se trata de um truísmo: se removermos do índice de inflação qualquer coisa que apresente um aumento de preços superior à média, o que sobrar deverá necessariamente crescer a uma taxa inferior à média.
Da mesma forma, se desconsiderarmos os preços que sobem menos do que a inflação cheia, o resto obrigatoriamente deve estar se movendo a uma velocidade mais alta. Assim, caso ignoremos, digamos, a inflação de preços administrados (3,25%), o IPCA teria atingido 7,1% nos últimos 12 meses, uma afirmação que poderia, ao contrário da anterior, levar à conclusão que a inflação é um problema ainda mais sério que índice cheio indicaria. Por que, então, a validade da primeira tese seria maior do que o da segunda?
É por este preciso motivo que recorremos à análise dos núcleos de inflação, que atenua o problema, seja pela remoção de influências exageradas num sentido ou noutro, seja pela definição de um conjunto fixo de bens e serviços que, acredita-se, seja menos volátil e, portanto, capture de forma mais fidedigna a inflação subjacente. Obcecados como somos pela inflação, temos agora nada menos que 5 medidas de núcleo de inflação, cuja média – para que ninguém me acuse de escolher a medida que mais se ajusta à minha tese – revela uma inflação subjacente na casa de 5,9% nos 12 meses terminados em fevereiro, apenas levemente inferior aos 6,1% registrados no mesmo período pelo IPCA.
Adicionalmente, a própria noção que a inflação de alimentos reflete apenas fatores fora do controle das autoridades pode ser confortável, mas não verdadeira. Em minha coluna mais recente neste espaço mostrei que houve uma quebra estrutural importante no comportamento dos preços de commodities expresso em moeda nacional a partir de outubro de 2010.
Enquanto até aquele momento os movimentos da taxa de câmbio compensavam em larga medida as alterações dos preços internacionais de commodities (valorizando quando estes subiam e depreciando em caso de queda), o aprofundamento da intervenção cambial, impedindo que a moeda se apreciasse mesmo contra um pano de fundo de elevação vigorosa das commodities, permitiu sua transmissão quase integral aos preços domésticos, com impactos nítidos sobre a inflação, em particular seu componente alimentício. Não por acaso a inflação de alimentos, que registrava pouco mais de 4% nos 12 meses terminados em setembro, saltou, num curto espaço de tempo, para os patamares atuais, já na casa dos dois dígitos.
A responsabilidade das autoridades nacionais neste processo pode ser avaliada pela comparação do comportamento da inflação de alimentos no Brasil relativamente a outros países da América Latina que também adotam o regime de metas para a inflação (Chile, Colômbia e México). Como se pode ver no gráfico, muito embora a inflação de alimentos tenha se acelerado em todos os países, a intensidade foi muito maior no Brasil. Assim, não apenas a inflação local se aproxima de 11%, contra uma média (ponderada) pouco acima de 4% nos demais países, mas também o salto no caso brasileiro, ao redor de 6,5%, supera por larga margem a aceleração algo superior a 2% observada nos outros países.
Fontes: IBGE, Banco de Chile, Banco de la República, Banxico
Do ponto de vista teórico esta política aproxima o regime cambial de um modelo de câmbio fixo, cujas inconsistências com o regime de metas para a inflação são bem conhecidas. Mesmo que a esterilização dos ingressos de moeda estrangeira num contexto de redução da mobilidade de capitais ainda permita que o BC siga fixando a taxa de juros interna, a inflexibilidade da taxa de câmbio no sentido da apreciação permite a contaminação dos preços domésticos, comprometendo adicionalmente o objetivo de manter a inflação próxima à meta.
Neste contexto, há muito que o governo pode fazer: basta aceitar suas responsabilidades e eliminar as inconsistências mais óbvias da política econômica, das quais a aceleração da inflação é apenas o resultado inevitável.
(*) É tudo culpa da guega cambial
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(Publicado 3/Mar/2011)
"guega" eh sacanagem…mas muito boa!
