Confissões de derrota
De agosto de 2011, quando iniciou o ciclo de
afrouxamento monetário, até julho de 2012 o Banco Central prometeu entregar a inflação
na meta, garantindo que as medidas de política monetária foram tomadas com tal
objetivo em mente. Por exemplo, na ata do Copom referente à reunião realizada
nos dias 10 e 11 de julho deste ano, o Comitê afirmava que “as decisões futuras
de política monetária serão tomadas (…) com vistas a assegurar a convergência
tempestiva da inflação à trajetória de metas”.
afrouxamento monetário, até julho de 2012 o Banco Central prometeu entregar a inflação
na meta, garantindo que as medidas de política monetária foram tomadas com tal
objetivo em mente. Por exemplo, na ata do Copom referente à reunião realizada
nos dias 10 e 11 de julho deste ano, o Comitê afirmava que “as decisões futuras
de política monetária serão tomadas (…) com vistas a assegurar a convergência
tempestiva da inflação à trajetória de metas”.
Mais recentemente, porém, o Comitê recuou de sua
promessa original e passou a afirmar que “a inflação (…) tende a se deslocar
na direção da trajetória de metas, ainda que de forma não linear”. Não
bastasse, pois, o Copom confessar-se incapaz de atingir a meta, deixa também de
se comprometer com qualquer trajetória de convergência (o que, diabos,
significa “não linear”?) e, mais grave, não sinaliza um horizonte de tempo no
qual os agentes privados possam contar com uma inflação compatível com a
determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
promessa original e passou a afirmar que “a inflação (…) tende a se deslocar
na direção da trajetória de metas, ainda que de forma não linear”. Não
bastasse, pois, o Copom confessar-se incapaz de atingir a meta, deixa também de
se comprometer com qualquer trajetória de convergência (o que, diabos,
significa “não linear”?) e, mais grave, não sinaliza um horizonte de tempo no
qual os agentes privados possam contar com uma inflação compatível com a
determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
De fato, as projeções de inflação para 2012,
2013 e 2014 (até o terceiro trimestre), conforme o Relatório de Inflação (RI)
de setembro de 2012, se mantêm acima de 4,5%. O próprio BC, portanto, não
consegue precisar o tempo necessário para trazer a inflação de volta à meta,
por mais que professe arraigada fé na “convergência não linear”.
2013 e 2014 (até o terceiro trimestre), conforme o Relatório de Inflação (RI)
de setembro de 2012, se mantêm acima de 4,5%. O próprio BC, portanto, não
consegue precisar o tempo necessário para trazer a inflação de volta à meta,
por mais que professe arraigada fé na “convergência não linear”.
Em meio a tamanha incerteza não falta quem se
pergunte qual seria a verdadeira meta de inflação. Falta, isso sim, qualquer
pista mais sólida sobre o tema na comunicação usual do Copom, exceto que
certamente não mais se trata do número oficial. Há indicações em relatos da
imprensa, segundo os quais o BC tem argumentado que o IPCA registrou variação
inferior a 5,2% em apenas 3 dos 13 anos de vigência do atual regime (em 2006,
2007 e 2009). Note-se que 5,2% é valor que o último RI projetava para a
inflação em 2012.
pergunte qual seria a verdadeira meta de inflação. Falta, isso sim, qualquer
pista mais sólida sobre o tema na comunicação usual do Copom, exceto que
certamente não mais se trata do número oficial. Há indicações em relatos da
imprensa, segundo os quais o BC tem argumentado que o IPCA registrou variação
inferior a 5,2% em apenas 3 dos 13 anos de vigência do atual regime (em 2006,
2007 e 2009). Note-se que 5,2% é valor que o último RI projetava para a
inflação em 2012.
Parece, portanto, que o Comitê confessa mais uma
derrota e se contenta com uma inflação em torno deste valor e talvez mesmo um
pouco a mais, já que os últimos resultados sugerem uma elevação média de preços
mais próxima a 5,5% este ano, novamente surpreendendo as projeções oficiais.
derrota e se contenta com uma inflação em torno deste valor e talvez mesmo um
pouco a mais, já que os últimos resultados sugerem uma elevação média de preços
mais próxima a 5,5% este ano, novamente surpreendendo as projeções oficiais.
