O funil vai ficando mais estreito. Coluna Mário Marinho

O funil vai ficando mais estreito

Coluna Mário Marinho

Palmeiras e Flamengo vão se espremendo, quase que de mãos dadas, no estreito gargalo da reta final do Brasileirão.

O Palmeiras lidera com 60 pontos, seguido pelo Flamengo que tem 57.

Logo atrás deles, também espremido no gargalo, o Atlético com 53 pontos.

Os três entram em campo nesta noite.

O Palmeiras, de Gabriel Jesus, enfrenta o Cruzeiro que luta para escapar da vizinhança que ocupa a Zona do Rebaixamento.

O Flamengo pega o Fluminense, jogo que será disputado no estádio Raulino Oliveira, em Volta Redonda.

Já o Galo tem clássico mineiro contra o meu combalido América.

Ninguém tem vida fácil. Nem mesmo o Atlético que pega o meu América, firme lanterna do Brasileirão, pois se trata de um clássico. E clássico, como afirmou o então presidente do Corinthians, Vicente Matheus, “clássico é clássico e vice-versa”.

Nos próximos quatro jogos, o Palmeiras terá adversários que, por um motivo ou outro, serão difíceis.

O primeiro será o Figueirense que luta como um náufrago para sair da pegajosa Zona do Rebaixamento.

E, como se sabe, quem está naufragando se agarra até em jacaré.

Na 32ª rodada, o Sport que mora de parede-e-meia com o rebaixamento.

Na 33ª rodada, o adversário será o Santos que além de estar fazendo uma boa campanha, jogará na Vila que, mais do que nunca, se transformará num perigoso alçapão.

E na 34ª rodada enfrenta o Internacional na Allianz Parque, onde contará com o efetivo apoio de sua torcida, mas, por outro lado, pegará o Internacional ferido, mas não de morte, sofrendo na zona do Rebaixamento.

Neste exato momento, quinta-feira 13-10, estão ameaçados de cair para a segunda divisão o Internacional, o Figueirense, o Santa Cruz e o América – esses dois últimos têm apenas a chamada chance matemática. Respiram por aparelho.

O Flamengo, que pega o Fluminense hoje, terá como adversário na próxima rodada o bravo Internacional que faz das tripas o coração.

Na 32ª rodada o adversário será o Corinthians que ontem conseguiu vencer depois de seis rodadas (quatro delas sem marcar um gol sequer) e já possivelmente de novo técnico.

Na 33ª rodada o adversário será o Atlético que luta pelo título e mandará o jogo no Independência onde, canta a sua poderosa torcida, “Caiu no Horto está morto”.

Apenas como explicação, o Horto é o bairro onde fica o estádio Independência que hoje pertence ao meu América.

Na 34ª rodada, o adversário será o Botafogo que hoje está em 5º lugar e luta para permanecer entre os seis primeiros colocados e assegurar seu lugar na sonhada Libertadores da América.

Como se vê, não há moleza na dura vida dos líderes.

O Galo, por sua vez, Além do Ameriquinha (Vai, Coelho!), pega o Botafogo, fora de casa e concorrente direto. Depois, o ameaçado Figueirense; o Coritiba; o Santa Cruz e o São Paulo.COELHO DO America_MG

Fácil? Não, nem tanto.

Assim será o futuro próximo do Brasileirão para esses times.

Festa
Corintiana

Não, não estou me referindo à vitória, importante, 4 a 2, sobre o Santa Cruz, nessa quarta-feira.

Veja os gols:

https://youtu.be/-sz8jZvLl_k

Foi há 29 anos, numa noite de 13 de outubro de 1977, que o Corinthians quebrou longo, penoso e angustiante jejum de quase 23 anos sem conquistar o título paulista.

Foi uma noite memorável para os corintianos.

O adversário foi a Ponte Preta e o resultado foi 1 a 0, gol de Basílio.

Na manhã daquele dia, o técnico Osvaldo Brandão, logo após o café, chamou Basílio para passear pelo agradável Rancho Silvestre, hotel fazenda onde o Timão estava concentrado em Embu das Artes, cidade vizinha de São Paulo.

Falaram sobre o tempo, manhã linda, um pouco sobre religião (Brandão, carismático treinador, era espírita) e depois pararam à sombra de uma árvore. Brandão colocou as mãos sobre os ombros de Basílio, olhou firmemente em seus olhos e disse com sua voz grave:

– Essa noite eu tive um sonho. Sonhei que vencemos a Ponte por 1 a 0 e Você fez o gol. Quero que Você pense muito nisso, mas não diga nada a ninguém.

Foi um momento especial, de forte religiosidade, quase mágico.

Não deu outra: Basílio fez o gol aos 37 minutos do segundo tempo, um gol chorado, difícil e até hoje comemorado.

Por conta desse gol, que Você verá no link abaixo, Basílio ganhou o apelido de “Pé de Anjo”.

Anos depois, descobriu-se que Osvaldo Brandão, que aliava o disciplinador com o religioso, o paizão e o estrategista, havia tido a mesma conversa com outros 10 jogadores corintianos.

Velho Mestre, grande pessoa, que já não habita mais entre nós.

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FOTO SOFIA MARINHO

Mario Marinho É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, nas rádios 9 de Julho, Atual e Capital. Foi duas vezes presidente da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo). Também é escritor. Tem publicados Velórios Inusitados e O Padre e a Partilha, além de participação em livros do setor esportivo

 
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)

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