É admirável a coragem do Mankiw de tratar a intolerância de algumas pessoas de forma aberta tanto no blog dele como na mídia. Contra os intolerantes e "donos da verdade", nada melhor que as luzes da razão.
Em relação ao ensino de economia, faço duas considerações. Primeira, é comum a confusão entre ideologia e ciência. Os professores radicais (de "esquerda" e de "direita") fazem essa confusão e esquecem do fundamental que é ensinar as ferramentas (modelos, matemática, estatística, etc.) para se entender os fenômenos econômicos. Segunda, em geral, se ensina economia como uma ciência morta. Isso acontece porque os manuais são mal interpretados. Ao se analisar um modelo ou uma linha de pensamento, o mais interessante é destacar ou perceber os limites do que está sendo discutido e tentar vislumbrar novas explicações para os fenômenos que nos cercam.
Este é o ponto de Mankiw que de fato importa: o que é ensinar e o que é aprender? E o que ele responde vale para qualquer campo de conhecimento.
O que é central no artigo está magistralmente exposto nesta passagem pelas palavras do Keynes:
Yet, like most economists, I don’t view the study of economics as laden with ideology. Most of us agree with Keynes, who said: “The theory of economics does not furnish a BODY of settled conclusions immediately applicable to policy. It is a METHOD rather than a DOCTRINE, an apparatus of the mind, A TECHNIQUE FOR THINKING, which HELPS the possessor to draw CORRECT conclusions.”
Se eu trocar no texto o que é dito para a economia, dizendo que vale para a história, o texto não muda no essencial. Continua valendo também para quem pesquisa, ensina ou estuda, no caso, história.
Alex, nem Libertadores deu este ano. Mas o mais desagradável foi ver o "bom moço" Rogério Ceni se escorando em gandula para poder bater aquelas faltas. Saudações Rubro-negras.
De certo modo, essa discussão remete à preocupação do próprio pai de Keynes (J. Neville Keynes) no reconhecimento da Economia como ciência positiva, como destacado no "The Methodology of Positive Economics", de Friedman.
Meu inglês meia boca, aliado ao meu desconhecimento da obra de Keynes, trouxe dúvida a respeito do "rather than". Como gostei muito da frase, queria saber se entendi bem o que o Keynes quis dizer com esse "rather than".
Eu entendi que na frase [que, a meu ver, expressa um pensamento antidogmático] a melhor tradução seria "em vez de" e não "ao invés de". Na língua portuguesa, a segunda expressa oposição [ao invés de = ao contrário de] e a primeira confere precisão para o local de alguma coisa [em vez de = no lugar de].
Então, a tradução seria "É um método em vez de uma doutrina". Isto é, quem insiste em colocar doutrina no lugar que é do método não pode, por óbvio, vir a ser ajudado pelo método no trabalho de tirar conclusões corretas, permanecendo, assim, distante de produzir conhecimento em vez de ideologia. Nas escolas, professores honestos não ensinam ideologia.
Imagino que “doutrina”, no caso, esteja referida a sistema de crenças. No meu entendimento, doutrinário e sectário são sinônimos.
Ontem eu pensava a respeito de outro elemento de consequências muito interessantes. Na frase, Keynes afirma a oposição entre teoria e corpo acabado [settled = plenamente desenvolvido ou plenamente resolvido]. Assim, ele distingue o pensamento teórico do pensamento doutrinário. O pensamento doutrinário descansa ou encontra conforto nas suas certezas absolutas. O teórico, não. No caso da teoria econômica [fico restrito à frase, pois desconheço a obra], ela não constituiria um corpo [doutrina], mas um mecanismo [técnica] operado pelo intelecto em busca de conhecimento dos fatos da economia. E este conhecimento dos fenômenos da economia [o que é visível, o que vem à luz do intelecto, o que pode ser controlado por experimentos, o que é objetivo] é sempre um conhecimento provisório.
Mankiw ativou Keynes em uma crítica certeira às seitas, ao instinto de rebanho. Crítica que, parece-me, seria endossada por Milton Friedman, como vimos no post “Profético” [18/11/2011].
PS: Se for comentar minha resposta, não estranhe a minha ausência. Estarei a partir de agora fora do ar por uns dois ou três dias.
Baderneiro ignorante tem em todo lugar. A diferença está na maneira como são tratados. Olha a parte
"…The university administration, which had heard about the planned protest, sent several police officers to sit in my class for the day as a precautionary measure…"
Imagina só se isso acontece numa universidade brasileira. Pior ainda se pública.
