A pós-verdade vai acabar triunfando desse jeito
O presidente da República, ao classificar como acidente o massacre em penitenciária de Manaus, incorreu no mesmo erro que se tornou usual nos textos jornalísticos, usar palavras sem levar em consideração o contexto. Acidente é evento fortuito, lá ocorreu uma tragédia mais que anunciada, de nada adianta ele tentar se safar publicando uma lista de teóricos sinônimos, pois cada um deles deve ser usado na situação adequada. Os coleguinhas fazem a mesma coisa ao usar possuir a torto e a direito em vez de ter. Um exemplo facinho de entender: se eu compro um sobrado, possuirei (verbinho antipático!) um imóvel que TEM dois andares, ele não “possui” dois andares. Capisce?
Voltemeia se leem entrevistas com os tais dos especialistas criticando as isenções tributárias. O buraco, penso, é mais embaixo, o problema é que vão para os lugares errados, vão para os grandes, os pequenos que se lascam. E tem uma questão mais grave ainda, a população não recebe nada de volta dos escorchante impostos, não tem saúde, educação e segurança, a maior parte vai para a corrupção. A imprensa deveria cuidar disso dia após dia, mas se omite.
Nota-se, pelas imagens das TVs que aparecem ao fundo nas reportagens, que as autoridades pouco se incomodam com precisão gramatical, é um tal de Instituto Médico-Legal sem hífen, isso não é legal.
(CACALO KFOURI)
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