É interessante comparar a atual postura do Copom,
que persegue de forma (mal) disfarçada uma meta de inflação mais elevada do que
a determinada pelo CMN, com a adotada em 2004, quando o BC declarou publicamente
ter alongado o período de convergência. Naquele momento foi anunciado um
objetivo intermediário (5,1%) para 2005, assim como o compromisso de convergência
no ano seguinte. A inflação então recuou em direção à meta, onde permaneceu até
o final de 2007.
que persegue de forma (mal) disfarçada uma meta de inflação mais elevada do que
a determinada pelo CMN, com a adotada em 2004, quando o BC declarou publicamente
ter alongado o período de convergência. Naquele momento foi anunciado um
objetivo intermediário (5,1%) para 2005, assim como o compromisso de convergência
no ano seguinte. A inflação então recuou em direção à meta, onde permaneceu até
o final de 2007.
Ao deixar claro o desvio da inflação, assim como
sua estratégia para eliminá-lo, o Copom estabeleceu, para si próprio, limites
na condução da política monetária e deu ao setor privado a oportunidade de
avaliá-lo no processo. Ao fim dele a inflação esperada havia convergido para a
4,5%, valor do qual não se afastou até o final de 2010, revelando a vitória do
BC na batalha das expectativas.
sua estratégia para eliminá-lo, o Copom estabeleceu, para si próprio, limites
na condução da política monetária e deu ao setor privado a oportunidade de
avaliá-lo no processo. Ao fim dele a inflação esperada havia convergido para a
4,5%, valor do qual não se afastou até o final de 2010, revelando a vitória do
BC na batalha das expectativas.
O BC explicitou, pois, à época suas dificuldades
e os custos de convergência; hoje, em contraste, tais informações são
escamoteadas sob um rótulo impreciso e nenhuma indicação de como (ou quando) a
atual diretoria pensa em trazer a inflação de volta à meta.
e os custos de convergência; hoje, em contraste, tais informações são
escamoteadas sob um rótulo impreciso e nenhuma indicação de como (ou quando) a
atual diretoria pensa em trazer a inflação de volta à meta.
Some-se a isto o reconhecimento encabulado sobre
o não cumprimento da meta fiscal, (sugerindo que as premissas usadas para
prever a inflação são mais otimistas do que o Copom gostaria de admitir
publicamente) e temos uma explicação clara para a perda de credibilidade do BC,
expressa em expectativas inflacionárias persistentemente superiores à meta.
o não cumprimento da meta fiscal, (sugerindo que as premissas usadas para
prever a inflação são mais otimistas do que o Copom gostaria de admitir
publicamente) e temos uma explicação clara para a perda de credibilidade do BC,
expressa em expectativas inflacionárias persistentemente superiores à meta.
Já passamos da hora do BC explicitar o que
pretende fazer acerca da inflação, revelando qual o valor que de fato persegue
e como pretende cumprir o mandato que lhe foi conferido.
pretende fazer acerca da inflação, revelando qual o valor que de fato persegue
e como pretende cumprir o mandato que lhe foi conferido.
É 4,5%! É 4,5%! Não… |
(Publicado 24/Out/2012)
Convergência não linear é algo do tipo "antes de melhorar vai piorar".
Não. "Convergência não linear" é algo do tipo "quem sabe daqui uma década a inflação vá para o centro da meta". Quer dizer, em 2020 a inflação pode chegar em 4,5%, mas antes disso ocorrerá muitas subidas e decidas acima da meta. Isso é uma "convergência não linear", não é? Bastante preciso.
"Convergência não linear é algo do tipo "antes de melhorar vai piorar".
Não, convergência não-linear para esse pessoal é igual a "seja o que Deus quiser e vamos em frente". Você se lembra da tal "banda diagonal endógena" do câmbio "administrado" nos anos 90?
CABEÇALHO DO SITE DO BC.
"MISSÃO: ASSEGURAR A ESTABILIDADE DO PODER DE COMPRA DA MOEDA E UM SISTEMA FINANCEIRO SÓLIDO E EFICIENTE."
PERGUNTO: este BC está perseguindo a meta de Inflação estabelecida pelo CMN ou outra meta estabelecida pelo MF (Dilma?) de queda da taxa básica e câmbio administrado?
UM BC que consegue fazer inflação no auge de uma crise (1º semestre) não tem compromisso com o poder de compra da moeda e do povo (é demagogia ou ignorância?).
Você é tão inteligente, será mesmo que não entende o que quer dizer convergência não linear?
Vamos tentar de maneira simples: a inflação está em cerca de 5,3% e a meta é 4,5% (você queira ou não).
Convergência não linear significa que o BC vai permitir um aumento na taxa de inflação enquanto a economia estiver patinando, para depois fazer tal taxa retornar à meta.
Você ainda não entendeu isso? Vai continuar com suas críticas? Quer aparecer?
Nossa, vou até perder o sono. Um ponto a mais de inflação em troca de 5 pontos a menos da Selic…acho que valeu a pena. Esse artigo é típico de quem nunca foi dono nem de botequim…
e se o cmn tivesse alterado a meta nao teria sido menos custoso ao bc?
A meta é algo entorno de 6%, enquanto não bate ai, ele não faz nada. Nem mesmo as tais macroprudenciais.
É realmente um absurdo esse BC…. Os juros deveriam ter subido para 12,25% a.a para que a meta fosse alcançada… O que importa são os 4,5% da meta…. Nem que para isso o PIB tivesse que ir para zero…
Inflação em 5,5% é uma baita derrota 🙂
Para quem não se lembra:
… Tem blogueiro que comprou inflação implícita acima de 6% em 2012…. Errou feio… se fosse trader era um ano de bonus ZERO…
Na realidade a inflação está divergindo não linearmente do centro da meta, em outras palavras, está acelerando em direção ao teto.
Alex,
conhece aquele infeliz lema que diz que aqui no Brasil ha leis que nao "pegam". Pois eh, acho q a mesma coisa esta contecendo com o BC. Eh o famoso jeitinho Brasileiro mostrando suas caras no BC
Alex,
Vejo você constantemente criticando a atuação do BC na condução da política monetária. Concordo (é claro) com você que o BC foi incapaz de ancorar as expectativas de inflação e estamos verificando níveis perigosos que podem levar tempo para cair.
Entretanto, em nenhum momento vi você calculando a potencial perda de crescimento, ou talvez até mesmo queda de atividade que estaríamos vivendo caso o BC não tivesse iniciado o ciclo de quedas lá em Agosto/11 mesmo com as críticas de tantos economistas, incluindo você.
Há formas de se calcular isso? Ao menos alguma aproximação? Sou crítico da desinformação e falta de linearidade de BC também, mas não consigo discordar 100% da atuação vendo nossa atividade fraca e o mundo em potencial deflação. Não concorda que de fato conseguimos aproveitar o momento para diminuir nosso juro sem prejudicar "tanto" a inflação?
abs.
Felipe.
Nem trade off de curto prazo os caras do BC estão conseguindo…
A que ponto o analfabetismo e obscurantismo dos austríacos pode chegar?
http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=629
Vergonha alheia desse texto.
Tem pessoal que nao tem menor ideia como funciona politica monetaria e o mandato do BC e fica dando pitaco.
Para os iniciantes, o mandado do BC e' unica e exclusivamente estabilidade do poder de compra da moeda (e do sistema financeiro). O BCB nao tem mandado p crescimento (como o FED) muito menos p juros, cambio ou outra invencao. Isso significa que legalmente ele sim tem que perseguir a meta de 4.5% estabelecida pelo CMN e ponto final. A banda da meta e' so' para acomodar choques e nao para enganar o povo.
E sim, ha' uma grande diferenca em 4.5 e 6 de inflacao (quase 25 pp em 10 anos), fora o custo com a perda de credibilidade e implicacoes para a dinamica futura da politica monetaria. Pelo o historico inflacionario do Brasil, brincar com a inflacao e' muito serio e nao aconselhavel. A conta vai chegar la na frente.
"uma pequena inflacao e' como uma pequena gravidez, ela continua crescendo."
A desagradável matemática da política fiscal keynesiana (aqui me refiro aos estimulos fora de hora e exagerados). O governo prorrogou a redução do IPI para carros, alguém esperava o contrário? É difícil estancar a diarréia fiscal quando a inflação está em alta, mesmo que o desemprego esteja em baixa, pelo menos para este governo. A parte teórica é esta, o Mantega desesperado para fazer a economia crescer mais do que 1,5%, o BC de quatro para a Dilma e vamo que vamo. A parte pratica é a seguinte, as cidades entupidas de carros, não há investimento em transporte público, perde-se horas e horas no volante e a industria automobilística se aproveita de tudo e vende carros caríssimos aos índios. É isso aí, o negócio é explodir o consumo, via demanda, oferta que é bom nem pensar. Afinal de contas vivemos em um mundo sem restrições…
Meus caros,
Os comenários continuam divertidíssimos (viva meu bom humor). Iria colar aqui o comentário raivoso sobre a convergência não-linear ("significa que a inflação vai subir, o que você tem contra isto?").
Mas apareceu o impagável sobre o dono do botequim ("você nunca teve um botequim para eu poder beber fiado" – Espera, esta última parte não estava lá) e a total indiferença com os consumidores – todos pobres – do mesmo.
Mas aí chega os impagáveis indignados que não sabem do que estão falando ("E a pobreza? E a gravidez das adolescentes? E o crescimento?") pressupondo trade-offs que há muito sabemos não existirem.
Por isto, lá vai meu comentário (desculpem as letras garrafais):
"VOCÊ, PREOCUPADO COM A INFLAÇÃO, E OS JUÍZES ROUBANDO ABSURDAMENTE NO CAMPEONATO BRASILEIRO. ISTO VOCÊ NÃO DIZ, NÃO É, SEU SAFADÃO!!!!!").
Saudações
"Convergência não linear significa que o BC vai permitir um aumento na taxa de inflação enquanto a economia estiver patinando, para depois fazer tal taxa retornar à meta."
Ah, claro. E vai fazer a inflação convergir quando o crescimento for mais forte e o mercado de trabalho estiver mais apertado.
Ainda bem que você não quer aparecer, senão a carrocinha te leva…
".. Tem blogueiro que comprou inflação implícita acima de 6% em 2012…. Errou feio… se fosse trader era um ano de bonus ZERO…"
Que blogueiro? Este que vos fala desde o começo do ano fala de inflação entre 5% e 5,5%, mais perto de 5,5% do que de 5%
Isto dito, a inflação implícita para mai-13 está em…6,3%!
Tsc, tsc, tsc…
PARA A TURMA BEM INTENCIONADA QUE ACREDITA QUE TAXA BÁSICA INADEQUADAMENTE BAIXA TRÁS BENEFÍCIOS:
O Fed (USA) ADOTA TAXA BÁSICA NEGATIVA MAS SUA INFLAÇÃO ESTÁ MUITO ABAIXO DA META (3%).
O Bacen (Brasil) adota uma taxa básica inadequadamente baixa e consegue fazer a inflação superar a meta e ficar ascendente. O risco do retorno do processo inflacionário é grande. A credibilidade conquistada por outras administrações que este Bacen vai perdendo aos poucos, só isto já é condenável e desaconselha demagogias.
E o crescimento econômico fica maior? O SUSTENTÁVEL NÃO. O artificial é desaconselhável.
Substituir a sabedoria do mercado (milhares de pessoas com interesses em jogo) por burocratas que nunca trabalharam na atividade privada (nunca lutaram pela sobrevivência, por melhoria contínua, por modernizações, por ganhos de produtividade, nunca exportaram, importaram, lutaram contra excessos de burocracia.)?
Pessoal,
Vamos solicitar ao Wiliam Waak para em algum Painel da Globo News juntarmos o Alex e o Trombini!
Muitas das nossas dúvidas seriam finalmente esclarecidas!
"VOCÊ, PREOCUPADO COM A INFLAÇÃO, E OS JUÍZES ROUBANDO ABSURDAMENTE NO CAMPEONATO BRASILEIRO. ISTO VOCÊ NÃO DIZ, NÃO É, SEU SAFADÃO!!!!!")"
Falha minha…
Vamos solicitar isso ao Wiliam mesmo!
Queremos uma "acareação econômica"! hehe
Seria muito interessante, mas acho que o Tombini não vai!
Alexandre, tira uma dúvida?
Enquanto a economia crescia 7,5% ao ano, a inflava rodava em cerca de 6%. Agora a economia cresce cerca de 2% ao ano e a inflação roda em torno de 5%.
Será mesmo que a nossa inflação é de demanda? Como comprovar isso?
Abs
MNB
MNB:
1) Não é a taxa de crescimento que determina a inflação, mas sim o hiato de produto. Uma economia pode crescer muito, mas, se o hiato for elevado, as pressões inflacionárias não aparecem até o hiato começar a se reduzir;
2) Mesmo este efeito não é imediato: no Brasil demora cerca de dois trimestres.
3) As taxas de inflação até o ano passado era calculada com uma metodologia; agora é outra. Na metologia antiga a taxa de inflação agora seria cerca de 0,7% mais alta.