Assim veio Keynes.Sua Teoria Generica esta' fundamentalmente errada, a estagflacao ocorreu na pratica e nao tem cunversa. Essa de que "foi so' um errinho entre tantos acertos" e estoria para ninar bovinos. O furo e' grande demais para deixar feridos.
Paulo, quando um pesquisador serio vem com uma teoria, ele imediatamente passa a dedicar sua vida para a comprovacao pratica. Foi assim com Einstein, por exemplo.
Ja' o xarlataes querem deixar tudo no bla'. Senao perdem a mamata.
"Uma tecnica de pensar…para chegar 'a conclusoes corretas". O que e' que poderia ser mais generico e mais vazio do que isso?
Keyenes so' nao e' inutil porque pode ser usado como um mau exemplo. Incompetente e enganador. Mas com muita erudicao.
A sua traducao tambem esta' correta, assim como a do Paulo. O termo contem um razoavel grau de ambiguidade. Pode, entre outras coisas, ser traduzido como "em lugar de" ou tambem "preferivelmente".
Recomendo esse comentário da Robin Wells (lynk no final):
Right now the general public views the economics profession with a large measure of distrust and in some cases outright contempt. Students are entering the worst job market in well over a generation, without much prospect of improvement. (…) In this environment, instructors who lecture on the superiority of free markets without acknowledging the dysfunction in the wider economy are at risk of appearing out of touch and exacerbating antipathy towards economics.
Comparar a contribuição para a macroeconomia de Hayek com a de Keynes é como debater que De Sordi teria sido mais importante para a seleção de 58 do que Pelé. Para quem não entendeu, Hayek seria De Sordi. Não chega nem a ser ridículo.
Recomendo que leiam o artigo que o Krugman linkou:
Meus caros, Finalmente a importância fundamental do De Sordi para a seleção de 58. Eu também sempre achei que superdimensionam a importância do Pelé. DE SORDI!!!! Este é o cara. Saudações
Caro Alex, muito boa indicação. Concordo substancialmente com o Professor Mankiw, mas não creio que sua manifestação tenha exigido muita coragem. Posso até perceber no texto um certo “marketing” pessoal, que é parte legítima de qualquer personagem pública. Também não enxergo vândalos, apenas os próprios estudantes que abandonaram as aulas têm algo a perder, não foram invadidos prédios ou danificadas instalações (como na democracia praticada por estas bandas). Pode ser uma manifestação burra, mas é legítima. Creio que o próprio professor concordaria comigo, ele está longe de desdenhar os manifestantes, o próprio fato de se dar ao trabalho de responder é uma indicação forte nesse sentido. Mais, eu diria que mesmo estando os manifestantes mal informados, demonstrando ingenuidade, ou o que for, o professor lhes concede um ponto, ainda que relutante: “The recent financial crisis, economic downturn and meager recovery are vivid reminders that we still have much to learn”. Depois da lambança do subprime nos EUA e da aparente apatia atual do “establishment”, que parece sentir gosto em prever o apocalipse (depois de ter-se mostrado bastante diligente, quanto tratou de resgatar a si mesmo com dinheiro do contribuinte), acho difícil negar que algo cheira mal na forma como as coisas foram feitas.
É admirável a coragem do Mankiw de tratar a intolerância de algumas pessoas de forma aberta tanto no blog dele como na mídia. Contra os intolerantes e "donos da verdade", nada melhor que as luzes da razão.
Em relação ao ensino de economia, faço duas considerações. Primeira, é comum a confusão entre ideologia e ciência. Os professores radicais (de "esquerda" e de "direita") fazem essa confusão e esquecem do fundamental que é ensinar as ferramentas (modelos, matemática, estatística, etc.) para se entender os fenômenos econômicos. Segunda, em geral, se ensina economia como uma ciência morta. Isso acontece porque os manuais são mal interpretados. Ao se analisar um modelo ou uma linha de pensamento, o mais interessante é destacar ou perceber os limites do que está sendo discutido e tentar vislumbrar novas explicações para os fenômenos que nos cercam.
Amigos liberais,
Meu nome é Henrique, membro do Instituto Liberal de Brasília
desde 2001 e fundador da Rede Liberal em 2004. Consegui
o e-mail de vocês em razão disto.
Escrevo para pedir ajuda ao Diretório Central dos Estudantes
da UNB:
http://liberdadeunb.blogspot.com/
e
http://www.dceunb.org/
Como devem saber, a nova gestão "Aliança pela Liberdade"
empossada há poucas semanas é claramente anti-esquerda
e sim liberal. O grupo tem membros do IL-Brasília e, de
certa forma, decorreu de idéias do saudoso Nelson Lehmann.
