CULTOS DA CARGA OU SHOPPING CENTER?

CATEDRAIS DO CONSUMISMO OU DE DIVERSÃO?

Por Meraldo Zisman

…Isso mesmo. Aqui, vamos aprender algumas formas de jogar bolinha de gude, uma brincadeira ainda tão popular entre as crianças nas periferias das cidades, como no interior. E como ainda são queridas da criançada, essas bolinhas, por lá! 

Fenômeno originário da ilhas do Pacífico Ocidental, comum na região da Melanésia e Nova Guiné. E, os habitantes dessas ilhas, quando expostos à cultura ocidental de consumo, acharam que as mercadorias eram algo produzido por divindades.

Viram os colonizadores e viram a construção de portos e pistas de pouso, por onde chegavam as mercadorias; então, passaram a construir imitações de portos e pistas de pouso, na crença que a carga de coisas boas, chegasse.

A razão por que conto esta história e que tanto impressionou os sociólogos do século passado é que não é necessário viajar aos mares do sul ou procurar a importância deste evento, para entender o culto ao consumo das sociedades primitivas. Neste século, os hábitos, também, vão sendo afetados. Antes, o domingo era o dia dedicado à integração familiar, aos cultos religiosos e ao lazer no mundo cristão.

Hoje, tudo isso vai sendo substituído pelos passeios aos shoppings e, se você desejar brincar de bola de gude (bolica, berlinde, bila), não importa o nome, o fato é, que ela sobreviveu ao avanço do tempo e dos jogos eletrônicos.

Isso mesmo. Aqui, vamos aprender algumas formas de jogar bolinha de gude, uma brincadeira ainda tão popular entre as crianças nas periferias das cidades, como no interior. E como ainda são queridas da criançada, essas bolinhas, por lá! Na verdade, há diversas formas de jogar, mas, os objetivos não mudam muito. Com um impulso do polegar, atira-se uma bolinha, tentando atingir um alvo, marcado previamente (triângulo, buraco) etc…. ou, tomar as bolinhas dos adversários, acertando-as.

As modalidades com buracos, requerem chão de terra, mas, as em que se usa um desenho, como o círculo, podem, sem qualquer dificuldade, ser jogadas num chão de pedra ou cimento: basta desenhar com giz —https://feitoparamae.wordpress.com/artigos/a-crianca-aprende-brincando/. 

Se for verdade, que a criança aprende brincando, para que aconteça a brincadeira, a mesma não é um jogo, já que o jogo pressupõe igualdade.

Na maioria dos jogos, as crianças de hoje, os entendem como “os eletrônicos”, e brincam sozinhas. Melhor será, então, fazer como os primitivos nativos da Melanésia, dizer logo a verdade: os shopping centers são as catedrais do consumismo contemporâneo.

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Meraldo Zisman – Médico, psicoterapeuta. Foi um dos primeiros neonatologistas brasileiros. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha)