Quer ficar preocupado?

Peguei estes dados de uma apresentação do Fabio Giambiagi, que dá os créditos para o José Cechin. A amostra não está completa, mas é revelador que o Brasil, com menos de metade da proporção de pessoas com idade igual ou superior a 65 anos do que a Dinamarca, gaste tanto quanto esse país em aposentadorias e pensões.

P.S. Da dica do Leo Monastério (o texto de Roberto de Rezendo Rocha e Marcelo Abi-Ramia Caetano) copiei o seguinte gráfico, bastante semelhante ao que postei acima, mas com uma amostra bem mais representativa.

Fonte

He

36 thoughts on “Quer ficar preocupado?

  1. Infelizmente, esse tema nao e levado a serio pelos politicos porque nao gera dividendos eleitorais no curto prazo apenas no longo prazo.E como o Brasil esta crescendo e por sua vez esta arrecadando "como nunca na historia desse pais" a discussao da reforma previdenciaria e adiada. Mas em alguns estados, particualarmente, o estado do RS na qual resido, percebo que esse problema ja chegou. O estado do RS tem o maior deficit previdenciario per capita do pais e cada ano que passa o deficit e maior.
    Obrigado!

  2. E esse ano aconteceu algo inusitado. O governo Tarso Gento (petista) empreendeu uma reforma previdenciaria e as discussoes aqui no estado foram bem intensas. So a iniciativa de um governo petista no sentido de realizar uma reforma previdencia ja mostra o quanto delicada e a situaçao aqui no RS. Essas medidas do governador foi chamada de "pacoTarso" e olha que durante as eleiçoes, o PT criticou severamente o ajuste fiscal realizado pela governadora Yeda Crusius (tucana) no governo passado.

  3. Alex,

    Quais os motivos? Alto valor da aposentadoria no setor público? Os aumentos acima da inflação aos aposentados? Outros?

    Alguma solução à vista ou o custo político vai levar isso ao limite?

    Desculpe a dúvida primária.

    Abs

  4. Com certeza a distorção é causada pelo setor público. Essa loucura de aposentadoria integral é nos mesmos moldes das loucuras que estão enterrando a Europa.

  5. "Aonde está o buraco?"

    Se você não consegue ver, não sou eu que vou dizer.

    "Esta conta considera Seguridade Social e Previdência como entidades separadas ou está tudo no mesmo bolo?"

    Aposentadorias e pensões.

  6. "Quais os motivos? Alto valor da aposentadoria no setor público? Os aumentos acima da inflação aos aposentados? Outros?"

    Um pouco de tudo. Aposentadoria integral no setor público, idade relativamente reduzida de aposentadoria (a expectativa de vida aos 60 anos no Brasil em 2005 era 79 anos (homem) e 82 (mulher) contra 76/77 há 30 anos), o forte aumento real do salário mínimo, falta de controle na concessão de aposentadorias rurais, para ficar apenas nos mais óbvios.

    Leiam o que o Fabio tem publicado a respeito e verão a magnitude da encrenca.

  7. Existe um terrível confusão relativa as aposentadorias do setor público.

    Desde o começo dos anos 1990, reforçado após as reformas do FHC, a aposentadoria do setor público está equilibrada do ponto de vista atuarial. Vou além, se o funcionário público fizer a mesma contribuição que faz para previdência para um plano privado receberá uma aposentadoria maior do que a que recebe do plano público. Pelo menos era assim até 2002, quando eu fazia este acompanhamento, pode ter mudado algo com o grande aumento do funcionalismo entre 2002-2010. A contribuição do servidor incide sobre o salário bruto (incluindo gratificações) por isto a diferença. Some-se a isto os ocupantes de DAS que não são do quadro, estes contribuem para a previdência e não tem direito de se aposentar nos termos do RJU.

    A solução natural seria inserir os servidores no RGPS e complementar a aposentadoria por meio de um fundo específico. A transição seria finaciada com recursos do tesouro, note que hoje já é financiado pelo tesouro, não haveriam gastos extras. Note-se que isto não é tão diferente da reforma de 2003, que nunca foi regulamentada e está criando um esqueleto gigantesco.

    Quanto ao RGPS, qualquer discussão deveria começar por "limpar" receitas e despesas do sistema. Por exemplo, a recente redução da contribuição previdenciária de microempresários é interessante, mas deveria ter sido acompanhado de um repasse do tesouro para o caixa da previdência em montante equivalente ao tamanho do que deixará de ser arrecadado. Para isto é claro que deveria ser cirado um caixa específico da previdência. Outra medida urgente é a adoção da idade mínima de aposentadoria no RGPS, isto permitiria o fim do fator previdenciário.

  8. "Qual eh o prob de usar planilhas pra fazer cálculos? Vc não acredita no excel?"