O Jô Soares fazia um personagem (o Capitão Gay) que falava igualzinho…
Voltou inspirado, show! Aproveitando que o México através do Banxico entrou no texto, acho que estamos participando de um famoso seriado mexicano, mas poucos estão se dando conta. Não é 2011 só o problema, são as expectativas de 2012, como nunca antes na história "deztepaíz", que já estão vazando do centro da meta. "Bacen-Colorado" e suas "Anteninhas de Alta Velocidade" não estão captando isto. Em vez de fazer uso de sua "Marreta Biônica" ele preferiu a princípio, acreditar no uso de sua "Corneta Paralisadora". Bem, as vendas de automóveis, imóveis e nível de emprego mostram que até agora…E quando faz uso da marreta, o faz com moderação. Bom, na verdade, o que fez o “Bacen-Colorado” foi tomar as "Pastilhas Encolhedoras", ficando bem menor do que já era. “Oh! E agora, quem poderá nos defender?”.
Abs
Sem querer "sacanear" ninguém, mas o Jo Soares como Capitão Gay não é a cara de um certo professor de Macroeconomia de Brasilia?? Já o Alex todo mundo agora já sabe que é o filho do Kadafi
Alex,
como sou mais novo e menos culto que vc, lhe pergunto: O Mantega já é o pior Min da Fazenda da nossa história recente ou na época do Sarney e Collor tivemos piores ?
abs
Teco
Páreo duríssimo…
"Páreo duríssimo…"
Sim. Mas convenhamos que ele é muito aplicado e, em tese, ainda tem pouco menos que quatro anos pela frente. Pode surpreender na reta final.
Ih carequinha!RODOU!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Agora vc vai ter muito tempo para escrever essas bobagens…
Infelizmente não…
Insisto..
A discussão com o gabrielli merece uma coluna contendo a 'versão pra colorir' explicando a capitalização..
Doutrinador
Boa sorte no próximo desafio!
"A discussão com o gabrielli merece uma coluna contendo a 'versão pra colorir' explicando a capitalização.."
É que eu já expliquei em duas colunas, mas vou pensar numa "versão para colorir".
Sério que foi pela discussão com o Gabrielli?!
tomou pé-na-bunda !!! E agora, vai chorar como um rapazinho mimado de ego gigante, e talento nem tanto ?
Olá Alexandre,
lamento profundamente a forma como foi noticiada a sua saída do Santander…um profissional é medido pela coragem e integridade técnica de apontar os problemas. Você é um expert e conhece o battlefied "lá de cima".
claro está que o brasil atravessa uma inflação de custos, permeada por falta de investimentos que ratificam O REPASSE nos preços.
nós vemos……a mídia estranhamente tem um olho vendado…
continuarei lendo os seus artigos e lhe desejo sucesso no novo rumo de seu jato de combate!
abraço
Celso Chini
Nossa que bicha recalcada este Roberto…
olá alex!
independente do que tenha acontecido,
vc sabe que tem leitores assíduos nesse blog, que se interessam nas análises sempre pertinentes e embasadas com "provas"e não com opiniões pessoais.
Parabéns pela conduta coerente com suas palavras.
[ ]'s
JCW
Alex: você acredita que se o MF fosse um nome com prestígio, credibilidade e compromissada com a racionalidade (que passasse credibilidade e aumentasse a previsibilidade), melhorariam as expectativas (só por mudança de nome), e uma taxa básica menor seria necessária?
Enfim, a falta de credibilidade e de bom senso do MF faz aumentar a necessidade de taxa básica?
O M aumenta a selic?
Prezado Alex,
Não sei os detalhes, mas a forma que me chegou lamento e ainda mais ler que pessoas ficaram contentes.
Alex,
voce vai para o governo?
Seria bom para o governo retomar credibilidade na area economica.
jv
Caro Alex,
Soube de sua saída do Santander aqui no blog. Fui verificar se era verdade a notícia e fiquei estarrecido ao ler que o mal estar causado pela discussão com a Petrobrás está relacionado a decisão do Santander. É um pena que depois da ilusão dos anos 90 voltemos a uma condição onde o setor privado é um apendice do poder público.
