O surpreendente balê dos zumbis. Coluna Carlos Brickmann

O surpreendente balê dos zumbis

Coluna Carlos Brickmann

Edição dos jornais de Quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Aécio teve 50 milhões de votos em 2014. Lula era o grande líder político, o presidente mais popular da História da República, com imensas perspectivas de voltar ao cargo em 2018. Dilma, a granda gerenta, estava pronta para mostrar o que era capaz de fazer no segundo mandato, livre da necessidade de buscar apoio partidário, já que não poderia disputar outras eleições. Serra, derrotado por um poste que ninguém sabia direito quem era, estava politicamente liquidado. Haddad, o tal poste, era mal avaliado, mas tinha certeza de que o eleitorado ainda o consideraria um grande prefeito – quem sabe candidato ao Governo paulista? O PMDB, grande mas sem estrelas, parecia feliz em cobrar caro seu apoio ao Governo – qualquer governo. E Michel Temer, o obscuro vice, contentar-se-ia em manter bons laços com os subcaciques do PMDB, conseguindo-lhes ainda mais cargos, e encaminhar-se-ia para a merecida aposentadoria política.

Nada deu certo – ou quase nada. Serra se articulou com Temer, tornou-se chanceler, tomou as medidas mais populares do novo Governo, o chega-pra-lá na Venezuela e demais bolivarianos, a busca de acordos proveitosos com parceiros mais confiáveis. E Michel Temer é o presidente da República – ou sê-lo-á, quando souber que em vez de aposentar-se chegou ao mais alto cargo do país, e quando tiver uma política de Governo.

Pois seu discurso na ONU foi tão sem substância que até Dilma poderia fazê-lo.

Do lado de fora

O discurso de Temer foi um jato dágua na Assembleia Geral: inodoro, insípido, incolor. Tão previsível que seu efeito mais notável ocorreu antes de ser pronunciado: os representantes de Equador, Costa Rica, Bolívia, Venezuela, Cuba e Nicarágua, o que restou de bolivarianismo depois que Brasil e Argentina mudaram de rumo, retiraram-se do plenário.

Não perderam nada. Em compensação, ninguém notou que tinham saído.

O jeito é aguardar

O fato é que, com as delações premiadas impelindo as investigações, ninguém sabe como será o amanhã. E as coisas já anunciadas que estão por vir devem tumultuar ainda mais a cena política: a aceitação da denúncia contra Lula pelo juiz federal Sérgio Moro, a delação premiada de Marcelo Odebrecht e de dezenas de executivos da empresa, o depoimento de Leo Pinheiro, ex-presidente da OAS, o depoimento de Mônica Moura, mulher do marqueteiro João Santana, no processo de cassação da chapa Dilma-Temer. Mônica deve depor depois de amanhã no TSE.

O que se sabe é que aqui pra frente tudo vai ser diferente. Pense nos três maiores partidos: PT, PMDB, PSDB. Quais seus candidatos viáveis (e ficha limpa) em 2018?

Bomba

De Leandro Mazzini (http://opiniaoenoticia.com.br/brasil/previa-da-reforma/), coluna Esplanada:  “O procurador do MP de São Paulo Augusto Rossini fez revelação bombástica no evento de segurança da informação ITSA Brasil, há dias, na capital. Disse que ‘gravações oficiais feitas em presídios de São Paulo captaram conversas de dois assessores de ministros de tribunais superiores em Brasília com seus irmãos que estão presos’.

“Rossini disse que não revelaria quem são estes ministros, por questão de sigilo de informação e investigações em andamento, mas o caso é conhecido de todos do Judiciário brasileiro, e demonstra o poder de influência do crime organizado”.

Agora é cobrar informações e exigir a divulgação dos nomes. Crime organizado é demais até para nossa política.

O cerco a Lula

O juiz federal Sérgio Moro aceitou a denúncia do Ministério Público contra o ex-presidente Lula, que assim passa à condição de réu. Na peça do MP, Lula é acusado de crimes com contatos da Petrobras e do recebimento de propina de R$ 3,7 milhões da OAS.   Sem foro privilegiado desde que deixou a Presidência, o Supremo mandou o inquérito sobre ele para a primeira instância. Lula lutou longamente para que seu caso ficasse no Supremo, chegando ao episódio do Bessias, em que foi nomeado ministro do Governo Dilma (mas, por ordem da Justiça, não pôde tomar posse). Como ministro, teria foro privilegiado e se livraria de Sérgio Moro.

A volta de Dilma

A ex-presidente, poucos dias depois de impichada, voltou à atividade política (mas, ao menos por enquanto, para candidatos do PCdoB, não do PT). A primeira a ter seu apoio foi Jandira Feghali, candidata à Prefeitura do Rio. Dilma elogiou Jandira por sua luta contra o impeachment. Na semana que vem, em Salvador, Dilma discursa em favor de Alice Portugal.

Forno ligado

Desta vez não passou, mas mostra que o pessoal está ligado. Tentaram passar na Câmara uma lei que torna crime o uso de Caixa 2. Assim, quem usou Caixa 2 antes da nova lei ficaria livre, porque ainda não era crime.

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