Abs
O decreto 3088 diz:
Art. 1º (…)
§ 2o As metas e os respectivos intervalos de tolerância serão fixados pelo Conselho Monetário Nacional – CMN (…)
Art. 2o Ao Banco Central do Brasil compete executar as políticas necessárias para cumprimento das metas fixadas.
(…)
Art. 4o (…)
Parágrafo único. Caso a meta não seja cumprida, o Presidente do Banco Central do Brasil divulgará publicamente as razões do descumprimento (…)
se esse país fosse sério teria mais um arigo dizendo algo como "caso a meta não seja cumprida por x períodos consecutivos corta-se a cabeça do presidente do BC", e o Tombini já teria levado um tombão.
Alexandre,
Mas o hiato do produto não está bastante aberto neste momento? Meus calculos (simples) via função de produção e filtro HP mostram que o hiato está um algo negativo. Não deveria a inflação estar em queda?
Ou será que estou errando ao considerar o hiato, mas desconsiderando a NAIRU? Realmente a taxa de desemprego no país está muito baixa, o que evidenciaria um possível limite de oferta na economia brasileira…
Quando a economia está no potencial, então vigoram a NAIRU e a NAICU, por definição, não? Como pode a economia estar abaixo do potencial e a taxa de desemprego estar abaixo da NAIRU (deveria logicamente estar acima)?
Grato pela ajuda,
MNB
Alexandre, você não respondeu a pergunta do cara, de como comprovar se a inflação atual é de demanda?
Pela dinãmica do crescimento e da inflação, eu diria que a inflação é de oferta…
Abs
"Vamos solicitar ao Wiliam Waak para em algum Painel da Globo News juntarmos o Alex e o Trombini!
Muitas das nossas dúvidas seriam finalmente esclarecidas!"
Caraca, neguinho é muito baba-ovo desse careca… é isso que ele quer, ter aparição pública… Fala sério, Tombini tá cagando pro que o Alex pensa… Ele e o COPOM tem totatl capacitação técnica de lidar com os problemas atuais…
O BC não está perdido, está adotando uma estratégia muito clara (para o BC). Por que ele deveria ser 100% transparente? Provem o porquê dessa frase repetida à exaustão??? Provem!
Os quermesseiros estão se negando a debater com o Malex e nos bastidores o apelidaram de Pitbull.
http://www.youtube.com/watch?v=qIfYf1PtEyc&feature=fvst
"Quando a economia está no potencial, então vigoram a NAIRU e a NAICU, por definição, não? Como pode a economia estar abaixo do potencial e a taxa de desemprego estar abaixo da NAIRU (deveria logicamente estar acima)?"
Pois é, questão difícil com a qual tenho brigado há tempos. Eu formulei um modelo de dois setores (resumo do relatório aqui http://maovisivel.blogspot.com.br/2012/07/sophies-choice.html) em que mostrava que a elevação da demanda no contexto de uma economia operando a pleno emprego implicava elevação da produção de serviços e queda na produção de bens.
Na formulação original o único insumo era trabalho. Por sugestão do Samuel introduzi capital na função de produção de bens, para refletir que o setor industrial é mais capital intensivo.
A resposta ótima passa a ser um aumento da relação entre capital e trabalho no setor industrial, o que pode ser interpretado como redução da NAICU.
Posto de outra forma, a NAICU não é imutável, mas responde a preços relativos, no caso uma elevação do salário real a reduz (uma queda a aumenta).
Esta é a melhor resposta que obtive até agora.
"Pela dinãmica do crescimento e da inflação, eu diria que a inflação é de oferta…"
E como você explica a inflação de serviços rodando muito acima da inflação de bens e seguindo de perto estimativas de elevação do custo unitário do trabalho.
Ao Anônimo das 14:58
Não tem nada a ver com babação de ovo! Se vc faz isso pra quermesseiros e para outros é problema seu!
Meu ponto aqui é que seja feito um debate pra vermos quem tem razão ou não!
O debate serviria apenas pra ele explicitar seus argumentos e o Alex o dele.
Vc não queria ver essa discussão?
Ou quer ficar acreditando em contos de fadas de economistas bobocas?
Outra: se o Alex quer se aparecer eu não sei e não me interessa, mas contras os argumentos que ele coloca não vi nenhum boboca da turma que vc baba-ovo contestar com dados e análises convincentes!
