Brasil X Prêmio Nobel. (Duas historinhas). Por Meraldo Zisman
BRASIL X PRÊMIO NOBEL
(Duas historinhas)
Por Meraldo Zisman
…Esquecem os que assim pensam, que essas premiações não são uma questão de raça ou de nacionalidade mas sim de universidades, academias, centros de pesquisas. O trabalho é sério e não simples fazedores de diplomas em grosso de qualidade, pra lá, de duvidosa…
Presidente colombiano Juan Manuel Santos ganha Nobel da Paz 2016 e com esta notícia surge a pergunta requentada: “Quando é que o Brasil terá o seu Nobel? Tudo pode acontecer, mas com esta mentalidade será difícil”. Vamos as duas.
Primeira Historinha:
Há alguns anos li um artigo de um professor paulista cujo nome não me recordo que falava do estado da arte das “pesquisinhas” no Brasil. Apelidava ele de pesquisinha o exemplo:
— Um biólogo estudava o aprendizado e o comportamento das formigas. Ele pega uma formiguinha, coloca numa bandeja de experimentos e ordena:
— Formiguinha, anda – e a formiga anda.
— Arranca uma das patas da formiga e repete:
— Formiguinha anda e, mesmo capenga, a formiguinha anda.
— Vai então arrancando as patas do inseto uma a uma, até que, quando arranca as seis patas da formiga, repete:
— Formiguinha anda; e a formiga não se move.
— Conclusão: formigas sem pernas são surdas.
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Vamos continuar nos 7X1 no jogo contra a Alemanha ou Brasil 0 x Argentina 5 no caso Nobel é sempre as mesmas queixas…
Sei que, em qualquer atividade humana o que é necessário investir tempo, dedicação, trabalho, continuidade, determinação e criar um ambiente propicio para a alcançar metas. O que importa não é o país de nascimento do laureado mas, aonde foi realizada a pesquisa. Advirto que o Premio Nobel é apenas, midiaticamente, o mais importante. E como todo e qualquer atividade humana por mais honesta que seja comete lá seus enganos. No caso especifico do presidente colombiano acredito como sul-americano ser o mesmo, merecedor. Muito embora o da Paz, seja um dos mais importantes pela característica é ofertado em cerimônia separada e até em outro país (Noruega). Não é científico, nem de arte e sim do mais quem luta pelo escasso bem da humanidade: A paz.
Lembro que os Estados Unidos da América do Norte teriam para mostrar aos visitantes, se não fossem suas Universidades, os Grandes Cânions, as Catarata de Niágara, além da Quinta Avenida e as gigantescas esculturas, com mais de 18 metros de altura cada uma, no monte Rushmore – Dakota do Sul. Esquecem os que assim pensam, que essas premiações não são uma questão de raça ou de nacionalidade mas sim de universidades, academias, centros de pesquisas. O trabalho é sério e não simples fazedores de diplomas em grosso de qualidade, pra lá, de duvidosa. Creio, se algum dia, algum brasileiro: nativo, naturalizado ou quem aqui fez a sua descoberta ganhar o Nobel vão dizer por aí:
— Grande coisa este tal de prêmio Nobel até “fulaninho” ganhou um… Isto é o que se deve mudar primeiro antes de jogar dinheiro fora e ficar se lamentando.
E como havia prometido aí vai a segunda historinha envolvendo o láureo:
Trata-se de um fato ocorrido com o único psiquiatra ganhador de Nobel de Medicina, até hoje. O judeu austríaco que vive nos Estados Unidos, Eric Kandel, único vencedor do Prêmio Nobel de Medicina/Fisiologia — em 2000, por ter desvendado os mecanismos que permitem ao cérebro formar e armazenar memórias.
Foi convidado a ministrar uma palestra em Viena. Presentes a nata da intelectualidade. Quando de sua apresentação lhe agradeceram pelo fato de, como filho, retornar à Pátria. Ele então, ao tomar a palavra, disse algo mais ou menos assim: pois saibam que este filho, quando saiu da Pátria, saiu fugido em um trem, faminto, sem a ajuda de nenhum de vocês. Em seguida, sem mais delongas, deixou o recinto.
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Meraldo Zisman – Médico, psicoterapeuta. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).