Abraço e boa sorte,
Roberto (o que não gosta de modelos monetários)
Ao dizer que não há nada a fazer o governo está assumindo publicamente que não reagirá adequadamente… ou seja, que não aumentará a taxa de juros como deveria. Não seguir uma regra de juros levará a um aumento da inflação… e muitos dirão que foi por causa da inflação mundial.
K Wicsell
Santander anuncia a saída de Schwartsman????
Alex
A inveja é um sentimento medonho. Francis Bacon escreveu sobre a inveja e anotou que os invejosos adoram escarafunchar a vida alheia e, assim, cultivar um prazer dramático na admiração da fortuna dos outros. Ele diz que a inveja é uma paixão dos vagabundos, isto é, “passeia pelas ruas e não fica em casa”.
Conta-se que quando Howard Hughes morreu os jornalistas correram a perguntar aos advogados: “Quanto ele deixou?”. E um deles respondeu: “deixou tudo”.
Aos invejosos
A Inveja é uma Admiração que se Dissimula
A inveja é uma admiração que se dissimula. O admirador que sente a impossibilidade de ser feliz cedendo à sua admiração, toma o partido de invejar. Usa então duma linguagem diferente, segundo a qual o que no fundo admira deixa de ter importância, não é mais do que patetice insípida, extravagância. A admiração é um abandono de nós próprios penetrado de felicidade, a inveja, uma reivindicação infeliz do eu. [Soren Kierkegaard. O Desespero Humano]
Entre tudo o que é mais sórdido e vulgar na natureza humana a inveja é a mais miserável. O invejoso é sempre um infeliz que sofre com o que os outros conquistaram.
Mas felizmente a natureza nos dotou um outro sentimento: admiração. Os que buscam a alegria e a promoção da felicidade devem buscar aumentar a admiração e desprezar a inveja.
Alex, vc está saindo de lá muito maior do que entrou. E agora vc tende a deslanchar na carreira.
Te desejo paciência e serenidade para que , dentre a chuva de propostas que irá receber, vc saiba escolher a melhor.
Abraço, Pai Alex.
PS: quem sabe esta não é uma oportunidade para, de alguma forma, vc se reaproximar da academia?
Schwarstamn nesse governo , JV!? Hahahaha… Não seria como perguntar se ele pega alguma diretoria na Petrobrás?
Admirável Alex,
Quem sabe agora teremos um "Curso de Especialização em Economia by Alexandre Schwartsman?" (sonhar não custa nada, rs)
Se permite, gostaria de postar um trecho do artigo que acabo de redigir: "A AMIZADE – em Aristóteles e em tempos de Internet".
Na Hélade, precisamente em Atenas, periodicamente os cidadãos eram chamados a, secretamente, escrever o nome de uma pessoa que gostariam que fosse expulsa da cidade num caco de cerâmica chamado “ostrakon”.
Se determinado indivíduo tivesse seu nome registrado muitas vezes, ele era simplesmente expulso da cidade. O período de ostracismo durava cerca de dez anos. Para quem se recusasse a pena era a morte.
Certa vez, um nobilíssimo e muito distinto cidadão ao flagrar seu nome sendo escrito indagou: “O que ele fez para que escrevas seu nome”? – o outro cidadão respondeu: “Nada. É que não suporto mais ouvir falarem tão bem dele”.
Boa Sorte amigo.
Bjs,
lu.
PS: Presumo que já hajam outros propósitos, em todo caso, a ESDC está às ordens!
Alex,
Desejo a vc sorte e muito sucesso daqui para a frente.
Tenho certeza que a instituiçao ficou mais pobre intelectualmente ao prescindir da sua inteligencia.
Conte comigo para o que precisar.
Forte abraço,
Duva
Sobre a saída do careca do banco :
VIVEMOS OU NÃO EM UM REGIME FASCISTA ?
PARA SER COMPLETO E NÃO DISSIMULADO, SÓ FALTA O FUZILAMENTO DOS OPOSITORES.
