PTB e PDT negam o trabalhismo. Por Vivaldo Barbosa
… Isto já é sabido há muito, mas desperta para o que está vindo mais recente: o descaminho do PDT, o partido fundado pelo Brizola para abraçar as bandeiras do trabalhismo abandonadas pelo PTB…
Notícias entristecedoras da vida política nacional.
1 – O fim definitivo do PTB, o velho Partido Trabalhista Brasileiro, filho da revolução do 1930, criado por Getúlio Vargas. Não é novidade, claro, pois desde a redemocratização transformou-se em linha auxiliar do conservadorismo, do fisiologismo, da direita, evidenciado em seu apoio a Collor. Mas revive a tristeza. Agora, Roberto Jefferson escancarou e mudou seu programa para dar cobertura ao conservadorismo. Para receber Bolsonaro, dizem.
Isto já é sabido há muito, mas desperta para o que está vindo mais recente: o descaminho do PDT, o partido fundado pelo Brizola para abraçar as bandeiras do trabalhismo abandonadas pelo PTB.
2 – Parte da Bancada do PDT votou pela privatização da Eletrobras. Já havia votado antes pela reforma trabalhista, isto é, retirada de direitos dos trabalhadores, e pela reforma da Previdência Social, ruptura do sistema público de proteção social, questões fundadoras do trabalhismo no Brasil, juntamente com a criação das estatais estratégicas, reorganização do Estado nacional e a ideia do desenvolvimentismo, a capacidade do povo brasileiro superar o atraso. Além da prioridade na educação acrescentada por Brizola.
A Eletrobras reveste-se de caráter especial neste quadro. Foi concebida pelo segundo Governo Getúlio Vargas, na sua Assessoria Econômica, dirigida pelas grandes figuras de Rômulo de Almeida e Jesus Soares Pereira e enviada ao Congresso Nacional, com a ideia de que, para o Brasil se desenvolver e sobreviver como nação, tem de dominar suas fontes de energia. Petrobras e Eletrobras. O Governo Juscelino Kubitschek não conseguiu aprová-la devido a fortes pressões no Congresso, especialmente de fora, embora tenha se jogado na construção de importantes hidrelétricas, Furnas à frente. João Goulart consegui vencer no Congresso e implantou a Eletrobras. Os governos militares compreenderam o papel estratégico da Eletrobras e a expandiram.
Não haverá maior negação do trabalhismo do que votar pelas reformas trabalhista e da Previdência Social e pela privatização da Eletrobras. Parte da Bancada do PDT o fez. A direção do PDT deu cobertura. Justificou que era para não perder parte do Fundo Partidário. Infelizmente, muita gente na política gosta muito de dinheiro, acima dos princípios e valores.
3 – Assistimos, ainda, o PDT contratar marqueteiro a peso de ouro, com Fundo Partidário, e utilizar ampla rede social para Ciro Gomes atacar o Partido dos Trabalhadores e a maior liderança popular do país, Lula. Os ataques de Ciro são desfechados para tentar atingir e minar as forças populares e as políticas de esquerda. Servem ao conservadorismo no momento que vive grandes dificuldades: como enfrentar Lula. O PDT e Ciro atuam como linha auxiliar.
O Fundo Partidário não foi feito para isto: deve ser aplicado na formação dos quadros dos partidos e no estudo e desenvolvimento das suas doutrinas; no conhecimento do Brasil e da vida do povo brasileiro para formulação e aperfeiçoamento das suas propostas.
A cobertura aos Deputados que votam em desrespeito ao trabalhismo e os ataques às políticas de esquerda mostram o triste caminho que o PDT está seguindo. Aliás, outro dia, o ACM Neto. Presidente do DEM, o sucessor da ARENA, disse que o entrosamento com o PDT é muito grande, já estão juntos em muitos lugares e estarão juntos no ano que vem.
Triste de se ver.
Mas o trabalhismo resistirá.
Ninguém se surpreenda, mas já está visível que o povo brasileiro se prepara para dar o troco e consagrar, no ano que vem, a linha política que defende os seus direitos e interesses. Foi assim em 1950, com Getúlio, depois com as eleições de Juscelino e Jango e mais adiante com Lula e Dilma. Já está claro no horizonte que o povo brasileiro sabe quem mais defendeu seus direitos e quem mais abraçou o trabalhismo: Lula e o Partido dos Trabalhadores: nenhum Deputado votou pelas reformas trabalhista e da Previdência Social, nem pela privatização da Eletrobras.
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– VIVALDO BARBOSA – ex-deputado federal (PDT-RJ), Vivaldo Barbosa, ex-secretário de Justiça do governo Brizola. Advogado, com doutorado em Harvard, e professor universitário aposentado da UNIRIO.