Ressaca Olímpica. Coluna Mário Marinho

Ressaca Olímpica

Coluna Mário Marinho

Segunda-feira já um dia que normalmente traz algum tipo de ressaca. Junte-se a isso um manhã fria, chuvosa e de céu plúmbeo, como diria Alberto Helena Junior, veterano jornalista esportivo.

Temos aí um quadro tenebroso.

Como se não bastasse, acrescente à receita desta tal segunda-feira a total ausência de competições Olímpicas depois de quase três semanas de overdoses diárias que nos levaram à dependência.

É desta segunda-feira que eu estou falando.

Assisti à cerimônia de encerramento ontem até o seu final. Na verdade, acho que nem teve final. De repente, as imagens foram para o estúdio. O sério jornalista Renato Ribeiro, chefe de esportes da Globo, responsável por todo o planejamento da macro cobertura global, quase chegou às lágrimas ao falar do trabalho.

Seguiu-se o discurso galvânico entremeado de belas imagens.

Aí bate a saudade.

Saudade de boas competições, de gente bonita, de corpos sarados, de lágrimas e cenas emocionantes.

Foi um sucesso a Olimpíada do Rio de Janeiro que atravessou a fronteira dos limites dos braços estendidos do Cristo Redentor para se transformar na Olimpíada do Brasil.

O carioca mostrou um, até então desconhecido, poder de organização. Mostrou competência. As festas de abertura e encerramento foram sucesso total. Show de bola. Nem argentino consegue colocar defeito – exceção, claro, da Folha de São Paulo.

Como em toda competição, tivemos derrotas imprevistas e vitórias inimagináveis como, por exemplo, o salto com vara com o garoto Thiago Braz.

Vitória do futebol sobre a forte Alemanha para acabar com esse complexo de não ganhar ouro em futebol. Vitória onde o time todo jogou bem e Neymar se redimiu. Mas, caro Neymar, precisava aquele “vão ter que me engolir”?

Mas, tudo bem, jogue sempre assim que vamos engoli-lo com prazer.

 Jornalzinho azedo,

essa Folha de São Paulo

A Folha anda se notabilizando pelo mau humor de suas coberturas. Durante toda a cobertura da Olimpíada foi assim. No dia 5 de agosto trouxe esta manchete: “Brasil dá início à maior Olimpíada mergulhado na pior recessão”. Além de mau humorada, a manchete não informou nada de novo ao seu leitor.

Após a festa de abertura, a manchete foi esta: “Rio inaugura Olimpíada com festa grandiosa e vaias a Temer”. Deu o mesmo peso, o mesmo valor a duas coisas diferentes: a surpreendente e maravilhosa festa de abertura com a previsível e tímida vaia a Temer.

Para encerrar, a manchete desta segunda-feira, 22-08, : “Brasil celebra sucesso dos Jogos mas não bate marca”. Se o Brasil tivesse batido seis recordes mundiais, a manchete do jornal, com certeza, seria esta: “Brasil celebra sucesso dos Jogos mas só bate seis recordes mundiais”.

Por isso, a Folha virou piada na internet.

 Luciano do Valle

e Arthur Nuzman

Foi grandiosa e emocionante a medalha de ouro do vôlei brasileiro. Quando se fala em sucesso do vôlei, esses dois nomes devem ser lembrados.

Luciano do Valle saiu do conforto de narrador número um da Globo logo após a Copa do Mundo de 1982 para se lançar em perigosa aventura do empreendimento esportivo. Com José Francisco Leal, o Kiko, fundaram a PromoAção e se lançaram à luta.

Compraram horário na TV e começaram a transmitir jogos de vôlei. Naquelas primeiras transmissões, Luciano e Kiko carregavam placas de patrocinadores para os ginásios. Deram duro fisicamente e muita visibilidade ao nosso vôlei.

A PromoAção teve depois Maguila e o futebol Master com direito a Copa Pelé

Em 1989, trabalhei na II Copa Pelé de futebol máster no credenciamento e assessoria de Imprensa. Tive longos papos com Luciano do Valle, mas não me esqueço de um deles.

Mostrando sua visão empresarial, ele me disse: “Meu sonho é montar um canal de televisão para transmitir esporte 24 horas por dia”.

Ainda não tínhamos satélites como hoje e a internet ainda estava em laboratórios. Mas Luciano do Valle já enxergava lá na frente.

Três anos depois, 1992, eu trabalhava como Assessor de Marketing Esportivo da Nossa Caixa Nosso Banco que patrocinava muitos esportes, entre eles o vôlei feminino de Ribeirão Preto e o vôlei masculino de Suzano, cidades do interior de São Paulo.

O presidente da Confederação de vôlei era Carlos Arthur Nuzman.

Nuzman criou uma Comissão de Marketing da qual participavam os principais patrocinadores, entre eles, a Nossa Caixa.

Foram reuniões importantes que levaram a um grande aumento na visibilidade dos patrocinadores e, claro, maior satisfação e continuidade dos patrocínios. Criamos muitos eventos com essa finalidade e alguns patrocinadores que haviam saído retornaram.

Foi um trabalho muito importante do Nuzman.

O vôlei também deve muito a ele.

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FOTO SOFIA MARINHO

Mario Marinho É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, nas rádios 9 de Julho, Atual e Capital. Foi duas vezes presidente da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo). Também é escritor. Tem publicados Velórios Inusitados e O Padre e a Partilha, além de participação em livros do setor esportivo

A COLUNA MÁRIO MARINHO É PUBLICADA TODAS AS SEGUNDAS E QUINTAS AQUI NO CHUMBO GORDO.

(E SEMPRE QUE TIVER NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR. )

1 thought on “Ressaca Olímpica. Coluna Mário Marinho

  1. MMarinho. Nada a comentar. Aprendi muito e o Brasil também. Amigos próximos estiveram no Rio e voltaram impressionados positivamente. Que essa visão não se apague durante o tempo futuro e seja o “pontapé inicial” de nossa mais importante decisão.

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