    Argentinos pilotando Excel… Só confio em argentinos pilotando grelha 🙂

    Falando sério: estava sendo irônico ao reproduzir algumas críticas que o Giambiagi costuma receber da seção oligofrênica da blogosfera (por exemplo: leitores do Luis Nassif e o próprio).

  9. "Mas o Giambiagi é argentino… Dá para confiar?"

    Na verdade, ele é brasileiro. Mas acho que passou muitos anos na Argentina, o que só serviu pra f*der com o sotaque dele.

  10. Uma questao logica:

    1- Se a Biblia e tudo cascata

    2- E considerando que ninguem nunca encontrou o tumulo de Moises

    porque mesmo que o estado judeu tem direito 'as terras de Canaan?

    Seria porque eles matam os arabes mais eficientemente?

  11. Alex, da onde são esses dados? E de que ano?

    Não leio muito sobre o assunto, mas da ultima vez que me lembro a previdência tava nuns 7% do PIB em 2009.

  12. Seria talvez porque

    (1) a presença judaica lá não pressupõe acharem o túmulo do Moisés (que, de qualquer forma, vamos lembrar, está fora de Canaã – Deut 34);

    (2) se o Gênesis não é a descrição correta da criação do mundo, isto não implica que, por exemplo, Reis 2 não seja uma descrição razoavelmente precisa da sequência dos governantes de Israel e Judah dos séculos IX a VI a.C (muitos dos quais, diga-se, são referidos por fontes extra bíblicas, como os assírios, os babilônios, etc), nem que outros trechos também sejam historicamente precisos (Josué parece ser furado, Samuel II e Reis I também, mas Juízes e Samuel I, em particular a monarquia de Saul, parecem boas descrições de um estado em formação)

    (3) os judeus habitaram aquela área pelo menos desde o século XII a.C. (ver a referência a Israel na Estela de Merneptah) até a revolta de Bar Kochba, já no século II e sempre a consideraram seu lar.

    (4) você tem algum problema com isso?

  13. "Alex, da onde são esses dados? E de que ano?

    Não leio muito sobre o assunto, mas da ultima vez que me lembro a previdência tava nuns 7% do PIB em 2009."

    Do Brasil vem do José Cechin e o ano é 2006. Dos demais países vêm da OCDE e o ano é 2005.

    7% do PIB é só o INSS, sem contar as aposentadorias e pensões do setor público.

  14. "Seria porque eles matam os arabes mais eficientemente?"

    Se for, seria o mesmo motivo para justificar a civilização católico-lusófona que conquistou as terras do Brasil de hoje.

  15. Se me permitem 2 pitacos:

    (1) A discrepância não é de se esperar, do ponto de vista teórico, pois os países comparados já passaram pela pirâmide hetária "gordinha" e, portanto, pelo período de maior PEA, portanto, de maior produtividade (e crescimento do PIB per capita)?

    (2) Não tem como fazer um gráfico com países mais próximos de nós (os clássicos: Coreia, Argentina, México, Rússia) para sabermos se teremos companhia no inferno ou se vamos nos ferrar sozinhos? Eu faria se soubesse onde encontrar dados para isso…

  16. (1) Justamente por este motivo, não. Quem já passou pela pirâmide etária "gordinha" deve naturalmente ter um gasto previdenciário maior; o Brasil deveria, por este argumento, gastar bem menos hoje;

    (2) Deve dar, mas eu "roubei" estes do Fabio, que, por sua vez, "afanou" do Cechin. Pelo que conheço (só AL), para este inferno vamos sozinhos.

  17. 1. Na Dinamarca os servidores públicos não tinham/têm aposentadoria integral? A idade mínima historicamente não foi equivalente à brasileira?

    2. Nossa relação gasto previdenciário/PIB não é influenciada, historicamente, pelo fato de que, ao contrário da Dinamarca, o aposentado não teve todos os complementos que por lá existem, antes e depois da aposentadoria, tal como gratificações por filhos, escola pública, saúde pública?

  18. Para o João Paulo:

    1) Eu nunca ouvi falar em lugar nenum do mundo de aposentadoria integral. Uns 20 anos atrás eu li um bocado sobre regimes de previdência mundo afora e posso lhe garantir que uma taxa de replacement de 70-80% é considerada extraordinariamente alta.

    2) Não compensa. É uma jabuticaba brasileira e reflete a falta de democracia de nosso país. O sistema de aposentadoria dos servidores foi desenvolvido como uma forma de apaziguar as classes médias urbanas que assim se juntaram aos industrialistas para dividir os espólios do empobrecimento das zonas rurais. Como toda inovação que dura, acaba naturalizada — hoje em dia a maioria dos brasileiros acha natural que servidores públicos possam se aposentar com vencimentos integrais. É também uma das causas de nossa baixa taxa de poupança.

  19. Obrigado pela resposta, "O".

    1) Você poderia passar o link para essa bibliografia, se acessível e facilmente recuperável por você?

