O Penta merecido do Cruzeiro na Copa do Brasil. Coluna Mário Marinho
O Penta merecido do Cruzeiro na Copa do Brasil
COLUNA MÁRIO MARINHO
É bem possível que se Cruzeiro e Flamengo continuassem jogando sem a decisão nos pênaltis, não se teria ainda chegado ao título de campeão.
Os dois fizeram um bom jogo no Maracanã com merecido empate. Voltaram a campo no Mineirão, na noite desta quarta-feira (27-09-2017), para um jogo fraco em técnica e em emoção, mas com outro empate merecido.
Como acontece no mata-mata de onde tem que sair um vencedor, a decisão foi para os pênaltis.
Eu sempre digo que pênalti não é loteria e que marca aquele jogador que estiver bem de cabeça.
Quase que a primeira bateria de cobrança de pênaltis fica também no empate, não fossem as atuações dos dois goleiros.
De um lado, o excelente Fábio Deivson Lopes Maciel, 36 anos, 1,88 metro de altura, 736 jogos pelo Cruzeiro, time que defende desde 2005. Com pouquíssimas convocações para a Seleção Brasileira e sem nunca vestir a camisa de titular.
Do outro lado, Alex Roberto Santana Rafael, 27 anos, que chegou ao Flamengo no ano passado, depois de brilhar no Figueirense em 2016 e fazer jus ao apelido de Muralha. Mas no Mengo não tem sido assim tão Muralha, nem tem a total simpatia da torcida.
No decorrer do jogo, Muralha foi pouco exigido. A rigor, só teve trabalho em duas bolas alçadas em sua área.
Já o goleiro do Cruzeiro teve um pouco mais de trabalho e mostrou-se impecável.
Na decisão por pênaltis, ficou patente a diferença entre eles.
Com a segurança que sempre demonstrou, Fábio procurou acertar o canto escolhido pelos cobradores.
Acertou duas vezes.
Na primeira cobrança do Flamengo, Guerrero chutou no canto direito, rasteiro, onde foi o goleirão Fábio que por pouco não defendeu.
Na cobrança do craque do time, Diego, Fábio foi outra vez no canto direito, e levantou a mão no momento certo para defender o chute cobrado à meia altura.
A defesa do título.
Já Muralha partiu para a errática estratégia de escolher em todas as cobranças o mesmo canto.
Aí é loteria.
E mais ou menos como Você entrar no cassino e escolher jogar sempre em um mesmo número na roleta.
Ou seja: ele pula. Se a bola bater nele, tudo bem, terá feito a defesa.
Veja no vídeo a decisão dos pênaltis que deu o quinto título da Copa do Brasil ao Cruzeiro.
https://youtu.be/jJvcU4oejKw
Se o Muralha conhecesse um pouco da história do futebol, saberia que a escolha por um canto só não é uma boa opção.
Ele saberia, por exemplo, que o Brasil foi desclassificado na Copa do Mundo de 1986, no México, pela França, em cobranças de pênaltis com o goleiro brasileiro Carlos optando por pular em um mesmo canto, o esquerdo.
Não deu certo. Veja o vídeo.
O título cruzeirense premia, além do herói Fábio e de toda a equipe, o técnico Mano Menezes que esteve durante muito tempo na corda bamba.
Premia também os dirigentes que optaram pela política de conservar o técnico, vencendo as pressões feitas pelos mais apressadinhos.
O Brasileirão
ainda está aberto
O Corinthians continua líder do Brasileirão com 54 pontos, 10 a mais que o Santos seu mais próximo perseguidor.
Em condições normais, é uma boa diferença e até difícil de ser alcançada.
Mas, não para o momento que vive o Corinthians.
A campanha corintiana no segundo turno tem sido medíocre. E certamente não perdeu ainda a liderança porque seus adversários mais próximos, principalmente o Grêmio, perderam pontos preciosos.
A rodada do fim de semana pode mexer, e muito, com a tabela.
O Palmeiras, terceiro colocado, recebe o Santos em casa. A vitória de qualquer um dos dois pode colocar o vencedor mais próximo do líder. O empate já não é tão bom para ambos.
O Corinthians vai a Belo Horizonte enfrentar o Cruzeiro. Parada indigesta. Se não voltar de lá pelo menos com um empate – o que ultimamente tem sido considerado um bom resultado – o Timão verá adversários se aproximando perigosamente.
Lá no final da tabela de classificação, o São Paulo tem mais uma boa chance para sair da pegajosa zona do rebaixamento: vai enfrentar o Sport no Morumbi.
Enfim, mais uma boa rodada do Brasileirão. Tomara que os juízes estejam tão inspirados quanto o Luis Flávio Oliveira que foi nota 10 na decisão entre Cruzeiro e Flamengo.
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Mario Marinho – É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, nas rádios 9 de Julho, Atual e Capital. Foi duas vezes presidente da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo). Também é escritor. Tem publicados Velórios Inusitados e O Padre e a Partilha, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
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