O novo DCE está em dificuldades. Está sendo intimidado pela
esquerda radical. Precisam de toda ajuda possível.
No dia 10.12.2011 (sábado), referido DCE fará uma reunião
para pessoalmente receber qualquer apoiador que deseje
aparecer. Será às 16hrs no auditório 4 no Instituto de Biologia
(IB)*, que fica ao lado da saída sul do Instituto Central de Ciências,
ICC (minhocão). Mais informações estão no site institucional.
Qualquer ajuda é bem-vinda, mesmo a simples solidariedade,
apoio moral e articulação. Não importa a ideologia, mas sim
que os apoiadores do novo DCE se conheçam, estejam
juntos e saibam que não estão sozinhos.
Peço que repercutam a presente mensagem. Peço que vão
ao evento. Peço que levem amigos. A hora é agora.
Um abraço e até lá
Henrique de Mello Franco
(61) – 8165-3247
Este é o ponto de Mankiw que de fato importa: o que é ensinar e o que é aprender? E o que ele responde vale para qualquer campo de conhecimento.
O que é central no artigo está magistralmente exposto nesta passagem pelas palavras do Keynes:
Yet, like most economists, I don’t view the study of economics as laden with ideology. Most of us agree with Keynes, who said: “The theory of economics does not furnish a BODY of settled conclusions immediately applicable to policy. It is a METHOD rather than a DOCTRINE, an apparatus of the mind, A TECHNIQUE FOR THINKING, which HELPS the possessor to draw CORRECT conclusions.”
Se eu trocar no texto o que é dito para a economia, dizendo que vale para a história, o texto não muda no essencial. Continua valendo também para quem pesquisa, ensina ou estuda, no caso, história.
Alex, nem Libertadores deu este ano. Mas o mais desagradável foi ver o "bom moço" Rogério Ceni se escorando em gandula para poder bater aquelas faltas.
Saudações Rubro-negras.
PAULO
Infelizmente tambem serve para quem mente, distorce, escamoteia, encobre…etc.
Um xarlatao e' sempre um xarlatao. Keynes, mais sutil que Marx.
Um grande abraco
Kleber S.
De certo modo, essa discussão remete à preocupação do próprio pai de Keynes (J. Neville Keynes) no reconhecimento da Economia como ciência positiva, como destacado no "The Methodology of Positive Economics", de Friedman.
TDX
Kleber
Meu inglês meia boca, aliado ao meu desconhecimento da obra de Keynes, trouxe dúvida a respeito do "rather than". Como gostei muito da frase, queria saber se entendi bem o que o Keynes quis dizer com esse "rather than".
Eu entendi que na frase [que, a meu ver, expressa um pensamento antidogmático] a melhor tradução seria "em vez de" e não "ao invés de". Na língua portuguesa, a segunda expressa oposição [ao invés de = ao contrário de] e a primeira confere precisão para o local de alguma coisa [em vez de = no lugar de].
Então, a tradução seria "É um método em vez de uma doutrina". Isto é, quem insiste em colocar doutrina no lugar que é do método não pode, por óbvio, vir a ser ajudado pelo método no trabalho de tirar conclusões corretas, permanecendo, assim, distante de produzir conhecimento em vez de ideologia. Nas escolas, professores honestos não ensinam ideologia.
Imagino que “doutrina”, no caso, esteja referida a sistema de crenças. No meu entendimento, doutrinário e sectário são sinônimos.
Ontem eu pensava a respeito de outro elemento de consequências muito interessantes. Na frase, Keynes afirma a oposição entre teoria e corpo acabado [settled = plenamente desenvolvido ou plenamente resolvido]. Assim, ele distingue o pensamento teórico do pensamento doutrinário. O pensamento doutrinário descansa ou encontra conforto nas suas certezas absolutas. O teórico, não. No caso da teoria econômica [fico restrito à frase, pois desconheço a obra], ela não constituiria um corpo [doutrina], mas um mecanismo [técnica] operado pelo intelecto em busca de conhecimento dos fatos da economia. E este conhecimento dos fenômenos da economia [o que é visível, o que vem à luz do intelecto, o que pode ser controlado por experimentos, o que é objetivo] é sempre um conhecimento provisório.
Mankiw ativou Keynes em uma crítica certeira às seitas, ao instinto de rebanho. Crítica que, parece-me, seria endossada por Milton Friedman, como vimos no post “Profético” [18/11/2011].
PS: Se for comentar minha resposta, não estranhe a minha ausência. Estarei a partir de agora fora do ar por uns dois ou três dias.
