Espanha: PSOE esfacelado pressiona demissão de Sánchez. Por Celso Barata

PSOE esfacelado pressiona demissão de Sánchez

Por Celso Barata

“Barões” locais aproveitam para se afirmar e Felipe Gonzalez se disse “enganado e frustrado”

 Já se sabe o primeiro efeito das eleições do último fim de semana no País Basco e na Galícia, vencidas, respectivamente, pelo Partido Nacional Basco e pelo Partido Popular, atualmente no poder em Madri. Pablo Sánchez, primeiro secretário-geral de um partido eleito diretamente em primárias na Espanha, há pouco mais de dois anos, é a vítima da estrondosa derrota do Partido Socialista Operário Espanhol, que perdeu um recorde de 11 cadeiras e um total de 133.000 votos: 7 no País Basco e 4 na Galícia.

Sánchez foi encurralado por uma rebelião na executiva, com a demissão de nada menos que 17 membros, promovida pelos “barões” regionais do PSOE, que se opõem a seu plano de tentar formar um governo alternativo ao PP com o apoio da  frente Unidos Podemos e de partidos catalães. Ele também sofreu um ataque frontal do ex-primeiro-ministro Felipe Gonzalez, que se disse “enganado e frustrado” diante da negativa de Sánchez de apoiar, via abstenção,  a formação de um governo dos adversários conservadores do PP. Para ele, é dever dos políticos possibilitar que a Espanha tenha afinal algum governo, após nove meses de tentativas frustradas.

Susana Díaz, líder do PSOE da Andaluzia, já fala em candidatura

A todo-poderosa presidente do PSOE e líder da província da Andaluzia, (região onde o PSOE é mais forte e controla o governo), Susana Díaz, já não descarta  se apresentar: para ela, é óbvio que o PSOE tem “um problema, já que está perdendo eleições encadeadamente”. Para a maioria dos adversários, a executiva já está dissolvida, com a saída dos 17.

…Só na Galícia o PP aumentou mais de 15.000 votos e o presidente local, Alberto Núñez Feijóo, voltou a ter maioria absoluta e se cacifar como um possível futuro primeiro-ministro da Espanha.

Sánchez havia convocado para o próximo sábado uma reunião do Comitê Federal do PSOE para decidir se o partido fará novas eleições e fixar posição sobre permitir ou não que o PP forme um governo nacional. Ele prefere que o PSOE e Sánchez cheguem a um acordo com Podemos e com Ciudadanos para formar um governo só socialista ou de coalizão, depois de ter tentado isso no primeiro semestre do ano, sem nenhum sucesso. O maior problema é que Pablo Iglesias, do Podemos, e Alberto Rivera, do Ciudadanos, mantêm os mesmos vetos mútuos de então.

Na Galícia, os socialistas não conseguiram frear o avanço da nova coalizão de esquerda Em Marea, criada em novembro pelo Podemos, com mais outros pequenos partidos esquerdistas (Anova, Marea Atlântica, Compostela Aberta, Esquerda Unida da Galícia, Ferrol em Común, Ourense em Común, Encontro por uma Marea Galega, e mais 20 pequenas formações regionais): empataram no número de cadeiras (14), mas a nova formação teve uma vantagem de 16 mil votos em relação ao PSOE, que perdeu 4 das 18 cadeiras que tinha nas eleições de 2012.

No País Basco, sua situação é ainda pior: ficou em quarto lugar, com apenas 9 deputados regionais (7 a menos que em 2012). Além do PNV, em primeiro, ficaram em segundo e terceiro dois outros blocos de esquerda: o EH Bildu e o Podemos.

Enquanto isso, a direita comemora: para o Presidente do Governo nacional, o conservador e galego Mariano Rajoy, do PP, que foi duas vezes seguidas derrotado ao tentar formar um governo, essa derrota elimina uma candidatura de Sánchez a seu cargo. Rajoy tripudiou: “O PSOE teve o pior resultado de sua história na Galícia”. Só na Galícia o PP aumentou mais de 15.000 votos e o presidente local, Alberto Núñez Feijóo, voltou a ter maioria absoluta e se cacifar como um possível futuro primeiro-ministro da Espanha.

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celso barataCelso Barataé jornalista. Foi editor  de Política Internacional. Trabalhou e colabora com alguns dos mais importantes veículos nacionais.

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