Cordialmente
"O BC não está perdido, está adotando uma estratégia muito clara (para o BC)."
Claro que sim: esta estratégia chama-se "deixar a inflação solta"
"Por que ele deveria ser 100% transparente? Provem o porquê dessa frase repetida à exaustão??? Provem!"
E por que ele deveria esconder a estratégia dele? Sabe-se que o essencial para minimizar custos de desinflação e eventualmente responder a choques negativos de demanda e oferta é manter a inflação na meta. Se o BC não diz sequer que meta persegue perde isso a zero de jogo.
E, na boa, chiliquinho aqui não, tá santa?
"E como você explica a inflação de serviços rodando muito acima da inflação de bens e seguindo de perto estimativas de elevação do custo unitário do trabalho."
Recomendo o livro do Baumol (2012), cuja argumentação básica é o seguinte: há cinquenta anos, a inflação de serviços que requerem muito labor input de modo estrutural (educação, saúde, manutenções de todos os tipos, etc) tem sido muito mais forte que o CPI cheio porque enquanto nas manufaturas a produtividade sobe via automação, esse processo é muito limitado nos tais serviços labor-intensives. Mas qual o canal ligando produtividade relativa de dois setores à inflação relativa? A produtividade na manufatura eleva os salarios na manufatura, mas os salários nos serviços labor-intensives não podem ficar muito para trás, pois se ficarem o pessoal empregado deixa essa área para aquelas onde o salário é crescente, e esse movimento volta a elevar os salários na área de serviços. ou seja, ligando os dois setores umbilicalmente está o mercado de trabalho. O problema é que esses salários mais altos, que são o principal custo de produção no setor de serviços, não são contrabalançados por produtividade mais elevada, como no caso da manufatura. Isso implica em preços finais mais altos para esses serviços (na manufatura isso não acontence pois a produtividade subiu junto com os salários). Assim, os altíssimos preços dos serviços médicos, dos concertos de música, da educação, e de outras atividades muito labor-intensive são o resultado natural do progresso na produtividade dos outros setores da economia."
No caso da economia brasileira ainda tem o agravante das políticas de aumento reais do salário mínimo, que são socialmente muito boas, mas que causam inflação em especial no seitor de serviços.
Abs
MNB
"Pois é, questão difícil com a qual tenho brigado há tempos. Eu formulei um modelo de dois setores (resumo do relatório aqui http://maovisivel.blogspot.com.br/2012/07/sophies-choice.html) em que mostrava que a elevação da demanda no contexto de uma economia operando a pleno emprego implicava elevação da produção de serviços e queda na produção de bens."
Seu modelo é triste, tristinho, de tão ruim… Você faz essa ginástica mental para defender sua tese, é isso mesmo?
Não seria mais fácil admitir que a inflação é de oferta mesmo? O crescimento desacelera um bocado e a inflação quase não mexe… ta brincando né?
"Vc não queria ver essa discussão?"
Não.
"Ou quer ficar acreditando em contos de fadas de economistas bobocas?"
O Tombini não é um boboca. Tampouco os demais membros do BCB.
"Outra: se o Alex quer se aparecer eu não sei e não me interessa, mas contras os argumentos que ele coloca não vi nenhum boboca da turma que vc baba-ovo contestar com dados e análises convincentes!"
Leia o modelo do Alex e veja se é convincente a explicação dele…
Baba-ovo!
"Claro que sim: esta estratégia chama-se "deixar a inflação solta"
Exatamente. Como você adivinhou?
"Você faz essa ginástica mental para defender sua tese, é isso mesmo?"
Já no seu caso percebe-se a completa ausência de ginástica mental…
"Baba-ovo!"
Chiliquenta…
"A produtividade na manufatura eleva os salarios na manufatura, mas os salários nos serviços labor-intensives não podem ficar muito para trás, pois se ficarem o pessoal empregado deixa essa área para aquelas onde o salário é crescente, e esse movimento volta a elevar os salários na área de serviços. ou seja, ligando os dois setores umbilicalmente está o mercado de trabalho. O problema é que esses salários mais altos, que são o principal custo de produção no setor de serviços, não são contrabalançados por produtividade mais elevada, como no caso da manufatura."
Mas, se, ao invés de apenas ler o Baumol, você se dignasse o olhas os números veria que:
1) O salário no setor de serviços é mais elevado que na manufatura
2) Idem a produtividade
3) São os salários no setor manufatureiro que estão se aproximando dos salários no setor de serviços e, no processo, reduzindo a lucratividade (portanto a produção) no setor de manufaturas.