    2) Também acho que não compensa, mas não entendi o "empobrecimento das zonas rurais". E, como assim, "espólios"? Você se refere a algum tipo de transferência de renda?

  20. Pelo jeito nosso país ainda possui muitos elefantes brancos. A previdência é apenas mais um deles. A falta de profissionalismo, ética e moralidade existente e mais que evidente nos serviços públicos, ao contrário dos países desenvolvidos, sempre trará números e análises como essa, infelizmente. :/
    Clécio Augusto – BH

  21. "1) Você poderia passar o link para essa bibliografia, se acessível e facilmente recuperável por você?"

    Isso é passado remoto para mim, mas eu lembro que muito da pesquisa comparativa sobre previdência era feito sob os auspícios do National Bureau of Economic Research (NBER), então eu procuraria no website deles (www.nber.org), no programa de aging (http://nber.org/programs/ag/). Deve haver centenas de working papers sobre previdência social desde o comeco dos anos 90.

    "2) Também acho que não compensa, mas não entendi o "empobrecimento das zonas rurais". E, como assim, "espólios"? Você se refere a algum tipo de transferência de renda?"

    A política brasileira pró-industrializacão via barreiras tarifárias e subsídios às industrias teve o efeito colateral de empobrecer o campo. Seja via o efeito das barreiras tarifárias sobre os termos de troca do campo; quanto pelo custo fiscal de sustentar os subsídios. Daí o exôdo rural que aconteceu até os anos 80 e criou nossas megalópoles. Mais tarde com a crise do modelo de substituicão de importacões durante os anos 80 (devido à combinacão do custo de se subsidiar a indústria ter se tornado alto demais para uma sociedade democrática suportar e problemas fiscais em geral), os termos de troca melhoraram para o campo, o êxodo rural estancou e até alguns aspectos do estado de bem-estar chegaram ao campo.

  22. "Aonde está o buraco?"

    Se você não consegue ver, não sou eu que vou dizer.

    "Esta conta considera Seguridade Social e Previdência como entidades separadas ou está tudo no mesmo bolo?"

    Aposentadorias e pensões.

    ==

    Realmente não consigo ver neste gráfico… O buraco está no Sistema Público (RPPS) ou Privado (RGPS)? Por exemplo, há uma jabutica na RGPS, que são as aposentadorias Rurais ou de "necessitados"(aposentados que nunca contribuíram), que deveriam ser classificadas como Assistência Social e não Previdência.

    Outro problema são as pensões. Há muitas Maitê Proença penduradas no sistema.

  23. Da ultima vez que parei para analisar este dado, havia algo bastante interessante nele que era que o funcionalismo publico contribuia com 10% do seu salário para a aposentadoria, bem mais que o recolhimento de INSS. O problema é que com 10 anos de trabalho você conseguia se aposentar com salário integral, o que é um absurdo. Porém um funcionário que se aposenta depois de 35 anos de serviço publico com 65 anos, com uma expectativa de vida de digamos, mais 12 anos na média, está muito bem pagos estes 10%. Enfim, o problema não é a aposentadoria integral e sim as regras para obtê-las.
    Rogerio Arabe

  24. "(1) Justamente por este motivo, não. Quem já passou pela pirâmide etária "gordinha" deve naturalmente ter um gasto previdenciário maior; o Brasil deveria, por este argumento, gastar bem menos hoje;"

    A ideia é que, se no período da pirâmide "gordinha" o PIB crescer acima de determinado nível, mesmo com o aumento da população idosa, a relação gasto previdenciário/PIB pode se manter ou cair.

    É só uma especulação… De todo modo, não creio um crescimento dessas proporções seja uma opção plausível para o Brasil.

  25. “Vou somente incomodá-lo mais um pouco: essa história está detalhada em algum livro ou tese?”

    Eu me lembro de um livro chamado “Social Security and Retirement Around the World” publicado pelo NBER, editado por Gruber e Wise, que apesar do nome é sobre aposentadoria em países avançados apenas.

    Para países em desenvolvimento, o Banco Mundial publicou um livro sobre reforma da previdência na metade dos anos 90, mas não me lembro do nome.

    Quanto a fontes primárias, eu ainda não li o artigo do IPEA com os dados que o Alex mostrou no gráfico, mas provavelmente você vai encontrar a fonte primária dos dados. Já as regras para a Dinamarca sobre as quais você indagou antes, eu sugeriria um google. Graças a EU, é bem provável que o governo da Dinamarca tenha um website em inglês 🙂

  26. A previdência social estatizada, no regime de repartição, é financiada em boa parte pelas contribuições de quem irá se beneficiar futuramente. O problema nesse regime ocorre quando há déficits estruturais. Considerar a despesa total incluiria na mesma imagem negativa o regime de acumulação em que os agentes optam por maior poupança. Como ficariam os gráficos se fossem considerados apenas os déficits anuais? Melhor ainda, déficits ajustados pelo ciclo?
    JR

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