Abraços
achava q baderneiro ignorante tinha somente na USP. Sera que estamos exportante essa commodity tambem?
Baderneiro ignorante tem em todo lugar. A diferença está na maneira como são tratados.
Olha a parte
"…The university administration, which had heard about the planned protest, sent several police officers to sit in my class for the day as a precautionary measure…"
Imagina só se isso acontece numa universidade brasileira. Pior ainda se pública.
PAULO
Sua traducao esta' correta.
Como diria Abelardo Barbosa:
"Eu vim para confundir, nao para explicar".
Assim veio Keynes.Sua Teoria Generica esta' fundamentalmente errada, a estagflacao ocorreu na pratica e nao tem cunversa. Essa de que "foi so' um errinho entre tantos acertos" e estoria para ninar bovinos. O furo e' grande demais para deixar feridos.
Paulo, quando um pesquisador serio vem com uma teoria, ele imediatamente passa a dedicar sua vida para a comprovacao pratica. Foi assim com Einstein, por exemplo.
Ja' o xarlataes querem deixar tudo no bla'. Senao perdem a mamata.
"Uma tecnica de pensar…para chegar 'a conclusoes corretas". O que e' que poderia ser mais generico e mais vazio do que isso?
Keyenes so' nao e' inutil porque pode ser usado como um mau exemplo. Incompetente e enganador. Mas com muita erudicao.
Um grande abraco
Kleber S.
A tradução mais precisa, na minha opinião:
"It is a method rather than a doctrine" = "(a teoria econômica) Trata-se mais de um método do que de uma doutrina"
Keynes não nega terminantemente a doutrina pelo método nem opõe os dois termos.
DELFIM
A sua traducao tambem esta' correta, assim como a do Paulo. O termo contem um razoavel grau de ambiguidade. Pode, entre outras coisas, ser traduzido como "em lugar de" ou tambem "preferivelmente".
Abracao
humm… Alexandre, você viu o que o Krugman escreveu sobre Hayek?
http://krugman.blogs.nytimes.com/2011/12/05/things-that-never-happened-in-the-history-of-macroeconomics/
Confere?
O Alex terceirizou o blog?
Recomendo esse comentário da Robin Wells (lynk no final):
Right now the general public views the economics profession with a large measure of distrust and in some cases outright contempt. Students are entering the worst job market in well over a generation, without much prospect of improvement.
(…)
In this environment, instructors who lecture on the superiority of free markets without acknowledging the dysfunction in the wider economy are at risk of appearing out of touch and exacerbating antipathy towards economics.
We Are Greg Mankiw… or Not?
http://ineteconomics.org/blog/inet/robin-wells-we-are-greg-mankiw%E2%80%A6-or-not
Comparar a contribuição para a macroeconomia de Hayek com a de Keynes é como debater que De Sordi teria sido mais importante para a seleção de 58 do que Pelé. Para quem não entendeu, Hayek seria De Sordi. Não chega nem a ser ridículo.
Recomendo que leiam o artigo que o Krugman linkou:
http://www.economicprincipals.com/issues/2011.12.04/1314.html?
Alex,
E sobre a criação do Fundresp? Tem nada a declarar não?
Abs,
André
Meus caros,
Finalmente a importância fundamental do De Sordi para a seleção de 58. Eu também sempre achei que superdimensionam a importância do Pelé. DE SORDI!!!! Este é o cara.
Saudações
Caro Alex, muito boa indicação. Concordo substancialmente com o Professor Mankiw, mas não creio que sua manifestação tenha exigido muita coragem. Posso até perceber no texto um certo “marketing” pessoal, que é parte legítima de qualquer personagem pública. Também não enxergo vândalos, apenas os próprios estudantes que abandonaram as aulas têm algo a perder, não foram invadidos prédios ou danificadas instalações (como na democracia praticada por estas bandas). Pode ser uma manifestação burra, mas é legítima. Creio que o próprio professor concordaria comigo, ele está longe de desdenhar os manifestantes, o próprio fato de se dar ao trabalho de responder é uma indicação forte nesse sentido. Mais, eu diria que mesmo estando os manifestantes mal informados, demonstrando ingenuidade, ou o que for, o professor lhes concede um ponto, ainda que relutante: “The recent financial crisis, economic downturn and meager recovery are vivid reminders that we still have much to learn”. Depois da lambança do subprime nos EUA e da aparente apatia atual do “establishment”, que parece sentir gosto em prever o apocalipse (depois de ter-se mostrado bastante diligente, quanto tratou de resgatar a si mesmo com dinheiro do contribuinte), acho difícil negar que algo cheira mal na forma como as coisas foram feitas.