E HÁ QUEM DIGA QUE CHEGAREMOS A ISSO…..
A saída do Troster da Febraban foi muito parecida com a sua, profissional que trabalha em banco não pode criticar governo, pelo menos não esse governo, porque caí mesmo, a patrulha é feroz, basta ver os comentários aqui.
Voltar ao governo?
Tá de saca? Ou tá de porre?
Cada maluco que aparece…
Brados
Martins
Estou contigo, AS. Desejo a todos nós tempos menos sombrios, tempos mais nobres e civilizados. Pode ser que demore muito. Espero poder presenciar dias melhores, sem tamanho aparelhamento estatal. Estou seguro que um dia a corja cairá, ainda que leve muito tempo. Tudo de bom. Tobias.
como ser um simples cidadão?
Na vida vivida, vamos colecionando exemplos didáticos de como o mundo é o que sempre foi em exata correspondência da mentalidade dominante e o retrato das pessoas, das ruas, das cidades e regiões. Não há , no Brasil, nenhuma incoerência entre a mentalidade da casa Grande & Senzala e o retrato de nosso cotidiano. Assim, difícil apontar quem não tenha sido alvo de constrangimentos humilhantes.
Para a vida, então, estimo ter de buscar boas referencias de atitudes e não esqueço de nelas me apoiar, imitando o que de fato creio deve ser imitado em preservação da boa espécie. Lembro, contudo, que existem truques de toda natureza, principalmente verbal, de serventia valiosa, tal qual o ditado desconcertante de que o que fiz não me arrependo em que a sua simples negação em atos outros não pode negar a sua verdade.
O fato concreto é de que tenho um rol de regras que escudam minhas ações. A primeira que emprego é de não cobrar solidariedade de amigos em minhas pelejas. Valendo também o mesmo para os outros. Não me sinto compelido a ser solidário com ninguém. Isto não quer dizer que não possa sê-lo. O ponto é que é uma decisão estritamente subjetiva. A segunda, adquirida em boas conversas, é de que devemos usar palavras leves quando usamos argumentos pesados. A ira, um dos gigantes de nossa alma, deve ser contida em todas as instâncias e com mais razão ainda em circunlóquios toscos. A terceira regra é de que não entro em embates com quem é sabidamente diferente. Em decorrência disso, procuro andar sempre com pessoas mais inteligentes do que eu. Essas poucas regras são essenciais para livrar-me de aborrecimentos e descomedimentos desnecessários.
Descortinado o imbróglio dos nossos relacionamentos, volto-me a realidade do meu país. Nele encontro, talvez, a verdade de tanto sofrimento inútil. A bagunça e o descaso com que lidamos com nossos assuntos e questões corriqueiras. Tudo é motivo para deboche e já não encontramos os rituais, principalmente o de autoridade, validados em ocasiões oportunas. Todos pretendemos ser iguais. Não somos! Imparecença é o que há disseminado. Friso que sermos diferentes não implica necessariamente em escala do melhor ou pior, do bem ou do mal, do vencedor ou perdedor. Simples escolhas que moldariam cada um de nós a nosso jeito e acaso, fazendo-nos especial por nós mesmos. Talvez tenha sido este o mal que atacou um desafeto passado meu que hoje sai de seu emprego, sabendo que o mal maior da mentalidade oligárquica é imperiosa. Sei que o efeito de minha solidariedade é espiritual, digo apenas, na certeza de que, apesar do temporal, seu rumo em nada mudará : Alexandre Schwartsman, boa sorte nessa sua nova jornada.
Errata: haja.
Vamos lançar a campanha "Alex para presidente da Petrobras". hehe.
Espero que continue com o blog e mantenha sua contribuição como intelectual público. Sucesso aí na nova empreitada.
Zamba
Estimado Paulo,
Não li sobre a inveja em Bacon. Agradeço a referência. Raro encontrar quem se debruce sobre Sören Kierkegaard. Parabéns!
Quanto à inveja, Ovídio, em "Metamorfoses" a descreve de forma detalhadamente precisa. Vale a pena conferir amigo.
