Os pesos e as medidas. Por Josué Machado
OS PESOS E AS MEDIDAS
Por Josué Machado
A defesa de João Santana pode pedir que a Justiça aplique a ele a pena aplicada a Duda Mendonça pela mesma malfeitoria de milhões de dólares: vida boa na Bahia. É o que recomenda a santa Bíblia:
“Não carregueis convosco dois pesos, um pesado e o outro leve, nem tenhais à mão duas medidas, uma longa e uma curta.” (Deut.25;13).
Agora que o marqueteiro João Santana e Zwi Skornicki, o intermediário de pagamentos a ele no exterior, começaram a “cantar” para o juiz Sérgio Moro, surge a possibilidade de novas grandes emoções.
E renovam-se lembranças.
O marqueteiro Duda Mendonça estava enrolado como está agora João Santana por haver prestado a Luizinácio na primeira eleição o mesmo serviço feito por Santana ao PT três vezes depois dele: uma para a reeleição de Luizinácio e duas para as eleições de Dilma.
Tanto Duda quando Santana receberam no exterior bufunfa “não contabilizada” por puro recato da parte de pagantes e recebentes. Desvios de recursos da Petrobras intermediados por Zwi Skornicki (belo nome), cantaram eles a Moro.
Mas Duda se livrou da cana brava no processo do Mensalão no STF em 2006, beneficiado pelos espertos recursos juridicosos do habilíssimo e bem-paguíssimo advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay para os íntimos.
(Kakay é ótimo advogado, sim, e cantor nas horas vagas, principalmente em noites felizes do restaurante e centro político “Piantella”, do qual é alegre sócio-proprietário.)
Enfim, se for esperto, Santana recorrerá a Kakay, ou a alguém assim esperto e bem pago (com nossa bufunfa), capaz de percorrer as mesmas filigranosas sendas jurídicas que o tornarão livre. Desse modo, baiano airoso como Duda, talvez possa como Duda esvoaçar em breve na santa paz das cálidas Bahia e Miami.
Mas se Santana for condenado por Sérgio Moro, fica a dúvida:
-
dará o STF a Santana no recurso o mesmo tratamento dado a Mendonça, ou admitirá que se enganou um pouquinho em 2006 e reverá o caso Mendonçal? (Impossível, a menos que haja outras provas.)
-
ou procurará o STF pormenores tortuosos que tornariam diferentes os casos para justificar diferentes resultados?
Sabedeus.
De todo modo, será como sempre engraçado ver e ouvir de novo Gilmar Beiçola Mendes e Marcaurélio Pimpão Mello proclamarem verdades eternas sobre a natureza das coisas.
________________________________________________________