4) O setor de manufaturas não aumenta o preço por conta de crescimento mais rápido da produtividade (o custo unitário do trabalho no setor vem crescendo), mas porque está exposto à concorrência externa; já o repasse dos custos unitários no setor de serviços é limitado apenas pela demanda. Daí a mudança de preços relativos.
"Exatamente. Como você adivinhou?"
Contatos com o Além….bwahahahahahaha (é para ser uma risada satânica)
E aí Tombini?
O povo quer saber, se vc vai debater ou vai pedir pra Thinker Bell vim aqui falar por vc?
MNB,
desencana do Baumol, vai direto no Samuelson. Ele que mostrou tudo que vc falou no seu comentario.
"Mas, se, ao invés de apenas ler o Baumol, você se dignasse o olhas os números veria que:
1) O salário no setor de serviços é mais elevado que na manufatura
2) Idem a produtividade
3) São os salários no setor manufatureiro que estão se aproximando dos salários no setor de serviços e, no processo, reduzindo a lucratividade (portanto a produção) no setor de manufaturas.
4) O setor de manufaturas não aumenta o preço por conta de crescimento mais rápido da produtividade (o custo unitário do trabalho no setor vem crescendo), mas porque está exposto à concorrência externa; já o repasse dos custos unitários no setor de serviços é limitado apenas pela demanda. Daí a mudança de preços relativos."
1`- Nao acredite piamente nos dados que voce se depara sobre o setor de servicos. Ele esta muito mal mensurado. Inclusive, o principal argumento para o PIB crescer tao pouco e para o mercado de trabalho estar tao bem se deve a uma mensuracao do setor de servicos.
2`- A produtividade no setor de servicos cresce mais rapidamente do que a produtividade no setor manufatureiro? Da pra mostrar isto por favor?
3`- Tudo bem, isso inviabiliza o argumento do Baumol, mas apenas em parte. O que permanece eh o fato de que a inflacao se deve a uma menor capacidade do custo medio se reduzir mediante elevacoes de salario nominal e baixo crescimento de produtividade no setor de servicos.
4`- Isso influencia de fato, voce tem razao. Mas o principal eh que a produtividade nao cresce tanto no setor de servicos, o que nao permite diluicao dos custos que so fazem se elevar no pais mediante politica de recomposicao do poder de compra do salario minimo.
Att,
MJ
Alex,
Você tem defendido, em linhas imprecisas, que o fator emprego estaria próximo ao pleno, de forma que não haveria possibilidades de crescimento. Isso se entendi direito.
Isso significa que todo o estimulo dado via política fiscal ou monetária seria dirigido aos preços?
Isso significaria que no curto prazo não haveria nada a fazer para aumentar o crescimento?
O fim da situação de pleno emprego se daria pelo aumento a dificuldades do governo em manter a pressão de demanda?
Enfim, criada a tese, gostaria de conhecer as "cenas do próximo capitulo". O que esperar do cenário que você caracterizou?
Abraços
PS: Vocé é um excelente economista, mas merece respeito mesmo é pela meticulosidade com que trata o tema, o permanente esforço de análise. Parabéns pelo exemplo.
Alex, vc se esqueceu de comentar sobre os impactos na inflacao da politica salarial do governo. Uma elevacao dos salarios nominais acima da prudutividade gera pressao de reajuste de precos pelas firmas. As q sao de setor tradable nao podem repassar e aquelas q pertencem ao nontradable repassam, caso dos servicos, como vc bem colocou. Isso significa q a inflacao dos servicos seria superior sem necessidade de q houvesse pressao de demanda, nao eh?
Já viram a nova pérola?
http://www.cartacapital.com.br/economia/economistas-da-unicamp-lancam-manifesto-em-prol-do-welfare-state/
"`- Nao acredite piamente nos dados que voce se depara sobre o setor de servicos. Ele esta muito mal mensurado. Inclusive, o principal argumento para o PIB crescer tao pouco e para o mercado de trabalho estar tao bem se deve a uma mensuracao do setor de servicos."
Eu não acredito piamente, mas, como você disse, o risco de estarmos subestimando o PIB de serviços é maior do que estarmos o superestimando. Nesse caso a produtividade do setor de serviços seria ainda maior do que estou afirmando.
"Da pra mostrar isto por favor?"
Dá. Obviamente não consigo colocar os gráficos aqui, mas a tendência de crescimento de produtividade no setor de serviços tem rodado na casa de 1,5% ao ano, enquanto no setor industrial o crescimento tem sido da ordem de 1% ao ano (com um alerta importante: por restrição dos dados, em particular da PME, o setor industrial neste cálculo engloba indústria extrativa, transformação e distribuição de eletricidade, gás e água – o popular SIUP)
"O que permanece eh o fato de que a inflacao se deve a uma menor capacidade do custo medio se reduzir mediante elevacoes de salario nominal e baixo crescimento de produtividade no setor de servicos."
Ou seja: é o deslocamento da demanda ao longo da curva de custo marginal, o que caracteriza a inflação "de demanda"
" Mas o principal eh que a produtividade nao cresce tanto no setor de servicos, o que nao permite diluicao dos custos que so fazem se elevar no pais mediante politica de recomposicao do poder de compra do salario minimo."
a) O ponto principal é que os salários sobem mais que a produtividade (portanto o CUT sobe);
b) Quem disse que os salários sobem por conta do aumento do SM? Até há pouco, pelo menos, o consenso do pessoal de trabalho era que o SM não era relevante para a formação dos salários de mercado (pode ter mudado, mas eu não vi ninguém ainda mostrar um estudo a respeito).
Como o salário médio de admissão no setor de serviços anda na casa de R$ 1100 (segundo o CAGED, $ 1082,77), quase o dobro do mínimo, ainda me parece difícil que o SM tenha relevância, mas, como disse, alguém pode me mostrar o contrário.
O salario medio dos servicos eh totalmente irrelevante para se saber se o salario minimo afeta ou nao essa media. Inclusive eh muito estranho se pensar q nao afeta. Provavelmente as domesticas q trabalham nas casas de muitos q postam nesse blog nao receberiam o q recebem nao fosse pela elevacao do salario minimo. O mesmo serve para garcons e muitas outras profissoes. As vezes eh razoavel ter bom senso ao inves de ficar se utilizando modelos macro hiper simplificados em q o mercado de trabalho funciona em concorrencia perfeita e o mercado eh a unica influencia relevante nos ajustes salariais
"Provavelmente as domesticas q trabalham nas casas de muitos q postam nesse blog nao receberiam o q recebem nao fosse pela elevacao do salario minimo."
Não sei o que você paga, mas na minha casa, há muito que o salário das empregadas é bem maior que o mínimo e não é reajustado pelo SM.
E, na boa, se você acha que serviço é garçom e empregada doméstica, está no hora de sair deste mundinho e procurar entender o que está ocorrendo. Sugiro, aliás, que comece com um modelo bem simples, porque é claro que, intelectualmente falando, você não consegue lidar com nada mais complexo.
PE, na boa, se você acha que serviço é garçom e empregada doméstica, está no hora de sair deste mundinho e procurar entender o que está ocorrendoarece q vc nao sabe o q sao exemplos, alex
Sera q a sua domestica teria o salario q tem, caso o minimo fosse 100 reais, ou nao houvesse minimo?
"vc nao sabe o q sao exemplos, alex"
Ah, então me ilumine…
"Sera q a sua domestica teria o salario q tem, caso o minimo fosse 100 reais, ou nao houvesse minimo?"
Provavelmente sim. O custo de oportunidade dela não é o SM
A pergunta é: existem profissoes nas quais o salário mínimo se constitui efetivamente em custo de oportunidade de seus profissionais? Caso positivo, o salário mínimo influencia o salário médio da economia e, consequentemente, o custo marginal. Ou seja, se constitui em choque de oferta. Além disso, setores mais intensivos nesse tipo de profissional, verão seus custos se elevando mais. Se for non-tradable os preços aumentam. E vão faze-lo de forma mais significativa q no restante da economia. Serviços têm em média essa característica.
Nao em SP, mas em alguns lugares minimo seguramente é "binding", eleva custos, repassados no caso de nao-comercializáveis para preços e comendo alguma margem e expulsando os produtores mais ineficientes no setor de comercializáveis.
E aumenta demanda agregada por diferença de propensão marginal a consumir do grupo que é taxado a mais para financiar a bagaça.
O BC brasileiro trabalha com o seguinte arcabouço:
min selic
s.a: inflação < 6,5%
O Economista X é o boçal do Roberto Gianetti!