Um grande abraço,
lu.
PS: Estudei-a um pouco, por coincidência num artigo em que contei com a prestimosa ajuda do Alex: "Os Sete Pecados Capitais".
Sua soberba e arrogancia vão te enterrar.
"Sua soberba e arrogancia vão te enterrar."
Soberba e arrogância são sinônimos. Só um deles vai me enterrar; no seu caso será o parco domínio da língua.
Trabalhando em banco, no governo, na mídia, ou na academia, por favor não pare de blogar.
Alex, sucesso na nova fase!
Mate,
"Acredito que é melhor ser LIVRE do que ser um ESCRAVO. Acredito que é melhor DIZER o que se PENSA do que MENTIR. E acredito que é melhor SABER do que ser um IGNORANTE" Sábio de Baltimore.
Abs
Primeiro: o artigo como sempre ótimo.
Segundo: um banco comercial que tem como objetivo o lucro, não pode desagradar o presidente da maior empresa do país. Quando o Alex teve o entrevero com o presidente da Petrobrás já devia estar pensando em sair do Banco (ou então não conseguiu controlar-se). O banco não pode ser criticado. Mesmo os argumentos do Alex estando corretos não deveriam ser falados naquele ambiente. Um banco não pode se dar ao luxo de fechar portas.
Felicidades nas novas funções.
Luciene
Elogios sinceros são sempre bem-vindos. Fiquei feliz. Você é um amor.
Eu leio filósofos porque gosto deles. Eu não estudo a filosofia. No máximo, comento de segunda mão o que os que estudam escrevem. Nunca li Kierkegaard. Retirei a citação primorosa de um excelente blog português
http://citador.weblog.com.pt/
O tema da inveja no Bacon está nos Ensaios e certamente é herança da Antiguidade. A passagem é famosa. Se não me trai a memória, li pela primeira vez a respeito em algum texto do professor Roberto Romano, a quem admiro. É muito provável que Bacon tenha lido Plutarco e Ovídio e até mesmo Hesíodo.
Lecionei história antiga em passado já distante. Hesíodo, Homero e Ovídio eram lidos pelos meus alunos. Certamente a fonte ocidental mais antiga para o tema da inveja é Hesíodo no Os Trabalhos e os Dias. A boa Éris e a sua antípoda que conduz o irmão até os “juízes comedores de presentes”.
beijos
O Alex rodou por criticar a roupa do rei…
http://3.bp.blogspot.com/_jzO0Xus5zsw/TR084FJsg7I/AAAAAAAAAx8/DuEL45Q8FBg/s1600/reinu.jpg
O problema é que a maior empresa do país é uma repartição pública gigantesca controlada pelo partido que ocupa o governo. Críticas ao governo acabam sendo tomadas como críticas a empresa, a pensar que funcionários de bancos (e a mesma lógica se aplica as demais empresas privadas)não podem criticar o governo estamos entrando em uma área de perigo. Principalmente quando é uma crítica técnica e, mais ainda, uma crítica com que a maioria dos analistas independentes concordam.
A seguir a lógica do "não pode criticar o governo" em breve veremos os departamentos econômicos dos bancos obrigados a concordar com o BACEN e com a fazenda. No momento isto significa apoiar medidas absurdas como controle de câmbio, controle de capital, maquiagem das contas públicas, política fiscal descontrolada, ajuste fiscal que aumenta os gasto e etc. Significa não ver o caminho de aumento da taxa de inflação, significa não ver que o lado fiscal saiu de controle. Triste de uma economia onde negar a realidade para bajular o governo é o caminho de maximizar lucros.
Assutador.
Grandes projetos de infra-estrutura, intromissão em empresas privadas, volta das estatais. Estamos de volta aos anos 50-70, os anos 80 estão na esquina.
Roberto
P.S. Alguém perguntou se o Mantega foi o pior ministro da fazenda. Não foi. Este posto é do Delfim, embora o Mantega queira seguir o caminho ainda não chegou nem perto em termos de estragos feitos a economia.
