Falta vergonha e sensibilidade na vida pública. Na imprensa, falta cuidado
É impressionante a desonestidade dos políticos em relação ao assunto que for. Dizem que a reforma da Previdência Social é fundamental – até rima – mas pedem que propostas somente sejam apresentadas depois da eleições. A preocupação maior deles é com o próprio umbigo, dane-se o déficit, não querem se arriscar a perder votos por causa de medidas impopulares. Junte-se isso aos boatos espalhados pelos “honestos blogueiros independentes”, de que vão acabar com o décimo terceiro salário, o FGTS, as férias obrigatórias e temos o reino do Pinóquio instituído no país.
São lidos nos jornais textos em que se usam raciocínios tortos do mesmo tipo do “Temer não teve votos” tentando fazer crer que o fatiamento do impeachment é prova de que Dilma não cometeu crime e, por isso, não lhe foram tirados os direitos políticos. Falácia, o fatiamento não foi feito para ela, mas, sim, para livrar a cara de Renan Calheiros, Eduardo Cunha e parlamentares petistas que, mais dia, menos dia, serão condenados na Lava Jato e, assim, terão seus direitos preservados. Tudo conchavado pelo PMDB, PT, o advogado de Dilma, sob o beneplácito do presidente do STF. É golpe!
A especulação do momento para mostrar como a imprensa é golpista tem como tema estar escondendo ou dando pouca atenção a uma pretensa visita do papa ao país em 2017, viagem esta que teria sido cancelada – apesar de nunca agendada.
Afora que fazem uso da ignorância proposital de confundir incerta com cancelada. Uma rápida pesquisa no Google mostra 15 matérias, o quê, por si, desmonta a tese do não noticiamento. Claro que o Brasil 247, órgão totalmente “imparcial”, que recebia grana do governo anterior, “muito bem informado”, diz também que o papa criticou o “golpe” no Brasil, coisa que nunca fez.
Mas, claro, portais do tipo são ignorados quando são feitas críticas à parcialidade da imprensa. Tentam, também, adivinhar o teor da carta que o pontífice enviou para Dilma, dizendo que foi para apoiá-la. Ela teve o bom senso e a discrição de não divulgar o conteúdo.
(CACALO KFOURI)
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