A rainha pasmada e a economia nua
Ainda em minha encarnação
corporativa tive que entrevistar vários candidatos a uma posição nas diversas instituições
onde trabalhei. Uma pergunta se mostrou particularmente reveladora: qual o seu
maior defeito? Não era incomum que o entrevistado respondesse “perfeccionismo”,
senha para que fosse, claro, rejeitado: ou não fazia a menor ideia de seus
verdadeiros defeitos, ou estava simplesmente tentando enrolar o entrevistador.
corporativa tive que entrevistar vários candidatos a uma posição nas diversas instituições
onde trabalhei. Uma pergunta se mostrou particularmente reveladora: qual o seu
maior defeito? Não era incomum que o entrevistado respondesse “perfeccionismo”,
senha para que fosse, claro, rejeitado: ou não fazia a menor ideia de seus
verdadeiros defeitos, ou estava simplesmente tentando enrolar o entrevistador.
Tive a mesma sensação
ao ler trechos da entrevista da presidente em que, instada a reconhecer seus
erros, respondeu ter sido a “demora
em perceber que a situação era mais grave do que imaginávamos”. E segue
“ninguém imaginaria que o preço do petróleo cairia de US$ 105 (…) para US$ 43”.
Sobre o aumento do gasto público argumenta que só no fim do ano passado é que
teria percebido que a arrecadação caiu. Ou a presidente não faz a menor ideia dos
(muitos) erros que cometeu, ou está tentando nos enrolar. Talvez ambas as
alternativas.
ao ler trechos da entrevista da presidente em que, instada a reconhecer seus
erros, respondeu ter sido a “demora
em perceber que a situação era mais grave do que imaginávamos”. E segue
“ninguém imaginaria que o preço do petróleo cairia de US$ 105 (…) para US$ 43”.
Sobre o aumento do gasto público argumenta que só no fim do ano passado é que
teria percebido que a arrecadação caiu. Ou a presidente não faz a menor ideia dos
(muitos) erros que cometeu, ou está tentando nos enrolar. Talvez ambas as
alternativas.
Ela insiste na fantasia
da origem internacional da crise que vivemos, capturada na semana passada pelas
notícias de uma possível queda de 2% do PIB no segundo trimestre, do desemprego
a 7,5%, o mais alto registrado em julho desde 2009, e pela destruição de quase
900 mil empregos formais nos últimos 12 meses.
da origem internacional da crise que vivemos, capturada na semana passada pelas
notícias de uma possível queda de 2% do PIB no segundo trimestre, do desemprego
a 7,5%, o mais alto registrado em julho desde 2009, e pela destruição de quase
900 mil empregos formais nos últimos 12 meses.
Parece se esquecer do
que ocorreu no seu primeiro mandato, mas nada custa refrescar sua memória: o
PIB cresceu ao estonteante ritmo de 2% aa, levando à alucinante expansão de 1%
aa da renda per capita; a inflação, mesmo com controles de preços, superou 6%
aa; a dívida pública aumentou de 51% para 59% do PIB; por fim, o déficit
externo alcançou mais de US$ 100 bilhões (4,5% do PIB) no ano passado. Não há dúvida
que se trata de desempenho medíocre; em compensação, foi acompanhado de
desequilíbrios macroeconômicos severos…
que ocorreu no seu primeiro mandato, mas nada custa refrescar sua memória: o
PIB cresceu ao estonteante ritmo de 2% aa, levando à alucinante expansão de 1%
aa da renda per capita; a inflação, mesmo com controles de preços, superou 6%
aa; a dívida pública aumentou de 51% para 59% do PIB; por fim, o déficit
externo alcançou mais de US$ 100 bilhões (4,5% do PIB) no ano passado. Não há dúvida
que se trata de desempenho medíocre; em compensação, foi acompanhado de
desequilíbrios macroeconômicos severos…
Não se ponha a culpa no
resto do mundo. Entre 2011 e 2014 o PIB mundial cresceu 3,6% aa, marginalmente mais
que os 3,5% aa registrados nos quatro anos anteriores. No mesmo período os termos
de troca, a relação entre os preços das coisas que o Brasil exporta e as que
importa, foram 12% melhores do que o observado no segundo mandato do presidente
Lula, quando o país cresceu a 4,5% aa.
resto do mundo. Entre 2011 e 2014 o PIB mundial cresceu 3,6% aa, marginalmente mais
que os 3,5% aa registrados nos quatro anos anteriores. No mesmo período os termos
de troca, a relação entre os preços das coisas que o Brasil exporta e as que
importa, foram 12% melhores do que o observado no segundo mandato do presidente
Lula, quando o país cresceu a 4,5% aa.
As causas foram domésticas.
O erro da presidente não foi a demora em perceber que a situação internacional mudou,
mas sim ter sido incapaz de entender que a desaceleração da economia brasileira
depois de 2010 se deveu a restrições do lado da capacidade de produção, da falta
de mão de obra às carências de infraestrutura. Por conta disto tomou medidas para
estimular a demanda, que não apenas falharam em acelerar o crescimento, como
levaram aos desequilíbrios macroeconômicos acima listados.
O erro da presidente não foi a demora em perceber que a situação internacional mudou,
mas sim ter sido incapaz de entender que a desaceleração da economia brasileira
depois de 2010 se deveu a restrições do lado da capacidade de produção, da falta
de mão de obra às carências de infraestrutura. Por conta disto tomou medidas para
estimular a demanda, que não apenas falharam em acelerar o crescimento, como
levaram aos desequilíbrios macroeconômicos acima listados.