Chutando Lata:
Fico feliz pelo Alex não seguir sua lista de princípios. Acredito que a maioria das pessoas a segue. Justamente por isso o Alex caiu. Teve a coragem de confrontar a mentira em público. Como quase ninguém tem caráter suficiente para isso, ele foi punido. Que ninguém se atreva a repetir essa ousadia. Vejam só, se todos economistas de nome no país assumissem uma atitude digna em defesa de suas crenças, seria inimaginável prever que todos seriam demitidos. Nesse caso, certamente cairia o mentiroso. Mas, deixa pra lá, ainda estamos longe de ter homens e mulheres de verdade em número suficiente para isso. O Alex, pelo que me parece, foi verdadeiro sem ser grosseiro. Isso que importa. Parabéns pelo exemplo!
Abs
Tb
Alex,
Parabéns pela postura firme e ética perante a linha de menor resistência dentro de um país q infelizmente é ainda dominado pelos buRRocratas. Trabalho c pessoas q tiveram oportunidade d trabalhar c vc no mercado financeiro e ratificam sua excelência profissional e humildade. Boa sorte, q vc tenha um futuro profissional ainda mais brilhante e q vc continue firme e forte c este blog.
Abs
Estimado Paulo,
Lecionaste História Antiga?
Que show meu amigo!
Homero e Hesíodo são meus ídolos (também eram de Platão, rs).
Sim, em Hesíodo, sem dúvida: “os juízes/reis/basileus comedores de presentes”. Quando puder, passe em meu Blog para uma prosa. Não me sinto à vontade em desviar o foco do MV.
Quanto ao que afirma “Tb”: “Teve a coragem de confrontar a mentira em público.” O nome disso em grego arcaico é "parresia".
Foucault publicou uma obra com esse título (achei em Milão, mas parece que a Martins Fontes acaba de publicar em português). Estou com Tarski agora (A concepção semântica da Verdade), mas assim que puder, pretendo estudar e escrever sobre isso.
Beijos,
Lu.
Puts,sempre suspeitei que o Alex é um parresiasta…
concordo com o anonimo 20:11
Alex, estava ouvindo agora o podcast do programa Fim de Expediente da CBN dessa sexta. E o destaque de um dos membros foi a sua saída. Foi bacana o comentário dele sobre vc. se não ouviu ache no site da cbn ou no blog. é mais gente achando um absurdo sua saída
Parrésico. Se for o caso, parrésico.
"O que fala a verdade, merece credibilidade por sua ética e coragem. Pois não se trata de apenas manifestar o que pensa, mas fazê-lo com risco de vida, ou seja, confrontando o poder. E o poderoso pode puni-lo por tamanho atrevimento".
Somente para completar a informação, a obra de Michel Foucault, editada pela Martins Fontes, intitula-se: "O governo de si e dos outros" (custa umas 70 dracmas). Retoma a questão da parresia desde Eurípides, Platão (Sócrates) até a modernidade.
Bjs, lu.
Senso e responsabilidade.
Imprescindíveis a quem se propõe ensinar.
Queira me perdoar Tb, nada mais constrangedor que se enganar. A terminologia utilizada está corretíssima: parresiasta, parrésico ou parresiázesthai.
Estudei um pouco o assunto e redigi um artigo intitulado "Parresía – A coragem de dizer a Verdade". Paradoxalmente, posto-o em meu Blog no dia 1º de Abril.
Beijos,
lu.
Alex, embora, mais que casualmente, leia seu blog e artigos na Folha e seja um desconhecedor da profundidade da ciência econômica e possa desfrutar e/ou argumentar aos seus artigos devido à minha limitação, fico chateado pelo ocorrido contigo, referindo-me ao episódio Petrobrás e sua saída do Santander.
Por intuição, que não soe arrogante ou presunçosamente, creio que você já devia estar na 'fritura' a algum tempo.
No linguajar mercadológico, você peitou a banca e pagou por isto.
Nâo é o fim e, pode ter certeza, financeiramente, você está mais bonito na foto do que muitos (me incluo).
Sucesso.