É por este motivo, não
pela pressão de “ideólogos
de inspiração neoliberal, com forte apoio no empresariado”, que foi
forçada a adotar a atual política econômica. A verdade é que não restou opção
ao governo que não fosse abjurar das práticas do período 2011-2014 e correr
para evitar o ainda pior.
pela pressão de “ideólogos
de inspiração neoliberal, com forte apoio no empresariado”, que foi
forçada a adotar a atual política econômica. A verdade é que não restou opção
ao governo que não fosse abjurar das práticas do período 2011-2014 e correr
para evitar o ainda pior.
Não é por outra razão
que a presidente, outrora orgulhosa condutora da política econômica heterodoxa,
é hoje forçada a se contentar com o papel de rainha da Inglaterra, tutelada em
seu labirinto, contando os dias para se livrar do fardo que a persegue.
que a presidente, outrora orgulhosa condutora da política econômica heterodoxa,
é hoje forçada a se contentar com o papel de rainha da Inglaterra, tutelada em
seu labirinto, contando os dias para se livrar do fardo que a persegue.
(Publicado 26/Ago/2015)
Levy X Gang dos Quatro ( Barbosa,Coutinho,Dilma,Mercadante)?
Alex,
É isso mesmo, o mínimo neste momento era assumir que errou muito na condução da política econômica.
Quando vejo essa atitude da "presidenta", lembro do meu sogro, para ele todos os árbitros de futebol são corruptos (alguns são mesmos) e nunca é problema de algum jogador medíocre.
Ótimo post, parabéns.
Alexandre, parabenizo-o pelos alertas dados, insistentemente, ao longo dos últimos anos sobre o mal direcionamento da Economia nacional.
Gostaria de saber onde estão os doutores, mestres e pós-doutores que defendiam a política econômica de Dilma, Mantega e companhia?
Alguns semestres atrás, comentei que 5 buscavam 7 e 7 buscavam 10.
Fico feliz de ter previsto inflação de 10% ao ano e triste pois, tendo apenas o ensino médio, bati vários economistas das mais renomadas universidades do país, que defendiam o modelo fracassado e aniquilador, ainda parcialmente vigente.
Permaneci "vendido" em Brasil, forçosamente, não por desejo. Preferiria, e muito, que a economia estivesse pujante rumo à diminuição da desigualdade social,…
A realidade é outra e milhões de pessoas perderão os empregos; deveriam se acampar defronte o Palácio do Planalto e das residências e universidades que abrigam os economistas que promovem e promoveram, talvez, a pior das crises dos últimos 25 anos.
Onde estão os desgraçados economistas que defendiam a desgraçada política econômica neste país? Jogam com o destino da nação, arruínam milhões de pessoas e depois, com a bunda suja, posam de mestres nas universidades, ministrando palestras e participando de simpósios. Uma hipocrisia imensa.
A nova matriz econômica é um embuste trágico, gestada sob o maléfico desejo de perpetuação no poder.
A passagem do Levy pelo ministério não foi um fracasso completo, afinal de contas o Bradesco botou pra dentro o HSBC.
Barbosão está mandando muito…a quermesse voltou!
E pensar que ficaste preocupado com um possível esvaziamento de assunto das tuas colunas com a saída do Mantega.
MF
Última vez que vi o Manteiga, ele estava sendo vaiado em um bom restaurante…
A Presidanta continua sem a mínima ideia do que fazer. O PT mentiu, chantageou e gastou os tubos para ganhar as eleições, por medo que, fora do poder as investigações da Polícia Federal prosperassem ainda mais… Prosperaram e ela não sabe para que lado correr.
Ela tentou trazer credibilidade para seu governo com o Levy, infelizmente o resto do seu partido não da o suporte necessário, e o barco está afundando, os dias do Levy contados. Rating etc. pro saco.
As investigações da Lava Jato estão chegando muito próximas ao centro do poder Petista… Para o bem do Brasil seria ótimo que ela renunciasse, mas acho difícil pois não podemos esquecer que essa mulher já foi terrorista, assaltava bancos junto com Zé Dirceu e Genoíno, agora assaltaram o Brasil. Cabe, portanto ao Congresso e Judiciário fazer a coisa certa, dentro da lei e da ordem, antes que venha algum aventureiro.
3 dos economistas que gestaram o desastre continuam escrevendo no jornal Valor : Belluzzo,Nakano e o Talentoso Delfim. Dá pra entender porque a Missão desse jornal é combater os juros altos.
O seu blog está passando vírus para algum computador ?
Alex, parabens pelo artigo!
Apenas uma coisa: voce analisa termos de troca em nivel, mas para discutir crescimento economico o correto é utilizar a variacao.
Se usarmos variacao, percebemos que os termos de troca estao em queda desde 2011 e isso teve influencia no crescimento do Brasil.
Há evidencia a respeito, embora a literatura sobre o tema nao seja vasta. Os keynesianos de quermesse tem aversao aos dados.
Forte abraço
Economista X
Entre a crise e o colapso Dilma escolheu evitar o colapso, ou ao menos postegar para o próximo presidente.
É a politica da terra arrasada que Sadan usou no Iraque, que o petê usou no RS e o mesmo partido vem usando na capital de SP.
No útlimo roda-viva, uma trupe de ortodoxos foi lá falar que a crise não é tão grave, que tem jeito. Pois discordo dos otimistas, o que se criou nestes anos é algo para se arrastar até o fim da década no mínimo, conforme os estudos dos econometristas, incluso vc Alex, a conclusão que se chega vendo aqueles números não pode ser diferente disto.